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Escrevi uma carta ao Anthony Morris III - de Ricardo Pimentel

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Escrevi uma carta ao Anthony Morris III - de Ricardo Pimentel Empty Escrevi uma carta ao Anthony Morris III - de Ricardo Pimentel

Mensagem por Kristy123 Qua Ago 09 2023, 15:25

Escrevi uma carta ao Anthony Morris III.

Há pouco mais de uma semana, a nova morada do Sr. Anthony Morris III, ex-membro do Corpo Governante das Testemunhas de Jeová, foi exposta no Reddit. A casa, na cidade de Lumberton, Carolina do Norte, é propriedade da Watchtower Society, com usufruto vitalício de Anthony Morris e de sua esposa.
Então, pensei, porque não lhe escrever uma carta? Afinal de contas, não escrevem as Testemunhas de Jeová milhões de cartas de correio não-solicitado ás outras pessoas? Então, aqui vai o texto (traduzido para português; o original é em inglês):

“Caro Senhor Anthony Morris III,
Espero que esteja a desfrutar das suas novas acomodações em Lumberton, e que se esteja a ajustar bem ás suas novas circunstâncias de vida. Tanto quanto julgo saber, foi-lhe proporcionado alojamento condigno, num lugar que bem conhece, podendo estar na companhia de quem mais ama. Nada mau, para quem chegou ao ocaso da vida! Quero que saiba que lhe desejo muita saúde e paz.
Tomei a iniciativa de lhe enviar esta carta imbuído do mesmo espírito das Testemunhas de Jeová que escrevem cartas ás pessoas nos seus territórios. Não, não para contar horas para um relatório, mas para procurar despertar a sua consciência.

Ao contrário dessas cartas escritas por publicadores bem-intencionados, mas que procuram esconder dos seus leitores a sua real intenção de os converter a uma outra religião, eu terei a decência de lhe dizer logo claramente o que me move ao lhe escrever esta carta, e assim dar-lhe a oportunidade de escolher entre ler até ao fim, ou destruir imediatamente esta carta, tal como as Testemunhas de Jeová de base são encorajadas a fazer. Mas, realmente, faço-lhe o apelo de que continue a ler até ao fim.

Resumidamente, esta é a minha história: Fui batizado em 1987 como uma das Testemunhas de Jeová em Portugal, tinha eu 16 anos. Dez anos antes, a minha mãe, sob bastante tribulação, criou os seus dois filhos como Testemunhas num lar dividido em sentido religioso. Eu fiz progresso na “verdade”, tornei-me Servo Ministerial, e depois Ancião com cerca de 30 anos, tendo, entretanto, casado com uma irmã Pioneira Regular aos 21 anos. Temos juntos um filho que agora tem 26 anos. Quando fiz 40 anos, comecei a sentir-me incomodado com as notícias acerca dos abusos sexuais de menores na Sociedade Torre de Vigia, e isso levou-me a começar a investigar a história das Testemunhas de Jeová; comecei imediatamente a descobrir discrepâncias entre aquilo que me foi ensinado e os fatos históricos. Depressa concluí que a Organização estava a enganar deliberadamente as Testemunhas, e isto levou a mais investigação e estudo, agora sobre assuntos de doutrina, acerca da Bíblia, acerca do Cristianismo, acerca de Jesus e acerca de Deus. Em apenas um par de anos estava persuadido de que me tinham ensinado falsidades e que eu, em sã consciência, não podia continuar a ser uma Testemunha de Jeová por muito mais tempo. Em 2016, na sequência de um processo injusto em que o meu filho foi dissociado á força e á revelia, tanto eu como a minha esposa desligámo-nos das Testemunhas de Jeová, e, claro está, fomos imediatamente ostracizados por nossos familiares e amigos. Vou poupar-lhe mais detalhes desagradáveis do meu processo, mas acredite: eu perdi a minha fé graças á liderança das Testemunhas de Jeová, da qual você fazia parte.

