Testemunho de uma Ex-Testemunhas de Jeová Cabo-Verdiana

TESTEMUNHO DE UMA EX-TESTEMUNHA DE JEOVÁ CABO-VERDIANA

Minha experiencia com as Testemunhas de Jeová.

Tive o primeiro contacto com as Tjs (Testemunhas Jeová) em 1982 aos meus 12 anos de idade através da minha mãe que começou a estudar com elas, e me levou também.
Aos 17 anos, sob alguma pressão do meu instrutor, acabei me batizando, mas confesso que não conhecia a fundo onde estava me metendo.
Aos 23 anos tornei Servo Ministerial, uma espécie de Diácono.
Aos 25 fui designado ancião data em que me casei também com uma jovem Tj.

Naquela época a congregação era pequena, eu fazia tudo eu era: Superintendente Presidente, Sup. da Escola do Ministério Teocrático, Superintendente da Cidade, era Sup. Presidente e Hospedagem nas Assembleias, Servia regularmente como Pioneiro auxiliar nas visitas do Sup. Circuito.

Com tristeza hoje digo que participei também em inúmeras Comissões Judicativas (julgamentos internos a pessoas) e de apelação, seguindo as normas da organização TJ.
Ao saber da relação secreta da Organização com a ONU, e uma Sentinela que foi publicada sobre frações de Sangue que podíamos aceitar, e as que devíamos negar, fiquei perturbado porque não via lógica no assunto, foi o CLIQUE para começar a despertar!

A partir daí comecei secretamente algumas pesquisas, mas não muito aprofundadas sobre esta organização, e o assunto das transfusões do sangue.
Fiquei desanimado, perdi o entusiasmo e a alegria que tinha antes, deixei de assistir as reuniões, e por 5 longos anos fiquei inativo!
Durante estes anos somente o Sup. Circuito que de vez em quando me mandava um e-mail de “encorajamento” para voltar.

Ao fim dos 5 anos, me mudei para outra ilha. Um Sup. Circuito Português, (Território cuidado por Portugal) sabendo de minha estadia na nova ilha, foi visitar-me, e em conversas mansas de que nada é perfeito, elogios sobre o meu passado, que o mundo não oferecia nada, que Deus muda tudo para melhor no seu tempo, etc. etc. acabei tentando esquecer o passado, e reativamos novamente assistindo as reuniões.

Quando recomecei a assistir as reuniões, já era dono de uma empresa, tinha 2 filhos, era muito respeitado pela minha experiencia, mas eu já não tinha mais aquele tempo para me dedicar tanto á religião como eles esperavam!

Mesmo assim, fui designado Servo Ministerial, e dirigia novamente algumas reuniões, e fazia discursos.
Mas, confesso que desta vez, eu já estava muito desconfiado, cada vez que eu lembrava das minhas pesquisas passadas, e não queria me envolver a ponto de ser ancião novamente, e estar a julgar pessoas naquelas comissões judicativas que me deixavam perturbado.

Um dia, casualmente encontrei no youtube uns vídeos do Osmanito Torres, e do Edson Reis, Ex- anciãos, e vi pela minha experiencia passada que tudo o que eles diziam e as provas apresentadas sobre a Tjs eram verdades e tinham sentido! Afinal havia vivido tudo aquilo!

Desta vez agora minhas pesquisas foram bem aprofundadas, aí minha ficha caiu de vez. Não parava de fazer pesquisas cada vez mais, e mais.

