Existem realmente 2 esperanças para os cristãos - Terra e Céu?

Este é um tema doutrinal, muito importante e central na vida de uma Testemunha de Jeová. Desde 1931, a Organização Torre de Vigia, através do seu 2º presidente, J. F. Rutherford, tem anunciado aos sete ventos, que os cristãos estão divididos em 2 classes:

- Ungidos: apenas estes são ungidos com espírito de Deus para a vida no céu (144.000)
- Grande multidão: o vasto número de sobreviventes à grande tribulação e Armagedom, descritos em Revelação, e que segundo a doutrina jeovista têm a esperança de habitar a Terra restaurada.

Esta doutrina é singular em vários aspectos, quando comparada com a maioria das denominações cristãs que ensinam que TODOS os cristãos têm esperança celestial.

Devido à formatação exercida pela religião, muitos dos que abandonam as fileiras da Torre de Vigia, permanecem na crença que existem realmente 2 classes de cristãos, com esperanças distintas.

Será que este ensino tem apoio bíblico?

Será que os textos usados em apoio das 2 classes, quando analizados no seu contexto e em relação aos ensinos de Cristo e seus discípulos do 1º século, revelam tal apoio doutrinal?

Esperamos os vossos comentários sobre tema, sem dúvida polémico e sensível para muitos.

Este é um dos temas mais apaixonantes da teologia jeovista.
É importante que se diga que não são os únicos a estabelecerem uma divisão no lugar para os "salvos". Outras seitas também ensinam que alguns irão viver para o céu e outros ficarão na terra após o Armagedão, sendo no entanto singulares no que toca às variantes, conforme ironizado pelo mjp em outro tópico.

Já gora só um reparo ao comentário do TJC, foi desde 1935 e não 1931 que a doutrina da grande multidão com esperança terrena ganhou substância.

As Escrituras discutem em detalhes a velha promessa divina para os judeus e a nova promessa divina para os cristãos. Mas não faz menção de nenhum terceiro arranjo para reunir uma "grande multidão" com uma esperança terrena depois de 1935.

Os versículos citados pelas TJ em Apocalipse realmente colocam a "grande multidão" como "diante do trono e diante do cordeiro" (7:9, TNM), e "em seu templo" (7:15, TNM) - todos lugares celestiais, e não na terra, como a Sociedade Torre de Vigia ensina.

De fato, a referência a "uma grande multidão"... clamando em voz alta: devemos a salvação ao nosso Deus..." (7:9,10) é muito semelhante ao teor da outra única menção à "grande multidão" na Tradução do Novo Mundo do livro de Apocalipse. Está no capítulo 19, onde o convite para "dar louvores ao nosso Deus, todos vós os seus escravos, os que o temeis, os pequenos e os grandes" é respondido por "a voz de uma grande multidão" (19:5,6). Ainda as Escrituras dizem especificamente que "uma voz alta de uma grande multidão no céu" (v. 1, Tradução do Novo Mundo).

Investigando a Torre escreveu:
Já gora só um reparo ao comentário do TJC, foi desde 1935 e não 1931 que a doutrina da grande multidão com esperança terrena ganhou substância.

Obrigado pelo reparo IT!

Como o TJ Curioso já referiu as bases para a posição de duas esperanças uma celestial outra terrestre é espúria em relação ao NT.
Mas a ideia de um Paraíso tal como é concebido pela Torre, também o é!
Jesus falou ao seus discípulos que eles seriam reis para julgar as tribos de Israel, o que de alguma forma deixaria antever uma continuidade das coisas, ou seja existiria sempre uma nação israelita.
Tudo o resto é uma construção da Torre, que amplia a ideia de um Israel fora dos limites da nação de Israel para o aplicar um 'Israel de deus' entendido como o inteiro corpo de ungidos. Mas repito isso é uma construção argumentativa, não está lá nas páginas da Bíblia.

Filino Rupro escreveu:Como o TJ Curioso já referiu as bases para a posição de duas esperanças uma celestial outra terrestre é espúria em relação ao NT.
Mas a ideia de um Paraíso tal como é concebido pela Torre, também o é!
J

É certo que abundam textos no Antigo testamento sobre uma terra paradisíaca, no novo testamento são mais escassos, mas como entendes 2 Pedro3:13 e Mat. 5:5; 6:9, 10 e o famoso Rev.2:1-5?

