EX-TESTEMUNHAS DE JEOVÁ
Seja muito Bem-vindo!

Regista-te aqui e descobre a verdade sobre a "verdade"

Lê as regras e respeita-as

Alguma duvida a Adm/Mod está pronta a ajudar.



"Quando aceitamos tudo o que a Organização diz sem verificar, mostramos confiança na Organização. Mas, se mantivermos um espírito atento e examinarmos 'quanto a se estas coisas são realmente assim' (Atos 17:11), então, mostramos zelo para com Jeová. Para quem você mostra zelo?"

Participe do fórum, é rápido e fácil

EX-TESTEMUNHAS DE JEOVÁ
Seja muito Bem-vindo!

Regista-te aqui e descobre a verdade sobre a "verdade"

Lê as regras e respeita-as

Alguma duvida a Adm/Mod está pronta a ajudar.



"Quando aceitamos tudo o que a Organização diz sem verificar, mostramos confiança na Organização. Mas, se mantivermos um espírito atento e examinarmos 'quanto a se estas coisas são realmente assim' (Atos 17:11), então, mostramos zelo para com Jeová. Para quem você mostra zelo?"
EX-TESTEMUNHAS DE JEOVÁ
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

“Ninguém quer falar sobre perder um filho”

Ver o tópico anterior Ver o tópico seguinte Ir para baixo

“Ninguém quer falar sobre perder um filho” Empty “Ninguém quer falar sobre perder um filho”

Mensagem por António Madaleno Ter Jan 13 2015, 23:14

“NINGUÉM QUER FALAR SOBRE PERDER UM FILHO” por Irina Gomes


“Ninguém quer falar sobre perder um filho” Irina




Escrever este texto não é fácil porque quero conseguir falar em nome de todas as mães que conheço que perderam um filho. Porque as há, a rodos. Mais do que se imagina! Mais do que o destino devia permitir! Mas como se diz em bom português: “É a vida. É para o que estamos guardados.”.

É o que sinto desde a madrugada do dia 13 de Janeiro de 2013.

Tinha noção de que esta realidade existia, mas quando se tornou a minha foi como que um acordar. O despertar para inúmeras realidades que coexistem com a nossa existência e que nos passam ao lado. Muitas vezes porque estamos tão embrenhados na nossa vida, que a dos outros segue com a nossa indiferença. Há mesmo quem não queira saber da vida dos outros, porque já chega a sua para se preocupar. Legítimo. Mas a verdade é que, às vezes, os nossos males não são nada comparados com os dos outros.

Mal a Leonor adoeceu e me vi no hospital durante o Natal e o Ano Novo, rodeada de outros pais, todos de coração nas mãos, acordei (ainda mais) para a vida dentro de um pesadelo. Fui apoiada e apoiei. Fiz-me de forte para ajudar a minha filha (de 3 meses) doente e relativizar o mais possível a situação à mais velha (à altura com 4 anos). Naqueles dias de agonia, no momento em que peguei na minha filha, sem vida, ao colo e na manhã seguinte em que tive de dizer à minha filha mais velha que a irmã se tornara uma estrela (sem dramas para aliviar-lhe a perda), senti aquilo que outrora me marcou no filme “A Vida é Bela”: o que o amor de um pai e/ou mãe é capaz para cuidar e proteger um filho.

A Leonor partiu e a sensação que dura até hoje, e que sei que durará para toda a vida, é de amputação. Olho-me e sei que estou completa, mas falta algo dentro de mim. Há um vazio. Um vazio com o qual, ao fim de quase dois anos, já me habituei a conviver.

Se sou feliz? Se sorrio?

Sim. Todos os dias. Muitas vezes ao dia. O mais que consigo.

Sei que nas minhas palavras estão os sentimentos de muitas mães que perderam filhos: durante a gestação, prematuros, recém-nascidos, bebés, crianças, adolescentes, adultos.

O que é que muda nas mães nestas fases?

Nada. A perda é igual.

Com os nossos filhos morrem os sonhos, morrem momentos que se tornam em memórias preciosas, para nos aquecer o coração, quando a tristeza aperta.

E desde que me tornei numa mãe que perdeu um filho e conheci tantas outras, acordei para uma triste e dura realidade: a nossa sociedade não está preparada para apoiar uma mãe enlutada.

Não falo de apoio médico e clínico. Isso está ao alcance até através do médico de família. Falo dos amigos, dos conhecidos, de pessoas com quem nos cruzamos ou conhecemos no dia-a-dia e até mesmo das famílias.

Sei que é um assunto difícil de lidar, e ninguém nos quer como espelho na sua vida, mas também sei que cada mãe tem a sua maneira de reagir e que o processo é longo, senão para a vida toda.

