Sabemos a verdade a respeito da "Verdade". Ficar para quê?

Apesar de eu já me ter querido dissociar, achei que ainda não valia a pena fazê-lo na esperança de que os meus familiares TJ mantivessem uma relação normal comigo e com os da minha casa; no entanto, a verdade é que ao cabo de muitos meses, não só todos os meus amigos da congregação deixaram de se associar comigo, como a minha família só fala comigo para "tratar de assuntos familiares inevitáveis". Ou seja, não estando desassociada ou repreendida já sou tratada como tal. Pergunto-me: se detesto esta organização, se não me restam amigos, e nem a minha família se associa comigo, por quê continuar a  ser uma TJ, ainda que só de nome?

JaFuiTJ

Aproveito para juntar um vídeo finlandês (legendas em inglês) sobre a experiência que os desassociados têm quando a família e amigos lhes viram as costas.



EdenOne

Caros EdenOne e JaFuiTJ, na verdade é muito difícil para alguém opinar sobre as decisões que outra pessoa deve tomar, especialmente quando sabemos o que está envolvido no que diz respeito à ostracização que estará sujeito aquele que decide abandonar a religião.

Por um lado pesa a consciência da pessoa que se sente um hipócrita tendo que levar uma pesada vida dupla que corrói e tolhe as suas atividades, sempre com medo dos anciãos e dos outros membros da congregação. Por outro lado estar privado da convivência com aqueles que são nossa família que amamos, também não é fácil.

Eu, depois de muitos anos de dissociado já me acostumei e para mim o mais importante é estar de bem com minha esposa e filha. Os outros se não querem ou não podem falar comigo estou-me nas tintas. Isto para não falar dos meus antigos companheiros na seita. Não tenho nenhuma saudade deles. Apesar de não duvidar da sua sinceridade, sei que estão mentalmente embotados e incapazes de perceber o engano em que caíram.

Por outro lado penso também que como dizia o José Saramago: "Nós somos manipulados enganados desde que nascemos!"
Fomos enganados e manipulados por esta religião. Milhões são enganados e manipulados pelas outras. Afinal as religiões são produto da inventividade humana.

Nós como seres gregários que somos não podemos viver isolados. Necessitamos de pertencer a algum grupo, de sentir que somos queridos e apreciados. Mas também fazer parte de um grupo com o qual já não nos identificamos não é muito saudável.

Desculpem se estou  divagar. Já é quase meia noite e está na hora de dormir que amanhã é dia de trabalho.

hocosi escreveu:Eu, depois de muitos anos de dissociado já me acostumei e para mim o mais importante é estar de bem com minha esposa e filha. Os outros se não querem ou não podem falar comigo estou-me nas tintas. Isto para não falar dos meus antigos companheiros na seita. Não tenho nenhuma saudade deles. Apesar de não duvidar da sua sinceridade, sei que estão mentalmente embotados e incapazes de perceber o engano em que caíram.

Estas palavras servem-me como uma luva; não sinto saudades do meus antigos companheiros de crença. Quanto ao meu lado da família que é TJ activa, são muito poucos, embora próximos. Se decidirem romper de vez comigo, que é o mais certo, estou mentalmente preparada para isso. Espero como tu acostumar-me.
Sei que não sou eu que estou a cortar a relação com as pessoas. A decisão é delas, apesar de a Organização as ensinar a atirar as culpas para os que saem. Para nós o mais importante também é estarmos bem com o nosso filho.

JaFuiTJ

hocosi escreveu:Caros EdenOne e JaFuiTJ, na verdade é muito difícil para alguém opinar sobre as decisões que outra pessoa deve tomar, especialmente quando sabemos o que está envolvido no que diz respeito à ostracização que estará sujeito aquele que decide abandonar a religião.

Concordo completamente com essa postura, eu também acho que nestes assuntos a pessoa deve tomar a decisão que acha melhor para o seu caso sem ser alvo de críticas.
Como todos sabemos dentro das TJ há diferentes tipos de "fanatismo", no entanto, como legalistas que são praticamente todas as TJ, a designação "desassociado oficial" pesa muito no tratamento. Eu sei que no caso da minha família, esse pormenor seria o suficiente para decidirem se me recebiam em casa deles ou não.
Infelizmente, parece que ainda tens uma família mais radical do que a minha e aparentemente não há distinção em se estas desassociada ou não, no entanto, no futuro pode ser que o facto dessa porta de comunicação não estar ainda completamente fechada, seja importante para tratar de algum assunto e minimizar essa ostracização.

SenorRodriguezG escreveu:

hocosi escreveu:Caros EdenOne e JaFuiTJ, na verdade é muito difícil para alguém opinar sobre as decisões que outra pessoa deve tomar, especialmente quando sabemos o que está envolvido no que diz respeito à ostracização que estará sujeito aquele que decide abandonar a religião.

Concordo completamente com essa postura, eu também acho que nestes assuntos a pessoa deve tomar a decisão que acha melhor para o seu caso sem ser alvo de críticas.
Como todos sabemos dentro das TJ há diferentes tipos de "fanatismo", no entanto, como legalistas que são praticamente todas as TJ, a designação "desassociado oficial" pesa muito no tratamento. Eu sei que no caso da minha família, esse pormenor seria o suficiente para decidirem se me recebiam em casa deles ou não.
Infelizmente, parece que ainda tens uma família mais radical do que a minha e aparentemente não há distinção em se estas desassociada ou não, no entanto, no futuro pode ser que o facto dessa porta de comunicação não estar ainda completamente fechada, seja importante para tratar de algum assunto e minimizar essa ostracização.

É exactamente isto. Apesar de tudo há uma diferença entre ser desassociado e estar afastado.E tens de pensar nisso. Ser desssociada o corte está la.A pessoa sente-se um " paria" Mas como tudo, tem seu lado bom.Nos primeiros tempos senti uma liberdade tão agradavel. Mas não estou arrependida costumo pensar devia ter tomado a decisao ha mais tempo apesar do peso que se carrega por ser um desassociado.

Eu como mudei de cidade não me custou tanto! Habituei me a lidar com a minha família TJ, agora tudo é normal! Sou feliz por ter saído e ainda bem que já o fiz há mais de 7 anos!