Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
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Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
Índigo escreveu:mjp escreveu:
Pecado é vestir outra pele que não a nossa,
É dizer a tudo que sim, quando se pensa que não.
Eu dentro da ORG no último ano "pequei" muito, porque andei a pensar não ..... e a dizer Sim!
Mas finalmente consegui dizer NÃO, e ser fiel a mim mesma!
Não interpretes, se me permites o conselho, ao pé da letra tudo o que lês...
Os prisioneiros, quando têm de fugir da cadeia, também se mascaram, para iludir os seguranças... mas isso não é hipocrisia... é uma arma!
mjp- Forista desativado
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Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
Não pense que o mundo acaba ali onde a vista alcança.
Quem não ouve a melodia, acha maluco quem dança.
Se você já me explicou, agora muda de assunto.
Hoje eu sei que mudar dói, mas não mudar dói muito...
Oswaldo Montenegro
Quem não ouve a melodia, acha maluco quem dança.
Se você já me explicou, agora muda de assunto.
Hoje eu sei que mudar dói, mas não mudar dói muito...
Oswaldo Montenegro
Vamos trabalhar juntos para manter neste fórum um ambiente limpo e amigável. Bons comentários!
Índigo- Colaborador
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Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
Procura de mim
No fundo de mim,
mil questões despontam.
O porquê de tudo isto?
Viveremos apenas um sonho?
Poderemos saber a verdade,
na utópica busca da lógica?
Um dia alguém disse: "Só sei que nada sei."
Palavras sinceras,
buscando a compreensão de um mundo
misterioso demais para ser entendido.
Olho para dentro de mim.
Como poderei entender eu o mundo,
quando eu próprio não me entendo?
TJ Curioso, in Delirius Matinais
No fundo de mim,
mil questões despontam.
O porquê de tudo isto?
Viveremos apenas um sonho?
Poderemos saber a verdade,
na utópica busca da lógica?
Um dia alguém disse: "Só sei que nada sei."
Palavras sinceras,
buscando a compreensão de um mundo
misterioso demais para ser entendido.
Olho para dentro de mim.
Como poderei entender eu o mundo,
quando eu próprio não me entendo?
TJ Curioso, in Delirius Matinais
"Não me calarei perante a perversidade de homens que se colocam como deuses entre os demais e que tentam silenciar aqueles que lhes fazem frente."
Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
Eu não tenho que medir esforços em provar nada a ninguém. Não preciso provar a minha força nem se sou capaz de suportar.Não preciso usar de desculpas, nem medir palavras para dizer o que penso.Eu preciso provar apenas a mim mesmo,de que não posso desistir,de que tenho forças para aguentar a pressão que é viver,que é lutar e persistir.Preciso provar para mim, que a minha alma tem grandeza, e que ...está pronta para suportar as melhores e piores experiências da vida,que sou capaz de admitir os meus erros,minhas falhas e minhas fraquezas, que as minhas virtudes realmente fazem diferença para mim,e que a pessoa que eu sou é fruto de tudo o que de fato acredito e escolho pra mim.Não preciso provar o quanto sou obstinado em buscar a minha felicidade, e o quanto vivo focado nos meus sonhos. Preciso apenas provar para mim mesmo, que sou um ser humano de valor,que faz a diferença para as pessoas e com a perspicácia necessária para crescer com sabedoria e serenidade,elementos tão essenciais para a alma.Não preciso provar pra ninguém a grandeza da minha alma Preciso provar apenas pra mim,que a minha humildade, simplicidade, respeito e o meu amor para com a vida e as pessoas é que me tornam grande. Não é o que os outros avaliam ou acham, mas sim o que acredito em mim que realmente conta e se torna importante!!
Desconhecido (ilustre desconhecido, atrevo-me eu a acrescentar. Pena que escreva malzinho! )
Desconhecido (ilustre desconhecido, atrevo-me eu a acrescentar. Pena que escreva malzinho! )
mjp- Forista desativado
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Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
Acredito que muitas TJ simpatizam com o socialismo/comunismo (que é a mesma coisa). À todos esses, segue um texto de Ludwig von Mises retirado do livro A Mentalidade Anticapitalista:
"Tinham no subconsciente", i.e., intelectuais de esquerda e todos que os apóiam "a noção exata de que o insucesso em atingir os desmesurados objetivos para os quais os impelia sua ambição era devido apenas às suas próprias deficiências. Sabiam muito bem que não eram suficientemente brilhantes ou diligentes. Mas lutaram para esconder sua inferioridade aos próprios olhos e aos de seus semelhantes e para achar um bode expiatório. Procuraram desculpas e tentaram convencer outras pessoas de que o motivo de sua falha não estava na própria inferioridade, mas sim na injustiça da organização econômica da sociedade. Declararam que, sob o capitalismo, a autorrealização somente é possível para uns poucos. “A liberdade numa sociedade laissez-faire só é atingida por quem possui riqueza ou a oportunidade de obtê-la.” Daí, concluíram, o estado deve interferir a fim de efetuar a “justiça social” — o que realmente queriam dizer era: a fim de presentear a mediocridade frustrada “de acordo com as suas necessidades”."