Sei que nenhuma mãe quer andar a ser carregada ao colo. Mesmo porque a grande maioria são Marias Capazes. As que os perderam na gestação ganham forças e voltam a tentar até conseguir o seu milagre. As que os perderam bebés e/ou crianças voltam a ter mais filhos ou então focam-se em não descurar os que já têm. As dos mais velhos arranjam forças para os recordar e honrar, e seguem em frente.

O que acontece, em regra, a quase todas e não pode acontecer, digo mesmo que tem de deixar de acontecer, é se diga a uma mãe que perdeu um filho: “Daqui a uns tempos arranjas outro”, “Que pena que era filho único”, “Não há nada que o tempo não apague”. Por mil filhos que se tenha, nada nos faz esquecer ou ultrapassar quem que se perdeu.

Outra das coisas que acontece frequentemente é avaliar a dor da perda consoante o tempo que se viveu/partilhou com o filho. Aos olhos dos que não sabem o que é viver com esta perda, parece que se ainda não tiver nascido não pode custar tanto como um que já se viu nascer e crescer.

Os relatos que já ouvi destes casos, e que também já experienciei, são inúmeros. E a nós, mães que perdermos um filho, é o pior que nos pode ser dito. Acreditem que a vontade de insultar ou agredir é grande, mas damos a volta porque, apesar de a perda ser nossa, conseguimos perceber que o assunto é delicado e que, na maioria das vezes, as pessoas falam sem pensar.

Se magoa? Claro que sim! Mas não há dor maior do que a que já ganhámos.

Se acham que dor é uma palavra muito negativa, podemos falar de vazio. Neste destino de ser uma mãe que perdeu um filho, estas duas palavras andam de mão dada, mas não nos impedem de sorrir para a vida. Há dias de profunda tristeza que superamos com a certeza de que apesar de tudo, fomos privilegiadas por ter os nossos filhos.

Este e outros tantos assuntos são questões que nos assolam e que muitas vezes queremos partilhar, mas não conseguimos. O assunto da morte de um filho é incómodo para tudo e todos, e isso acaba sempre por ganhar quando uma mãe que perdeu um filho tenta desabafar. É importante que quando se conheça algum caso, se faça o exercício, de pelo menos, fingir que se ouve.

Quando perdi a Leonor, como sou da escrita, em vez de falar escrevi e partilhei no meu blogue o que sentia. Fiquei estarrecida. Foram inúmeras as mensagens que recebi de mães que perderam filhos e que se identificavam com as minhas palavras e de mães, que naquele dia, colocaram o trabalho e todas as ansiedades de lado, e adormeceram os filhos ao colo, ou os abraçaram por mais cinco minutos.

Esta é outra razão pela qual acho que se deve falar, sem pudores, em nós, mães que perdemos um filho. Numa altura em que ser mãe devia ser considerado uma modalidade olímpica, mas a sociedade ainda não o reconhece e continua a exigir cada vez mais das mulheres, e nós a responder, sempre Capazes, é preciso que se aprenda a parar e a desfrutar dos filhos que temos.

Vivemos uma era em que nos venderam que tudo estava garantido e a grande verdade é que não está. Os tempos começam a mostrar isso com a crise, com um cada vez maior número de notícias tristes sobre realidades duras e outras tantas como a minha. 2014 foi o ano em que muito se falou da perda de filhos com, pelo menos, três casos mediáticos. É importante que não se perca o fio à meada, destas histórias que são exemplos de como viver depois de perder um filho. É importante que quando estivermos a arrancar cabelos, seja com o que for que nos importune, saibamos parar e ir disfrutar dos filhos que temos.

Foi uma das lições mais valiosas que aprendi ao tornar-me numa mãe que perdeu um filho. Nem sempre sigo a lição à risca, mas estou cada vez melhor.

Perder a minha Leonor será sempre o maior e mais duro golpe da minha vida, mas é a ele que vou buscar forças para lutar e seguir em frente. Por mim. Pela minha outra filha. Por ela, Leonor, que em tão pouco tempo de vida, me ensinou tanto. Até a ser uma Maria… Capaz de escrever este texto.


Fonte: http://mariacapaz.pt/cronicas/perder-um-filho-por-irina-gomes/


"Não me calarei perante a perversidade de homens que se colocam como deuses entre os demais e que tentam silenciar aqueles que lhes fazem frente."
António Madaleno
António Madaleno
Membros
Membros

Mensagens : 9182
Likes : 422
Data de inscrição : 26/09/2011
Idade : 50

http://www.extj.pt

Ir para o topo Ir para baixo

“Ninguém quer falar sobre perder um filho” Empty Re: “Ninguém quer falar sobre perder um filho”

Mensagem por Kristy123 Qua Jan 14 2015, 09:30

Difícil!
Embarassed
Kristy123
Kristy123
Moderador
Moderador

Mensagens : 5223
Likes : 264
Data de inscrição : 15/10/2013
Idade : 105
Localização : Lisboa

Ir para o topo Ir para baixo

Ver o tópico anterior Ver o tópico seguinte Ir para o topo

- Tópicos semelhantes

Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos