Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
Página 12 de 14 • Compartilhe
Página 12 de 14 • 1 ... 7 ... 11, 12, 13, 14
Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
mjp escreveu:Desculpem-me. Fiquei "agarrado" a algumas frases dele.
Quanto mais conhecemos, mais amamos.
Leonardo da Vinci
Fantástica, esta. Não concordam?
Eu concordo.
hocosi- Moderador
- Mensagens : 2893
Likes : 372
Data de inscrição : 28/12/2011
Idade : 68
Localização : Portugal
Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
hocosi escreveu:mjp escreveu:Desculpem-me. Fiquei "agarrado" a algumas frases dele.
Quanto mais conhecemos, mais amamos.
Leonardo da Vinci
Fantástica, esta. Não concordam?
Eu concordo.
Ufff! Estava a ver que nem tu... meu caro hocosi.
Sabes... o texto do Philipp Blom, que eu aqui partilhei, foi na esperança que tu o lesses. Os outros foristas também, naturalmente; mas foi a pensar mesmo mais em ti, que eu me lembrei de uma coisa que tinha lido há já algum tempo a respeito das confusões em que hoje, as pessoas ( ou serão as gentes, a populaça?...), mesmo que não pensem, não sintam, não percebam, têm vindo a ser embrulhadas em nome de INTERESSES que permanecem imutáveis desde que o homem governa o seu semelhante. Desde sempre... de uma maneira ou de outra, em boa verdade.
Se o quiseres discutir... ( no bom sentido da expressão), as minhas vias de comunicação estão todas abertas.
A censura social que aqui se faz... não se atreveria a tanto...
mjp- Forista desativado
- Mensagens : 6491
Likes : 223
Data de inscrição : 26/09/2011
Idade : 64
Localização : Lisboa
Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
Aos olhos dele
Não acredito em nada. As minhas crenças
Voaram como voa a pomba mansa;
Pelo azul do ar. E assim fugiram
As minhas doces crenças de criança.
Fiquei então sem fé; e a toda a gente
Eu digo sempre, embora magoada:
Não acredito em Deus e a Virgem Santa
É uma ilusão apenas e mais nada!
Mas avisto os teus olhos, meu amor,
Duma luz suavíssima de dor...
E grito então ao ver esses dois céus:
Eu creio, sim, eu creio na Virgem Santa
Que criou esse brilho que m'encanta!
Eu creio, sim, creio, eu creio em Deus!
Florbela Espanca
Não acredito em nada. As minhas crenças
Voaram como voa a pomba mansa;
Pelo azul do ar. E assim fugiram
As minhas doces crenças de criança.
Fiquei então sem fé; e a toda a gente
Eu digo sempre, embora magoada:
Não acredito em Deus e a Virgem Santa
É uma ilusão apenas e mais nada!
Mas avisto os teus olhos, meu amor,
Duma luz suavíssima de dor...
E grito então ao ver esses dois céus:
Eu creio, sim, eu creio na Virgem Santa
Que criou esse brilho que m'encanta!
Eu creio, sim, creio, eu creio em Deus!
Florbela Espanca
hocosi- Moderador
- Mensagens : 2893
Likes : 372
Data de inscrição : 28/12/2011
Idade : 68
Localização : Portugal
Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
Confesso caro amigo mjp que quando vi o texto que colocas-te tão longo, apenas lhe passei os olhos e segui. Creio que o mesmo fez a maioria dos foristas.
Agora ao lê-lo novamente com atenção, também tive alguma dificuldade em extrair a essência do mesmo. No entanto alguns raciocínios apresentados aclararam as minhas ideias.
Compreendo perfeitamente o problema de Diderot nascido numa família religiosa mas após a sua descrença lutava psicologicamente com um dilema.