"Tinham no subconsciente", i.e., intelectuais de esquerda e todos que os apóiam "a noção exata de que o insucesso em atingir os desmesurados objetivos para os quais os impelia sua ambição era devido apenas às suas próprias deficiências. Sabiam muito bem que não eram suficientemente brilhantes ou diligentes. Mas lutaram para esconder sua inferioridade aos próprios olhos e aos de seus semelhantes e para achar um bode expiatório. Procuraram desculpas e tentaram convencer outras pessoas de que o motivo de sua falha não estava na própria inferioridade, mas sim na injustiça da organização econômica da sociedade. Declararam que, sob o capitalismo, a autorrealização somente é possível para uns poucos. “A liberdade numa sociedade laissez-faire só é atingida por quem possui riqueza ou a oportunidade de obtê-la.” Daí, concluíram, o estado deve interferir a fim de efetuar a “justiça social” — o que realmente queriam dizer era: a fim de presentear a mediocridade frustrada “de acordo com as suas necessidades”."
Staufenberg- Membros
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Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
Um passáro que voa, não é nada.
Um pássaro que voa, não é nada.
Voa alto e veloz, em vertiginosa subida em direcção ao sol.
Mas não voa mais alto, nem sob mais veloz, que os olhos...
De quem, contemplando tal vertignosa ascenção,
Lhe segue todos os movimentos.
Também quem ama, não ama mais que quem acha que não ama.
Porque quem ama, só ama o que sabe que ama,
E quem não ama, ama só o amor que não sente.
Nada há que se contemple...
Não há pássaros que voem livres...
E mesmo o sol, a luz e o amor, são tão reais como o nada.
Só a eternidade existe...
Só ela é! Fria e dura... em inacessível imensidão!
E nesse orgulho de ser eterna, desdenhosa, ri-se...
Do sol, do pássaro que voa e de quem o contempla,
Quer seja alguém que ama, ou não.
mjp
Um pássaro que voa, não é nada.
Voa alto e veloz, em vertiginosa subida em direcção ao sol.
Mas não voa mais alto, nem sob mais veloz, que os olhos...
De quem, contemplando tal vertignosa ascenção,
Lhe segue todos os movimentos.
Também quem ama, não ama mais que quem acha que não ama.
Porque quem ama, só ama o que sabe que ama,
E quem não ama, ama só o amor que não sente.
Nada há que se contemple...
Não há pássaros que voem livres...
E mesmo o sol, a luz e o amor, são tão reais como o nada.
Só a eternidade existe...
Só ela é! Fria e dura... em inacessível imensidão!
E nesse orgulho de ser eterna, desdenhosa, ri-se...
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Quer seja alguém que ama, ou não.
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mjp- Forista desativado
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Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
mjp escreveu:Um passáro que voa, não é nada.
Um pássaro que voa, não é nada.
Voa alto e veloz, em vertiginosa subida em direcção ao sol.
Mas não voa mais alto, nem sob mais veloz, que os olhos...
De quem, contemplando tal vertignosa ascenção,
Lhe segue todos os movimentos.
Também quem ama, não ama mais que quem acha que não ama.
Porque quem ama, só ama o que sabe que ama,
E quem não ama, ama só o amor que não sente.
Nada há que se contemple...
Não há pássaros que voem livres...
E mesmo o sol, a luz e o amor, são tão reais como o nada.
Só a eternidade existe...
Só ela é! Fria e dura... em inacessível imensidão!
E nesse orgulho de ser eterna, desdenhosa, ri-se...
Do sol, do pássaro que voa e de quem o contempla,
Quer seja alguém que ama, ou não.
mjp
mjp, és 1 poeta!!!
Parabéns!
Sara Mel
Sara Mel- Sócio APVIPRE
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Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
Temos poeta!
Grande abraço,
mjp
PS. Continua.
Grande abraço,
mjp
PS. Continua.
"Não me calarei perante a perversidade de homens que se colocam como deuses entre os demais e que tentam silenciar aqueles que lhes fazem frente."
Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
Parabéns mjp. Muito bonito. E é verdade!
"Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro. A real tragédia da vida são os adultos que têm medo da luz" . Platão
hocosi- Moderador
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Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
Senhores Ministros:
Tenho 86 anos, e modéstia à parte, sempre honrei o meu país pela forma como o representei em todos os palcos, portugueses e estrangeiros, sem pedir nada em troca senão respeito, consideração, abertura – sobretudo aos novos talentos -, e seriedade na forma como o Estado encara o meu papel como cidadão e como artista.