Portanto, o remetente desta carta é aquilo a que vocês chamam de “apóstata”. Talvez o surpreenda saber que não me sinto minimamente ofendido pelo rótulo porque, na realidade, eu reneguei a minha afiliação de fé com a vossa Organização. Também se pode argumentar que, porque não mais professo crença em Jesus ou em qualquer outra deidade, que me tornei um “apóstata” do Cristianismo. Também não me sinto incomodado com essa acusação; além de ser agora ateu, agnóstico e apateísta, também até certo ponto continuo a ser cristão, porque não posso renegar os princípios morais em que fui criado, e que, em boa medida, ainda continuam a moldar o meu sistema ético. O que realmente me incomoda é o modo tendencioso e capcioso em como a Organização utiliza o termo “apóstata”, de forma a despertar nas Testemunhas sentimentos automáticos de horror, paranoia e aversão.
Quero que saiba que, contrariamente ao que é ensinado ás Testemunhas pela Sociedade Torre de Vigia, a minha vida e a da minha família nunca foi tão boa e significativa como desde quando saímos da Organização. Naturalmente que somos confrontados com os desafios e contratempos com que todos os seres humanos normais se deparam, mas, não concorda que isso é perfeitamente expectável? Tenho a certeza que, se o senhor voltar a uma vida “normal”, ou seja, uma vida em que todas as suas necessidades não são sustentadas graças a donativos voluntários de fiéis, perceberá que temos vidas absolutamente comuns do ponto de vista do “mundo” — com a diferença de que nos libertámos da escravidão a benefício de uma empresa religiosa, e que, uma vez libertos, a nossa vida começou a ser mais feliz, mais significativa, mais rica.

Sabe, já não temos medo de um Armagedom nem de qualquer espécie de “juízo final” por parte de um Deus zangado. Estamos livres desse jugo de medo com o qual a Organização mandava e desmandava as nossas vidas. Não quero dizer com isso que tivemos de baixar os nossos padrões éticos ou de moral; pelo contrário, somos agora muito mais exigentes, porque não deixamos que pessoas entrem em nossas vidas simplesmente porque têm uma crença religiosa em comum connosco. Após algum tempo em que tivemos algumas dificuldades em reajustar as nossas vidas e as nossas expectativas, finalmente fizemos verdadeiros amigos, não amigos condicionais, que apenas nos querem se formos parte da sua “tribo”. Temos amigos com os quais concordamos em discordar. Imagine! Isso é incrivelmente saudável. Você devia experimentar.

Mas, e quanto a você?
Não sei se está realmente apercebido da comoção que a sua remoção do Corpo Governante causou entre os fiéis das Testemunhas de Jeová. Está a acontecer á vista de todos que a sua memória e legado enquanto membro do Corpo Governante no jw.org está a ser rapidamente apagada, muito ao estilo do que o Partido Comunista da União Soviética fazia aos membros que caíam em desgraça. Será que sabe que as Testemunhas de Jeová especulam que se tornou um apóstata? Que passou a ser um “escravo mau”? que os seus hábitos de bebida em excesso e discursos sem filtro finalmente o fizeram saltar borda fora? Que o seu passado no Vietname finalmente levou a melhor na sua saúde mental? Isto, já para nem falar da especulação que grassa entre a comunidade das ex-Testemunhas de Jeová.