Filino Rupro escreveu:
Jesus falou ao seus discípulos que eles seriam reis para julgar as tribos de Israel, o que de alguma forma deixaria antever uma continuidade das coisas, ou seja existiria sempre uma nação israelita.
Tudo o resto é uma construção da Torre, que amplia a ideia de um Israel fora dos limites da nação de Israel para o aplicar um 'Israel de deus' entendido como o inteiro corpo de ungidos. Mas repito isso é uma construção argumentativa, não está lá nas páginas da Bíblia.

Crês que ainda existe? Onde está este Israel hoje?

IR escreveu:Crês que ainda existe? Onde está este Israel hoje?

Israel encontra-se disperso, já Judá encontra-se mais ou menos no mesmo lugar de sempre, salvo pequenos períodos de exílio.

IT

IR escreveu:

Filino Rupro escreveu:Como o TJ Curioso já referiu as bases para a posição de duas esperanças uma celestial outra terrestre é espúria em relação ao NT.
Mas a ideia de um Paraíso tal como é concebido pela Torre, também o é!
J

É certo que abundam textos no Antigo testamento sobre uma terra paradisíaca, no novo testamento são mais escassos, mas como entendes 2 Pedro3:13 e Mat. 5:5; 6:9, 10 e o famoso Rev.2:1-5?

Rev 21

Faço a mesma pergunta. E o que diz o NT? Anula-se tudo ou são só simbolismos?
Doutrinas jeovístas à parte...
E eu não tenho opinião, limito-me a ler o que lá está escrito.

Com respeito a este assunto, cheguei a algumas conclusões pessoais sobre a questão das esperanças.

Acredito que de facto, a Terra continuará a ser habitada por humanos após o dia em que Deus eliminar a iniquidade da face da terra.

Não acredito obviamente que só as TJ serão salvas, mas todos aqueles que estiverem exercendo fé no sacrifício de Seu filho Jesus (João 3:16).

Entendo também que é possível que uma "vasta mistura de gente", conforme ocorreu na libertação de Israel do Egito possa também ser salva nesse dia, devido à misericórdia de Deus e Jesus e que permanecerão aqui na terra.

Depois, existem todos os milhões e milhões de ressuscitados que a habitarão e viverão debaixo do arranjo do reino milenar de Cristo.

Nestes poderão-se incluir, os justos e os injustos. Respectivamente, aqueles que viveram antes de Cristo e que foram servos fiéis de Deus e seus adoradores, bem como todos aqueles que nunca tiveram oportunidade de conhecer a Deus, a Cristo ou não chegaram a converter-se à fé cristã.

Este número é muito maior do que todos os cristãos que serão elevados à condição de criaturas espirituais no céu, junto de Jesus e conforme a sua promessa.

É certo que abundam textos no Antigo testamento sobre uma terra paradisíaca, no novo testamento são mais escassos, mas como entendes 2 Pedro3:13 e Mat. 5:5; 6:9, 10 e o famoso Rev.2:1-5?

Todos esses textos podem ser vistos à luz da expectativa de uma nação de Israel restaurada ou seja a famosa expectativa dos discípulos:
(Atos 1:6) 6 Tendo-se eles então reunido, perguntavam-lhe: “Senhor, é neste tempo que restabeleces o reino a Israel?”

Não é necessário entender esses textos como se referindo a um Paraíso na Terra, tal como a Torre nos ensinou.
Por exemplo em Mateus 5:5 fala em herdar a terra. Isso era muito importante para um israelita, mas não implicava que ele não morresse por exemplo. Apenas assegurava que a terra dele permaneceria com a sua descendência, o que não acontecia naquela altura e já tinha sido impedido em outras, nomeadamente durante o exílio babilônico.
Em Mateus 6:9, 10 não há nada que nos permita pensar num Paraíso, mas apenas no restabelecimento do reino de Israel. Friso ademais que o que está a ocorrer agora connosco na Terra, ocorre por vontade de Deus. Quando a vontade Dele quiser, Ele trará outras condições. Contudo um israelita na altura perceberia que a 'vontade' que faltava realizar na terra, era o restabelecimento do reino de Israel!
Também no caso de 2 Ped 3:13 é a própria organização que nos diz que 'céus' representa governos e 'terra' a sociedade humana. Assim sendo um israelita daquela época teria a leitura de que os 'céus' romanos, seriam substituídos e uma nova sociedade judaica, mais justa emergiria.
Finalmente Revelação 21:1-5, é um pouco mais difícil de 'desmontar'. Mas todos os textos apocalípticos o são, porque carregados de simbolismos. A única dificuldade é saber contextualizar a expressão do versículo 4. mas talvez possa ser entendido à luz do versículo 5, como sendo o simbolismo de uma profunda renovação.