Vivi a guerra de 36/40 com o mesmo cinto com que todos os portugueses apertaram as ilhargas. Sofri a mordaça de um regime que durante 48 anos reprimiu tudo o que era cultura e liberdade de um povo para o qual sempre tive o maior orgulho em trabalhar. Sofri como todos, os condicionamentos da descolonização. Vivi o 25 de Abril com uma esperança renovada, e alegrei-me pela conquista do voto, como se isso fosse um epítome libertador.
Subi aos palcos centenas, senão milhares de vezes, da forma que melhor sei, porque para tal muito trabalhei.
Continuei a votar, a despeito das mentiras que os políticos utilizaram para me afastar do Teatro Nacional. Contudo, voltei a esse teatro pelo respeito que o meu público me merece, muito embora já coxo pelo desencanto das políticas culturais de todos os partidos, sem excepção, porque todos vós sois cúmplices da acrescida miséria com que se tem pintado o panorama cultural português.
Hoje, para o Fisco, deixei de ser Actor…e comigo, todos os meus colegas Actores e restantes Artistas destes país - colegas que muito prezo e gostava de poder defender.
Tudo isto ao fim de setenta anos de carreira! É fascinante.
Francamente, não sei para que servem as comendas, as medalhas e as Ordens, que de vez em quando me penduram ao peito?
Tenho 86 anos, volto a dizer, para que ninguém esqueça o meu direito a não ser incomodado pela raiva miudinha de um Ministério das Finanças, que insiste em afirmar, perante o silêncio do Primeiro-Ministro e os olhos baixos do Presidente da República, de que eu não sou actor, que não tenho direito aos benefícios fiscais, que estão consagrados na lei, e que o meu trabalho não pode ser considerado como propriedade intelectual.
Tenho pena de ter chegado a esta idade para assistir angustiado à rapina com que o fisco está a executar o músculo da cultura portuguesa. Estamos a reduzir tudo a zero... a zeros, dando cobertura a uma gigantesca transferência dos rendimentos de quem nada tem para os que têm cada vez mais.
É lamentável e vergonhoso que não haja um único político com honestidade suficiente para se demarcar desta estúpida cumplicidade entre a incompetência e a maldade de quem foi eleito com toda a boa vontade, para conscientemente delapidar a esperança e o arbítrio de quem, afinal de contas, já nem nas anedotas é o verdadeiro dono de Portugal: nós todos!
É infame que o Direito e a Jurisprudência Comunitárias sirvam só para sustentar pontualmente as mentiras e os joguinhos de poder dos responsáveis governamentais, cujo curriculum, até hoje, tem manifestamente dado pouca relevância ao contexto da evolução sociocultural do nosso povo. A cegueira dos senhores do poder afasta-me do voto, da confiança política, e mais grave ainda, da vontade de conviver com quem não me respeita e tem de mim a imagem de mais um velho, de alguém que se pode abusiva e irresponsavelmente tirar direitos e aumentar deveres.
É lamentável que o senhor Ministro das Finanças, não saiba o que são Direitos Conexos, e não queiram entender que um actor é sempre autor das suas interpretações – com diretos conexos, e que um intérprete e/ou executante não rege a vida dos outros por normas de Exel ou por ordens “superiores”, nem se esconde atrás de discursos catitas ou tiradas eleitoralistas para justificar o injustificável, institucionalizando o roubo, a falta de respeito como prática dos governos, de todos os governos, que, ao invés de procurarem a cumplicidade dos cidadãos, se servem da frieza tributária para fragilizar as esperanças e a honestidade de quem trabalha, de quem verdadeiramente trabalha.
Acima de tudo, Senhores Ministros, o que mais me agride, nem é o facto dos senhores prometerem resolver a coisa, e nada fazer, porque isso já é característica dos governos: o anunciar medidas e depois voltar atrás. Também não é o facto de pôr em dúvida a minha honestidade intelectual, embora isso me magoe de sobremaneira. É sobretudo o nojo pela forma como os seus serviços se dirigem aos contribuintes, tratando-nos como criminosos, ou potenciais delinquentes, sem olharem para trás, com uma arrogância autista que os leva a não verem que há um tempo para tudo, particularmente para serem educados com quem gera riqueza neste país, e naquilo que mais me toca em especial, que já é tempo de serem respeitadores da importância dos artistas, e que devem sê-lo sem medos e invejas desta nossa capacidade de combinar verdade cénica com artifício, que é no fundo esse nosso dom de criar, de ser co-autores, na forma, dos textos que representamos.