Espero que, estando agora fora da “bolha” de Betel, e longe dos privilégios e benefícios advindos de ser um quase semideus enquanto membro do Corpo Governante, você venha a compreender melhor o que significa ser o alvo da iníqua política e cultura de ostracismo e ódio que é dirigido aos dissidentes e aos “fracos na fé” — um ostracismo e um ódio que você mesmo ajudou a instigar de forma destacada. Espero que venha a ter noção de como esta política diabólica arrasa famílias, inflige tortura mental e sofrimento, tanto nos que saem da Organização, como nos que lá permanecem e que ficam privados do contacto com os que amam; como esta política leva á doença mental e ao suicídio; como tem sido usada para esconder abuso sexual de menores e violência doméstica entre as congregações; como causa mortes desnecessárias entre os que necessitam de tratamentos com sangue, porque o medo de ser cortado da associação com quem se ama é pior do que a própria morte. Sim, há sangue nas mãos de todos os membros do Corpo Governante e diretores da Sociedade Torre de Vigia que participaram na implementação moderna da política de ostracismo para os desassociados e dissociados desde a década de 1940. Sim, há sangue nas suas mãos, senhor Anthony Morris III. Porque você, como líder religioso a quem as pessoas escutavam e obedeciam, muitas vezes pregou o ódio. E, como Jesus ensinou, odiar alguém é o prelúdio mental do assassinato. (Mat 5:21; 1 Jo 3:15) E, conforme provérbios 28:17 diz: “Um homem carregando culpa de sangue será um fugitivo até á morte. Que ninguém o ajude!”

Mas, ao contrário de Salomão ou dos anciãos da Organização, quem sou eu para julgar? A sua consciência é quem o vai julgar. Quero acreditar que, lá bem no fundo de si, ainda haja uma consciência capaz de funcionar, que não se tenha permanentemente deixado enferrujar por um senso farisaico de autojustiça. Uma consciência que o queime e incomode, ainda que você nem perceba bem porquê.
A minha esperança é — e aqui deixo o meu apelo — que agora que você foi removido dos seus deveres inerentes á liderança, se levante e fale. Denuncie a iniquidade da política de ostracismo das Testemunhas de Jeová e as suas implicações sinistras. Antes que seja demasiado tarde para si, denuncie a Organização das Testemunhas de Jeová por perpetrar uma fraude religiosa. Ainda que, aos olhos de muitas ex-Testemunhas de Jeová, você seja objeto de grande ressentimento como um dos mais proeminentes e ferozes, e, francamente, detestável membro do Corpo Governante, ainda assim, que você possa encontrar alguma redenção por finalmente se chegar á frente e fazer a coisa certa.
Pode até ser que que os advogados da Sociedade Torre de Vigia o tenham persuadido a aceitar um acordo que o impede de expor os podres desta Organização, em troca de viver uma reforma confortável; mas, você consegue viver consigo próprio? Consegue conviver com o sofrimento causado a centenas de milhares de ex-Testemunhas de Jeová que foram obrigadas a sair emocionalmente abusadas e esfarrapadas, e com o sofrimento causado ás Testemunhas fiéis que se viram privadas da companhia daqueles que amam? Consegue viver com o conhecimento das consequências advindas de usar o medo do ostracismo como forma de dar prioridade á proteção da reputação da Organização, ao invés de dar prioridade a combater os pedófilos e proteger e cuidar das vítimas de abusos sexuais?

Não quero que pense que por lhe dizer estas coisas eu o odeio, senhor Anthony Morris. Odiar, no sentido que você certa vez ensinou num vídeo infame, em que se deseja que os que discordam de nós sejam aniquilados e esquecidos como se fossem fumo de um fósforo gasto, isso fica abaixo da minha pessoa e da minha ética. Como devia ser demasiado rasteiro para qualquer cristão ou pessoa decente. É vergonhoso que você algum dia tenha ensinado isso. Mas não, esta carta é simplesmente um apelo á sua consciência. Erga-se e fale! Importe-se mais com o sofrimento que participou em causar, do que com o conforto dormente da sua reforma! Seja parte da cura e não da doença. Ao fazer isso, cure-se a si mesmo. E que, ao fazer isso, encontre paz com a sua consciência e viva mais saudável.

Sinceramente,
Ricardo Pimentel”

Resta saber se ele receberá a carta (pode ser que o correio dele seja tratado por terceiros), se a vai ler, se isso terá algum efeito. Não tenho muita esperança, tratando-se de quem é. Mas, quem sabe? Pelo menos disse-lhe o que me estava atravessado.
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