TJ Curioso escreveu:Com respeito a este assunto, cheguei a algumas conclusões pessoais sobre a questão das esperanças.

Acredito que de facto, a Terra continuará a ser habitada por humanos após o dia em que Deus eliminar a iniquidade da face da terra.

Explica lá melhor este teu conceito e em que se baseia verdadeiramente.

IT

Quando TJ tive um dialogo com um adventista do 7 dia na pregação,onde ele dizia que Deus iria resgatar os justos da terra para o ceu.
Depois da terra ser limpa os justos seriam trazidos de novo para a terra onde podiam viver para sempre.

Conclusão mais um raciocinio ainda mais confuso do que o das Tj.

E eu há anos falei com um Mormom dentro do salão do reino em que ele me disse que as pessoas após a morte serão ressuscitadas em corpo físico para viver noutros mundos, mas esses corpos não tinham sangue. Perguntei-lhe então o que irão ter nas veias? Oleo de travões de automóvel? Enfim! Cada cabeça cada sentença.

Não acham que as coisas deveriam ser mais simples? Porque temos que andar ao sabor dos iluminados deste mundo convictos de eles é têm a verdadeira interpretação das verdades? Se existe um Deus que se importa connosco, porque as coisas não estão "preto no branco".

Porque temos que andar à procura daquilo que nos parece mais atraente? Porquê andamos todos ainda sem saber nada? Uns sentem-se fascinados com a reencarnação. Outros acham que o futuro será através de uma ressurreição. Outros acham que vão para o céu, outros que vão para o inferno.

Porque é assim há milénios? E o que é mais caricato é que a Bíblia serve a todos para apoiar as suas firmes acersões.

Investigando a Torre escreveu:

TJ Curioso escreveu:Com respeito a este assunto, cheguei a algumas conclusões pessoais sobre a questão das esperanças.

Acredito que de facto, a Terra continuará a ser habitada por humanos após o dia em que Deus eliminar a iniquidade da face da terra.

Explica lá melhor este teu conceito e em que se baseia verdadeiramente.

IT

IT, lendo a Bíblia como um todo e principalmente, todos os textos messiânicos que apontam para uma vida pacífica e debaixo das bençãos do Rei-Messias neste planeta, não é dificil chegar a essa conclusão.

Aliás, desde o começo os primitivos cristãos acreditavam na restauração da terra, do paraíso perdido, assim como os judeus (a maioria dos cristãos no início eram judeus ou convertidos aos judaísmo).

Embora existam profecias que apontem para a restauração da nação de Israel como nação, ainda assim, desde o início a abrangência dessa restauração não se limitava apenas à nação de Israel. Referia-se a todo o planeta criado por Deus.

Filino Rupro escreveu:


Finalmente Revelação 21:1-5, é um pouco mais difícil de 'desmontar'. Mas todos os textos apocalípticos o são, porque carregados de simbolismos. A única dificuldade é saber contextualizar a expressão do versículo 4. mas talvez possa ser entendido à luz do versículo 5, como sendo o simbolismo de uma profunda renovação.

Filino,
Obrigada pela tua explanação.
Continuo a pensar na hipótese da vida aqui na terra. Afinal para que Deus a fez?Para nos aperfeiçoarmos?Isaías 45:18,19

TJ Curioso escreveu:
Embora existam profecias que apontem para a restauração da nação de Israel como nação, ainda assim, desde o início a abrangência dessa restauração não se limitava apenas à nação de Israel. Referia-se a todo o planeta criado por Deus.

É necessária identificação, "marca na testa"? É necessária uma organização para tal ajuntamento? De que fonte/orientações bebe esse Israel?

IR

limitei-me a um exercício básico, que é o de ler os textos como os contemporâneos a quem foram transmitidos os entenderiam.
Não procuro estabelecer nenhuma doutrina ou defender alguma.

Já repararam que temos sempre um Deus por interposta pessoa? Nunca uma revelação direta, mas antes alguém que iluminado nos revela um Deus!

Acho que o amigo hocosi colocou as coisas com a devida pertinência. Se Deus tem alguma coisa a dizer-nos porque não o diz claramente?