Permitam-me do alto dos meus 86 anos deixar-lhes um conselho: aproveitem e aprendam rapidamente, porque não tem muito tempo já. Aprendam que quando um povo se sacrifica pelo seu país, essa gente, é digna do maior respeito... porque quem não consegue respeitar, jamais será merecedor de respeito!
RUY DE CARVALHO
"Não me calarei perante a perversidade de homens que se colocam como deuses entre os demais e que tentam silenciar aqueles que lhes fazem frente."
Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
Um dos especialistas em direito deste fórum pode fazer um comentário ao texto anterior?
“Quem come do fruto do conhecimento é expulso de algum paraíso.” - Melanie Klein
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Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
Não há muito a comentar infelizmente!!!
É uma opinião de uma pessoa que se sente justificadamente lesada por mais uma medida idiota...
O Ruy de Carvalho tem razão na análise que faz da sua actividade como sendo de propriedade intelectual e como tal deveria continuar a ter benefícios fiscais... não sou fiscalista, mas entendo que é de senso comum que deve haver benefícios fiscais para a cultura e outros benefícios, porque um país sem cultura é um país amorfo.... e o que melhor beneficia quem está no poder é a ignorância de um povo e é por meio da cultura que essa ignorância é driblada!
Quanto ao que juridicamente pode ser feito talvez mais um pedido de inconstitucionalidade da medida ou uma acção no Tribunal administrativo e fiscal... mas é para cair em saco roto!
É uma opinião de uma pessoa que se sente justificadamente lesada por mais uma medida idiota...
O Ruy de Carvalho tem razão na análise que faz da sua actividade como sendo de propriedade intelectual e como tal deveria continuar a ter benefícios fiscais... não sou fiscalista, mas entendo que é de senso comum que deve haver benefícios fiscais para a cultura e outros benefícios, porque um país sem cultura é um país amorfo.... e o que melhor beneficia quem está no poder é a ignorância de um povo e é por meio da cultura que essa ignorância é driblada!
Quanto ao que juridicamente pode ser feito talvez mais um pedido de inconstitucionalidade da medida ou uma acção no Tribunal administrativo e fiscal... mas é para cair em saco roto!
Sara Mel
Sara Mel- Sócio APVIPRE
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Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
Um dia você aprende que deve obedecer. Um dia você aprende que não pode ter tudo o que quer, que gente que tem orgulho próprio é chato e que se deve ser solidário. Que você não deve confiar em ninguém, que deve 'fazer o bem sem olhar a quem', que, se for menino, não chora e que, se for menina, deve se preservar.
Você vê que a vida é só uma e que deve aproveitá-la. Você aprende que deve-se pensar duas vezes antes de tomar qualquer atitude. Você aprende que deve aprender com seus erros e aprende que raramente aprende com seus erros. Você aprende a se contradizer, você aprende a mudar de idéia, você aprende a se calar, você aprende a aceitar. Aprende que deve lutar pelos seus ideais. Aprende que deve sonhar e que deve ter os pés no chão.
Você percebe que quem imita os outros não tem personalidade e que quem é autêntico é esquisito e excluído. Você aprende que as pessoas podem ser muito cruéis. Que as pessoas podem dar tudo de si mesmas para ajudar. Você aprende que sentir ciúmes é ruim. Você aprende que quem não sente ciúmes é desleixado.
Aprende que não deve se preocupar muito com as coisas. Aprende que não deve deixar a vida correr solta. Que o maior tesouro são os amigos e que você perde os amigos. E ao perder, ainda jogam na sua cara que não era uma amizade verdadeira. Que os outros te julgam e que você não deve julgar ninguém. Que deve-se olhar além das aparências. Que as pessoas te julgam pelo que você aparenta. Que dinheiro importa. Que amor acaba. Que amor verdadeiro não acaba. Que não existe amor verdadeiro. Que dinheiro não trás felicidade.
Aprende que quanto mais você se esforça, mais insuficiente parece ser. E que não se deve desistir dos sonhos. Também, que se deve desistir de coisas que não se consegue depois de tentar muito. Aprende que a vida é curta. Aprende que você ainda tem a vida toda pela frente. Aprende que há burrices como preconceito e discriminação. Aprende que sente preconceito. Aprende que julga os outros e aprende que se deve aprender a tratar as pessoas igualmente. Aprende que as pessoas não são iguais. Aprende que as pessoas somos iguais. E que alguns são mais iguais que os outros.
Aprende que não pode errar e que não se acerta sempre.
Aprende que cantar faz bem. Aprende que pode-se ser altamente repreendido por cantar. Aprende que dançar é bom e que as pessoas podem te repreender por dançar. Aprende que as pessoas te magoam sem nem precisarem de um motivo. E que podem fazer comentários como se você não se importasse com aquilo.
Aprende que quando a pessoa é fora dos padrões ela se sente ofendida quando lhe falam isso. Aprende que as pessoas são fora dos padrões e fingem não se importar. Que fazer piadas é legal e que é melhor fazê-las do que manter a amizade. E que quem não aceita as piadas são tolos. Que a sinceridade é utópica e desnecessária. Que sinceridade é tudo. Que confiança se perde fácil.
Aprende que por mais que tente o contrário, um dia vai magoar alguém. Aprende que com conversas tudo se resolve. Aprende que tem gente que não sabe conversar e que nessas conversas, as palavras podem funcionar como armas.
Aprende que de repente as palavras podem significar nada, algo muito importante ou várias coisas. Aprende que alguns momentos são inúteis... e que outros, que parecem ser tão simples, mudam tudo.
No fim, você aprende que tudo o que você aprende chega a um belo resultado: aporia.
Mario Quintana
Você vê que a vida é só uma e que deve aproveitá-la. Você aprende que deve-se pensar duas vezes antes de tomar qualquer atitude. Você aprende que deve aprender com seus erros e aprende que raramente aprende com seus erros. Você aprende a se contradizer, você aprende a mudar de idéia, você aprende a se calar, você aprende a aceitar. Aprende que deve lutar pelos seus ideais. Aprende que deve sonhar e que deve ter os pés no chão.
Você percebe que quem imita os outros não tem personalidade e que quem é autêntico é esquisito e excluído. Você aprende que as pessoas podem ser muito cruéis. Que as pessoas podem dar tudo de si mesmas para ajudar. Você aprende que sentir ciúmes é ruim. Você aprende que quem não sente ciúmes é desleixado.
Aprende que não deve se preocupar muito com as coisas. Aprende que não deve deixar a vida correr solta. Que o maior tesouro são os amigos e que você perde os amigos. E ao perder, ainda jogam na sua cara que não era uma amizade verdadeira. Que os outros te julgam e que você não deve julgar ninguém. Que deve-se olhar além das aparências. Que as pessoas te julgam pelo que você aparenta. Que dinheiro importa. Que amor acaba. Que amor verdadeiro não acaba. Que não existe amor verdadeiro. Que dinheiro não trás felicidade.
Aprende que quanto mais você se esforça, mais insuficiente parece ser. E que não se deve desistir dos sonhos. Também, que se deve desistir de coisas que não se consegue depois de tentar muito. Aprende que a vida é curta. Aprende que você ainda tem a vida toda pela frente. Aprende que há burrices como preconceito e discriminação. Aprende que sente preconceito. Aprende que julga os outros e aprende que se deve aprender a tratar as pessoas igualmente. Aprende que as pessoas não são iguais. Aprende que as pessoas somos iguais. E que alguns são mais iguais que os outros.
Aprende que não pode errar e que não se acerta sempre.
Aprende que cantar faz bem. Aprende que pode-se ser altamente repreendido por cantar. Aprende que dançar é bom e que as pessoas podem te repreender por dançar. Aprende que as pessoas te magoam sem nem precisarem de um motivo. E que podem fazer comentários como se você não se importasse com aquilo.
Aprende que quando a pessoa é fora dos padrões ela se sente ofendida quando lhe falam isso. Aprende que as pessoas são fora dos padrões e fingem não se importar. Que fazer piadas é legal e que é melhor fazê-las do que manter a amizade. E que quem não aceita as piadas são tolos. Que a sinceridade é utópica e desnecessária. Que sinceridade é tudo. Que confiança se perde fácil.
Aprende que por mais que tente o contrário, um dia vai magoar alguém. Aprende que com conversas tudo se resolve. Aprende que tem gente que não sabe conversar e que nessas conversas, as palavras podem funcionar como armas.
Aprende que de repente as palavras podem significar nada, algo muito importante ou várias coisas. Aprende que alguns momentos são inúteis... e que outros, que parecem ser tão simples, mudam tudo.
No fim, você aprende que tudo o que você aprende chega a um belo resultado: aporia.
Mario Quintana
"Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro. A real tragédia da vida são os adultos que têm medo da luz" . Platão
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Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
hocosi escreveu:No fim, você aprende que tudo o que você aprende chega a um belo resultado: aporia.
Mario Quintana
Em Søren Kierkegaard, o filósofo, pai do existencialismo cristão... encontras uma resposta para o impasse da aporia... a única, a que sobrevive a um metódico processo de exclusão de partes.
Encontrada a resposta... é trabalhar nela... até à exaustão!
mjp- Forista desativado
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Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
mjp escreveu:Em Søren Kierkegaard, o filósofo, pai do existencialismo cristão... encontras uma resposta para o impasse da aporia... a única, a que sobrevive a um metódico processo de exclusão de partes.
Encontrada a resposta... é trabalhar nela... até à exaustão!
Aporia segundo a Wikipédia é:
A Aporia [Do gr. aporia, “caminho inexpugnável, sem saída”, “dificuldade”.] é definida como uma dificuldade, impasse, paradoxo, dúvida, incerteza ou momento de auto-contradição que impedem que o sentido de um texto ou de uma proposição seja determinado.
Ao estudo das aporias designa-se de aporética.
Conheces outro significado? Pf.
"Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro. A real tragédia da vida são os adultos que têm medo da luz" . Platão
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Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
hocosi escreveu:mjp escreveu:... encontras uma resposta para o impasse da aporia... a única, a que sobrevive a um metódico processo de exclusão de partes.
Encontrada a resposta... é trabalhar nela... até à exaustão!
Aporia segundo a Wikipédia é:A Aporia [Do gr. aporia, “caminho inexpugnável, sem saída”, “dificuldade”.] é definida como uma dificuldade, impasse, paradoxo, dúvida, incerteza ou momento de auto-contradição que impedem que o sentido de um texto ou de uma proposição seja determinado.
Ao estudo das aporias designa-se de aporética.
Conheces outro significado? Pf.
Não! é esse mesmo.
É essa questão que encontra resposta, lógica e racional em Kierkegaard. O existencialismo, é uma corrente filosófica materialista, que encontrou em Sartre, no séc XX, um desenvolvimento muito negativista... a prisão de nós é a prisão que não tem saída; estamos presos na existência e, ela em si, nada explica, tampouco se auto justifica. Li, entre outros do Sartre, um livro com o título "A náusea". O ensaio filosófico, em forma de romance, muitíssimo bem escrito, mais existencialista e negativista que eu conheço.
No entanto, já muito antes, Kierkegaard, no século XIX, havia encontrado uma saída para esse impasse... a aporia.
Acho que ainda fui a tempo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%B8ren_Kierkegaard
mjp- Forista desativado
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Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
Breve introdução à "A náusea".
De leitura angustiante!
http://www.mundodosfilosofos.com.br/analise-obra-a-nausea-jean-paul-sartre.htm
De leitura angustiante!
http://www.mundodosfilosofos.com.br/analise-obra-a-nausea-jean-paul-sartre.htm
mjp- Forista desativado
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Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
mjp escreveu:
Não! é esse mesmo.
É essa questão que encontra resposta, lógica e racional em Kierkegaard. O existencialismo, é uma corrente filosófica materialista, que encontrou em Sartre, no séc XX, um desenvolvimento muito negativista... a prisão de nós é a prisão que não tem saída; estamos presos na existência e, ela em si, nada explica, tampouco se auto justifica. Li, entre outros do Sartre, um livro com o título "A náusea". O ensaio filosófico, em forma de romance, muitíssimo bem escrito, mais existencialista e negativista que eu conheço.
Tão pobres que nós somos! Sós, desamparados e condenados!
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hocosi- Moderador
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Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
hocosi escreveu:
mjp escreveu:
Não! é esse mesmo.
É essa questão que encontra resposta, lógica e racional em Kierkegaard. O existencialismo, é uma corrente filosófica materialista, que encontrou em Sartre, no séc XX, um desenvolvimento muito negativista... a prisão de nós é a prisão que não tem saída; estamos presos na existência e, ela em si, nada explica, tampouco se auto justifica. Li, entre outros do Sartre, um livro com o título "A náusea". O ensaio filosófico, em forma de romance, muitíssimo bem escrito, mais existencialista e negativista que eu conheço.
Tão pobres que nós somos! Sós, desamparados e condenados!
Estás um verdadeiro existêncialista!
Depois conversamos melhor... ao almoço!
É que já toca o hino e vai jogar o Benfica!
Abraço.
mjp
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Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
A Inutilidade de Guerras e Revoluções
As guerras e as revoluções - há sempre uma ou outra em curso - chegam, na leitura dos seus efeitos, a causar não horror mas tédio. Não é a crueldade de todos aqueles mortos e feridos, o sacrifício de todos os que morrem batendo-se, ou são mortos sem que se batam, que pesa duramente na alma: é a estupidez que sacrifica vidas e haveres a qualquer coisa inevitavelmente inútil.
Todos os ideais e todas as ambições são um desvairo de comadres homens. Não há império que valha que por ele se parta uma boneca de criança. Não há ideal que mereça o sacrifício de um comboio de lata. Que império é útil ou que ideal profícuo?