Fui analisar a fundo:
- Os casos de pedofilia escondidas em varias partes do mundo que não foram reportadas as autoridades...
- As falsidades na tradução de suas bíblias...
- As vítimas que morreram por rejeitarem receber vacinas e transplantes de órgão porque eram proibidas...
- O ostracismo, a discriminação e rejeição contra aqueles que decidem abandonar a religião incluindo contra membros da própria família,
- Os sofrimentos que milhares de jovens sofreram por rejeitarem o serviço militar alternativo que era proibido...
- As questão das transfusões de sangue e as frações que podem ser aceites,
- As varias mudanças de ensinos e entendimentos de “verdades "que se tornam mentiras, e a pessoa não pode discordar...
- O negócio das construções e vendas de muitos dos seus locais chamados salões do Reino...
- As constantes demandas e cobranças para fazer mais, mais, e mais, que dizem é para Deus Jeová, e nunca é suficiente...
- A entrega de relatórios mensais para informar o que você fez durante o mês,
- As constantes advertências contra fazer estudos universitários,
- O medo e a culpa de não estar a fazer o seu melhor podendo por isso ser destruídos por Deus no fim do mundo...
- A idolatria ao símbolo JW, em todos locais assim como a cruz que eles mesmos condenam...
- A hipocrisia de condenarem os católicos por fazerem confissão num padre, quando eles exigem confissão de pecados não a 1 mas a 3 homens chamados anciãos...
- O grande amor que demonstram quando você entra, e o desprezo e discriminação quando você decide por livre vontade querer sair...Etc. Etc. Etc.

Comecei a me arrepender de ter voltado.

Eu era muito alegre, simpático, minha presença era bem notada. Mas, cada reunião que eu assistia, já com uma mente aberta, eu ouvia cada coisa e cada comentário sobretudo dos mais fanáticos, que só davam razão ás minhas pesquisas e tudo aquilo que eu assistia nos vídeos!

Como eles agora não me viam envolver muito, sabendo do potencial que eu poderia representar, a tática foi começar a me pressionar e quererem me dar mais responsabilidades para que eu pudesse sentir mais envolvido e ocupado com o que eles chamam Privilégios Teocráticos.

Um dia, dois anciãos logo no início da reunião, disseram que queriam falar comigo no fim daquela reunião.
Fiquei a pensar: O que será desta vez? O que querem de mim? Será que sabem que eu estava vendo os vídeos no Yotube?

Para meu espanto, no encontro, disseram-me se eu aceitava superintender um dos pequenos grupos da congregação. Isto significaria eu tomar a dianteira em organizar e dirigir cada semana as saídas de porta em porta, e fazer visitas de pastoreios a todas aquelas famílias do grupo.

Sabendo de tudo o que eu já sabia sobre esta organização, eu não decidi na hora se eu aceitava ou não o convite. Apenas informei que eu teria que me ausentar na semana seguinte para viajem de férias, seria oportunidade para pensar no assunto mais profundamente, e dar uma resposta no regresso.
Durante aqueles dias de férias tive tempo suficiente para amadurecer e convencer a mim mesmo de minhas pesquisas, e tomei uma decisão sem quaisquer remorsos nem arrependimentos. Estava agora convencido que ali não era o lugar para mim.

Eu queria era Jesus Cristo como o Caminho, a Verdade, e a Vida, meu guia e Salvador, o seu Espirito Santo, e não um grupo de homens Americanos lá nos EUA como meus guias a ditarem tudo o que eu devia ou não fazer para a minha Salvação.

Assim, ao voltar de férias, já nem fui mais para as reuniões.

Quando me procuraram tentando saber porque não ia mais para as reuniões, e saber o que se estava a passar, eu elaborei uma carta/e-mail que enviei, e mandei para mais de 50 contatos entre irmãos, anciãos, servos ministeriais, e Sup. Circuito que eu conhecia.

Eu queria que todos soubessem as minhas razões. Assim, ao anunciarem publicamente que eu não era mais TJ, sabendo que nunca dizem as razões, e isto trás muitas especulações.

Mas assim, quase todo mundo já saberia o porquê. Sobretudo para aqueles que nutriam muito respeito e admiração de como eu era.
Muitos que souberam só depois do anúncio que eu não era mais Tj, secretamente me perguntavam, e eu pedia o e-mail deles e mandava as minhas razoes, até hoje ainda faço isso a todos que me pedem.

Nada contra ninguém pessoalmente, mas esta organização reluz mas não é ouro!

(Simão Levy)