IR escreveu:

TJ Curioso escreveu:
Embora existam profecias que apontem para a restauração da nação de Israel como nação, ainda assim, desde o início a abrangência dessa restauração não se limitava apenas à nação de Israel. Referia-se a todo o planeta criado por Deus.

É necessária identificação, "marca na testa"? É necessária uma organização para tal ajuntamento? De que fonte/orientações bebe esse Israel?

IR, o que Jesus nos veio revelar é que a reconciliação com seu Pai e a promessa de uma vida futura, depende de se acreditar em Jesus como o Salvador e Resgatador. Não é necessária outra entidade para nos garantir o selo de aprovação de Deus.

Quando me referia à restauração da nação de Israel, conforme o que o Filino escreveu, tinha a ver com o regresso dos cativos de Babilónia à sua terra natal, mais propriamente a Jerusalém como símbolo do reino de Israel.

Acho que o Escravo fiel e discreto é somente uma parábola que visava motivar os cristãos a pregar. Está no singular, logo, a mensagem é individual porque o objectivo é dzer que todos somos escravos que devemos dar fruto.

Portanto, não me parece que seja adequado (ou sequer decente) aplicar o Escravo (1 pessoa) a um grupo de homens.

Investigando a Torre escreveu:Este é um dos temas mais apaixonantes da teologia jeovista.
(...)
As Escrituras discutem em detalhes a velha promessa divina para os judeus e a nova promessa divina para os cristãos. Mas não faz menção de nenhum terceiro arranjo para reunir uma "grande multidão" com uma esperança terrena depois de 1935.

Os versículos citados pelas TJ em Apocalipse realmente colocam a "grande multidão" como "diante do trono e diante do cordeiro" (7:9, TNM), e "em seu templo" (7:15, TNM) - todos lugares celestiais, e não na terra, como a Sociedade Torre de Vigia ensina.
(...)

Adorei esta resposta.

Esta era uma das questões que mais me incomodava da doutrina TJ.
É preciso muita arrogância para achar que a sua interpretação ÚNICA das escritas é A correta. "Arrogante" é um adjetivo que resume bem esse grupo...

Eu escrevi um texto com o título "A HERANÇA DOS SANTOS É CELESTIAL, TERRENA OU AS DUAS COISAS?"  "Clique aqui para ler o texto completo"

apesar de fazer muitos anos que não pego uma Bíblia para ler, mas gostei do entendimento citado por TJC, após minha dissociação da ordem jeovista, eu nunca senti-me como eles costumam descrever num 'estado mental reprovado além de esperança de salvaçao'ao contrário, sinto-me em paz e quando penso em Deus sem a rotulação jeovista, mas em como a minha mente livre concebe, um Deus Real, Justo e Acessivel, que não me intimida com seu poder esmagador, mas que me comove por sua Grandeza e bondade.

Não acham que é presunção dos cristãos acharem que só eles irão pro céu?

Para onde vamos, ninguém sabe ao certo. Mesmo a palavra "céu" precisa de definição. Por exemplo Jeová vive no "céu", mas este "céu" não tem nada a ver com o comum céu dos mortais.
Por isso, para onde vamos após a morte, é mais do que aberto a discussão.
Se é presunção ou não ir para o "céu" eu não sei. Acho que a presunção começa logo, por alguém achar que sabe alguma coisa sobre o post-mortem!

Temos também de assumir enquanto hipótese, que a nossa existência, não tenha qualquer sentido e estejamos aqui por um sádico acaso!

Índigo escreveu:Não acham que é presunção dos cristãos acharem que só eles irão pro céu?

Quais são os cristãos que acham que só eles é que vão para o céu? Olha que há muita teologia cristã - maioritariamente católica já que o pensamento da exclusividade salvífica é de inspiração protestante (agora e desde sempre) - que provavelmente não conheces, pois podes ficar agoniada só em pensar nela, que não vê, nem assume, nem compreende como lógica essa tese que parece ser a única que conheces... por exclusiva responsabilidade da STV!

Depois, claro, lá vêm todos os que não distinguem porque não sabem e não sabem porque já conceberam preconceitos que acham que não têm, colocar tudo no mesmo saco e ofender os cristãos por os considerarem presunçosos. Bem, em boa e transparente verdade não ofendem... provocam é um profundo sentimento de pena a respeito daqueles que os julgam de forma tão ignorante, injusta e preconceitosa, sendo esses precisamente os que se dizem e arvoram em paladinos da tolerância e amantes da liberdade; deles e da dos outros... sem preconceitos e em plena harmonia!