Tudo é humanidade, e a humanidade é sempre a mesma - variável mas inaperfeiçoável, oscilante mas improgressiva. Perante o curso inimplorável das coisas, a vida que tivemos sem saber como e perderemos sem saber quando, o jogo de mil xadrezes que é a vida em comum e luta, o tédio de contemplar sem utilidade o que se não realiza nunca - que pode fazer o sábio senão pedir o repouso, o não ter que pensar em viver, pois basta ter que viver, um pouco de lugar ao sol e ao ar e ao menos o sonho de que há paz do lado de lá dos montes.
Fernando Pessoa, in "Livro do Desassossego"
As guerras e as revoluções - há sempre uma ou outra em curso - chegam, na leitura dos seus efeitos, a causar não horror mas tédio. Não é a crueldade de todos aqueles mortos e feridos, o sacrifício de todos os que morrem batendo-se, ou são mortos sem que se batam, que pesa duramente na alma: é a estupidez que sacrifica vidas e haveres a qualquer coisa inevitavelmente inútil.
Todos os ideais e todas as ambições são um desvairo de comadres homens. Não há império que valha que por ele se parta uma boneca de criança. Não há ideal que mereça o sacrifício de um comboio de lata. Que império é útil ou que ideal profícuo?
Tudo é humanidade, e a humanidade é sempre a mesma - variável mas inaperfeiçoável, oscilante mas improgressiva. Perante o curso inimplorável das coisas, a vida que tivemos sem saber como e perderemos sem saber quando, o jogo de mil xadrezes que é a vida em comum e luta, o tédio de contemplar sem utilidade o que se não realiza nunca - que pode fazer o sábio senão pedir o repouso, o não ter que pensar em viver, pois basta ter que viver, um pouco de lugar ao sol e ao ar e ao menos o sonho de que há paz do lado de lá dos montes.
Fernando Pessoa, in "Livro do Desassossego"
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Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
“Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E para mais me espantar
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.”
―Camões
“E sou já do que fui tão diferente
Que, quando por meu nome alguém me chama,
Pasmo, quando conheço
Que ainda comigo mesmo me pareço.”
―Camões
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Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
Aqui na orla da praia, mudo e contente do mar,
Sem nada já que me atraia, nem nada que desejar,
Farei um sonho, terei meu dia, fecharei a vida,
E nunca terei agonia, pois dormirei de seguida.
A vida é como uma sombra que passa por sobre um rio
Ou como um passo na alfombra de um quarto que jaz vazio;
O amor é um sono que chega para o pouco ser que se é;
A glória concede e nega; não tem verdades a fé.
Por isso na orla morena da praia calada e só,
Tenho a alma feita pequena, livre de mágoa e de dó;
Sonho sem quase já ser, perco sem nunca ter tido,
E comecei a morrer muito antes de ter vivido.
Dêem-me, onde aqui jazo, só uma brisa que passe,
Não quero nada do acaso, senão a brisa na face;
Dêem-me um vago amor de quanto nunca terei,
Não quero gozo nem dor, não quero vida nem lei.
Só, no silêncio cercado pelo som brusco do mar,
Quero dormir sossegado, sem nada que desejar,
Quero dormir na distância de um ser que nunca foi seu,
Tocado do ar sem fragrância da brisa de qualquer céu.
Fernando Pessoa ( quem mais ?)
Sem nada já que me atraia, nem nada que desejar,
Farei um sonho, terei meu dia, fecharei a vida,
E nunca terei agonia, pois dormirei de seguida.
A vida é como uma sombra que passa por sobre um rio
Ou como um passo na alfombra de um quarto que jaz vazio;
O amor é um sono que chega para o pouco ser que se é;
A glória concede e nega; não tem verdades a fé.
Por isso na orla morena da praia calada e só,
Tenho a alma feita pequena, livre de mágoa e de dó;
Sonho sem quase já ser, perco sem nunca ter tido,
E comecei a morrer muito antes de ter vivido.
Dêem-me, onde aqui jazo, só uma brisa que passe,
Não quero nada do acaso, senão a brisa na face;
Dêem-me um vago amor de quanto nunca terei,
Não quero gozo nem dor, não quero vida nem lei.
Só, no silêncio cercado pelo som brusco do mar,
Quero dormir sossegado, sem nada que desejar,
Quero dormir na distância de um ser que nunca foi seu,
Tocado do ar sem fragrância da brisa de qualquer céu.
Fernando Pessoa ( quem mais ?)
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Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
Não venhas sentar-te à minha frente, nem a meu lado;
Não venhas falar, nem sorrir.
Estou cansado de tudo, estou cansado
E quero só dormir.
Dormir até acordado, sonhando
Ou até sem sonhar,
Mas envolto num vago abandono brando
A não ter que pensar.
Nunca soube querer, nunca soube sentir, até
Pensar não foi certo em mim.
Deitei fora entre ortigas o que era a minha fé,
Escrevi numa página em branco, «Fim».
