Há um risco real de os cristãos do Médio Oriente desaparecerem
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Há um risco real de os cristãos do Médio Oriente desaparecerem
No Iraque e no Líbano, a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre encontrou histórias de morte e sobrevivência. "Está em curso um genocídio" e no terreno não se sente que o mundo o esteja a impedir.
A visita começou pelos campos de refugiados no Líbano, mas os últimos dias foram passados em Ankawa, no Norte do Iraque. Com tudo o que já viu, ao fim de duas semanas de visita da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) ao Líbano e ao Iraque, Catarina Martins não hesita em falar num "genocídio" contra a comunidade cristã do Médio Oriente.
A responsável em Portugal da organização dependente da Santa Sé diz, ao telefone com a Renascença a partir do Iraque, que "há um risco real de os cristãos do Médio Oriente desaparecerem".
"Está em curso um genocídio e aqui não se sente que algo esteja a ser feito para impedir que este genocídio continue. Há alguma desilusão por verem como a comunidade internacional tem actuado. Tenho ouvido testemunhos que me deixam, e a todos os que estamos aqui da AIS, completamente esmagados", conta.
Um dos episódios mais marcantes da visita da AIS aconteceu esta segunda-feira, durante a visita a um centro comercial inacabado que tem servido de abrigo a milhares de famílias cristãs. Era para ser um abrigo temporário, mas já lá vão sete meses.
Catarina Martins voltou a sentir-se "esmagada". "Mesmo estando aqui, tenho dificuldade em perceber como é possível viver nestas condições", reconhece. "É um centro comercial muito grande, todo ele subdividido em pequenos espaços, muito, muito pequenos, e são centenas de famílias que vivem ali."
"Há muitas crianças doentes e não sei sequer como é que se controlam ali as doenças. As condições de higiene são péssimas", diz.
Faltam casas e escolas
Catarina Martins elogia o trabalho que a Igreja está a fazer no terreno. "Estive com as irmãs dominicanas que têm dado apoio a estas pessoas que vivem neste centro comercial. E vê-se o amor e o carinho que estas pessoas têm por estas irmãs e estes padres que estão aqui. Há outras ONG que também estão a ajudar, mas o trabalho principal e a quem agradecem primeiro é à Igreja, que lhes garante o pouco que têm, mas que é o suficiente para sobreviver."
Pelo levantamento já feito pela AIS, a prioridade em termos de ajudas vai continuar a ser canalizada para os bens essenciais.
"Teremos de continuar a ajudar as pessoas com as necessidades básicas do dia-a-dia, com alimentação, vestuário, medicamentos, combustível, aquisição de geradores", diz. "Infelizmente, tanto aqui no Iraque como no Líbano, o desemprego é extremamente elevado e temos de ajudar estas pessoas a terem alguma dignidade na sua vida".
No Iraque, duas das prioridades da Igreja são "tirar as pessoas dos contentores" ("há pessoas que estão a viver juntas, 24 sobre 24 horas, no mesmo espaço. As famílias são numerosas, vi desde seis ou sete pessoas até 12 a viverem no mesmo espaço"), alojando-as em casas, e construir mais escolas para garantir a formação das crianças.
A AIS não afasta a hipótese de lançar uma campanha de solidariedade a favor dos cristãos do Médio Oriente. "As necessidades são muitas e a perspectiva de quem está no terreno é que as coisas não se vão resolver de hoje para amanhã", justifica.
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=29&did=182820
A visita começou pelos campos de refugiados no Líbano, mas os últimos dias foram passados em Ankawa, no Norte do Iraque. Com tudo o que já viu, ao fim de duas semanas de visita da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) ao Líbano e ao Iraque, Catarina Martins não hesita em falar num "genocídio" contra a comunidade cristã do Médio Oriente.
A responsável em Portugal da organização dependente da Santa Sé diz, ao telefone com a Renascença a partir do Iraque, que "há um risco real de os cristãos do Médio Oriente desaparecerem".
"Está em curso um genocídio e aqui não se sente que algo esteja a ser feito para impedir que este genocídio continue. Há alguma desilusão por verem como a comunidade internacional tem actuado. Tenho ouvido testemunhos que me deixam, e a todos os que estamos aqui da AIS, completamente esmagados", conta.
Um dos episódios mais marcantes da visita da AIS aconteceu esta segunda-feira, durante a visita a um centro comercial inacabado que tem servido de abrigo a milhares de famílias cristãs. Era para ser um abrigo temporário, mas já lá vão sete meses.
Catarina Martins voltou a sentir-se "esmagada". "Mesmo estando aqui, tenho dificuldade em perceber como é possível viver nestas condições", reconhece. "É um centro comercial muito grande, todo ele subdividido em pequenos espaços, muito, muito pequenos, e são centenas de famílias que vivem ali."
"Há muitas crianças doentes e não sei sequer como é que se controlam ali as doenças. As condições de higiene são péssimas", diz.
Faltam casas e escolas
Catarina Martins elogia o trabalho que a Igreja está a fazer no terreno. "Estive com as irmãs dominicanas que têm dado apoio a estas pessoas que vivem neste centro comercial. E vê-se o amor e o carinho que estas pessoas têm por estas irmãs e estes padres que estão aqui. Há outras ONG que também estão a ajudar, mas o trabalho principal e a quem agradecem primeiro é à Igreja, que lhes garante o pouco que têm, mas que é o suficiente para sobreviver."
Pelo levantamento já feito pela AIS, a prioridade em termos de ajudas vai continuar a ser canalizada para os bens essenciais.
"Teremos de continuar a ajudar as pessoas com as necessidades básicas do dia-a-dia, com alimentação, vestuário, medicamentos, combustível, aquisição de geradores", diz. "Infelizmente, tanto aqui no Iraque como no Líbano, o desemprego é extremamente elevado e temos de ajudar estas pessoas a terem alguma dignidade na sua vida".
No Iraque, duas das prioridades da Igreja são "tirar as pessoas dos contentores" ("há pessoas que estão a viver juntas, 24 sobre 24 horas, no mesmo espaço. As famílias são numerosas, vi desde seis ou sete pessoas até 12 a viverem no mesmo espaço"), alojando-as em casas, e construir mais escolas para garantir a formação das crianças.
A AIS não afasta a hipótese de lançar uma campanha de solidariedade a favor dos cristãos do Médio Oriente. "As necessidades são muitas e a perspectiva de quem está no terreno é que as coisas não se vão resolver de hoje para amanhã", justifica.
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