As princesas incógnitas ficaram desconhecidas,
Os tronos prometidos não tiveram carpinteiro
Acumulei em mim um milhão difuso de vidas,
Mas nunca encontrei parceiro.
Por isso, se vieres, não te sentes a meu lado, nem fales,
Só quero dormir, uma morte que seja
Uma coisa que me não rale nem com que tu te rales —
Que ninguém deseja nem não deseja.
Pus o meu Deus no prego. Embrulhei em papel pardo
As esperanças e ambições que tive,
E hoje sou apenas um suicídio tardo,
Um desejo de dormir que ainda vive.
Mas dormir a valer, sem dignificação nenhuma,
Como um barco abandonado,
Que naufraga sozinho entre as trevas e a bruma
Sem se lhe saber o passado.
E o comandante do navio que segue deveras
Entrevê na distância do mar
O fim do último representante das galeras,
Que não sabia nadar.
Fenando Pessoa
Não venhas falar, nem sorrir.
Estou cansado de tudo, estou cansado
E quero só dormir.
Dormir até acordado, sonhando
Ou até sem sonhar,
Mas envolto num vago abandono brando
A não ter que pensar.
Nunca soube querer, nunca soube sentir, até
Pensar não foi certo em mim.
Deitei fora entre ortigas o que era a minha fé,
Escrevi numa página em branco, «Fim».
As princesas incógnitas ficaram desconhecidas,
Os tronos prometidos não tiveram carpinteiro
Acumulei em mim um milhão difuso de vidas,
Mas nunca encontrei parceiro.
Por isso, se vieres, não te sentes a meu lado, nem fales,
Só quero dormir, uma morte que seja
Uma coisa que me não rale nem com que tu te rales —
Que ninguém deseja nem não deseja.
Pus o meu Deus no prego. Embrulhei em papel pardo
As esperanças e ambições que tive,
E hoje sou apenas um suicídio tardo,
Um desejo de dormir que ainda vive.
Mas dormir a valer, sem dignificação nenhuma,
Como um barco abandonado,
Que naufraga sozinho entre as trevas e a bruma
Sem se lhe saber o passado.
E o comandante do navio que segue deveras
Entrevê na distância do mar
O fim do último representante das galeras,
Que não sabia nadar.
Fenando Pessoa
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Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
Na sombra da derradeira esperança.
Na sombra da derradeira esperança,
Um sol há luminoso, que se nega iluminar.
Maldito sol que te esvais, em irónica contradança!
Brilhas… mas só porque te mandaram brilhar!…
Ah! Mandaram, agora!… sabes lá tu, o que é obediência!
Se até eu, da humanidade, só quero mesmo é ser banido!
Em lugar, onde só tu, Morte, te tornas toda a ciência!
E em ti, encontrar-me, perdido, qual deserto, lá longe… esquecido!
Depois tombar… exauto, abandonado…
Que eu quero morrer sem nenhuns laços…
Morrer só, por estar cansado…
O que eu quero já, é ser nada!
Embala-me, Morte, em teus braços…
Para que enfim,em ti repouse, minha amada!...
mjp
Na sombra da derradeira esperança,
Um sol há luminoso, que se nega iluminar.
Maldito sol que te esvais, em irónica contradança!
Brilhas… mas só porque te mandaram brilhar!…
Ah! Mandaram, agora!… sabes lá tu, o que é obediência!
Se até eu, da humanidade, só quero mesmo é ser banido!
Em lugar, onde só tu, Morte, te tornas toda a ciência!
E em ti, encontrar-me, perdido, qual deserto, lá longe… esquecido!
Depois tombar… exauto, abandonado…
Que eu quero morrer sem nenhuns laços…
Morrer só, por estar cansado…
O que eu quero já, é ser nada!
Embala-me, Morte, em teus braços…
Para que enfim,em ti repouse, minha amada!...
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Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
mjp escreveu:Na sombra da derradeira esperança.
Na sombra da derradeira esperança,
Um sol há luminoso, que se nega iluminar.
Maldito sol que te esvais, em irónica contradança!
Brilhas… mas só porque te mandaram brilhar!…
Ah! Mandaram, agora!… sabes lá tu, o que é obediência!
Se até eu, da humanidade, só quero mesmo é ser banido!
Em lugar, onde só tu, Morte, te tornas toda a ciência!
E em ti, encontrar-me, perdido, qual deserto, lá longe… esquecido!
Depois tombar… exauto, abandonado…
Que eu quero morrer sem nenhuns laços…
Morrer só, por estar cansado…
O que eu quero já, é ser nada!
Embala-me, Morte, em teus braços…
Para que enfim,em ti repouse, minha amada!...
mjp
Caro mjp, estás deprimido?
"Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro. A real tragédia da vida são os adultos que têm medo da luz" . Platão
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