Eu sinto esse dilema na minha mente. Não tanto por ter chegado à conclusão de que esta vida é tudo o que há, mas porque existiu uma quebra e uma sensação de inutilidade da vida que levei. Assimilei o seguinte: “Se a razão assumir o lugar de serva da paixão será possível compreender a natureza humana e darmos forma à nossa vida através dela”. Mas que dizer se já não existe a paixão? E se a razão continua a ser mais forte do que a paixão? Estarei eu preparado para me deixar embalar novamente por histórias, sabendo eu à partida que não passam de escrita formal como uma novela que conta histórias capazes de apaixonar multidões, mas que é mera ficção?
É o que tem acontecido com efeito ao longo de milênios. Histórias e mais histórias. Talvez por isso sempre houveram pessoas a desacreditarem a história e a contarem novas histórias, que por sua vez seriam novamente declaradas como fraude.
E em conclusão faço minhas as palavras seguintes.
Quero agradecer-te caro mjp por pensares em mim ao colocar este excelente texto. Creio ter percebido a lição e espero que alguma paixão se torne senhora da razão e consiga tirar-me deste atoleiro. Talvez ainda haja por aí alguma história credível ou então terei que inventar a minha própria história
Cumprimentos,
Hocosi
Agora ao lê-lo novamente com atenção, também tive alguma dificuldade em extrair a essência do mesmo. No entanto alguns raciocínios apresentados aclararam as minhas ideias.
Sem dúvida. Por muito que tenha procurado negar isso, existem padrões que não saem. Continuamos a ter medo da morte, muito por causa dos ensinos amedrontadores que absorvemos na nossa infância. Apesar de falta de evidências de um Deus vingativo e castigador, a nossa mente bem lá no fundo continua a dizer: e se Ele existir mesmo? E se afinal é tudo verdade?Nossa cultura ainda está saturada com a maneira cristã e teológica de pensar que desde a nossa infância é fixada em nossa mente e se tornaram padrões fixos de pensamento, reflexos da mente(…).
(…)O pensamento teológico impregna nossos debates sem que nos demos conta. Pesquisa de células tronco e clonagem, manipulação genética e eutanásia - a ideia de que 'não podemos brincar de Deus' é geralmente utilizada, algumas vezes de maneira implícita(…).
Compreendo perfeitamente o problema de Diderot nascido numa família religiosa mas após a sua descrença lutava psicologicamente com um dilema.
(…)Ele desejava a possibilidade da crença, do sentimento de pertencer a algo, da segurança de dar um sentido para o sofrimento sem sentido, mas que não podia mais aceitar o racional. "Meu coração quer ir numa direção, minha cabeça em outra", suspirava ele - e escolheu seguir sua cabeça(…).
Eu sinto esse dilema na minha mente. Não tanto por ter chegado à conclusão de que esta vida é tudo o que há, mas porque existiu uma quebra e uma sensação de inutilidade da vida que levei. Assimilei o seguinte: “Se a razão assumir o lugar de serva da paixão será possível compreender a natureza humana e darmos forma à nossa vida através dela”. Mas que dizer se já não existe a paixão? E se a razão continua a ser mais forte do que a paixão? Estarei eu preparado para me deixar embalar novamente por histórias, sabendo eu à partida que não passam de escrita formal como uma novela que conta histórias capazes de apaixonar multidões, mas que é mera ficção?
Certamente. Mas para acreditarmos em histórias temos que estar predispostos não é verdade?(…)Tecnologia e ciência são possíveis porque nós conseguimos ver possibilidades de uso em objetos naturais e materiais, para projetar nosso próprio mundo, nossas necessidades e desejos, no mundo fora de nós, para descobrir que galho e pedra podem juntos se transformar em uma ferramenta. Mas a cultura também é provida dessa forma. Damos sentido a processos naturais aparentemente sem sentido através dos mitos, projetamos sentido no mundo por contar histórias a nós mesmos e sobre nosso lugar nele(…).
(…)O antídoto contra o caos paralisante que frustra nossos desejos é tão antigo quanto a humanidade. Contar histórias nos permite projetar ordem e significado em nossa própria experiência do mundo(…).
É o que tem acontecido com efeito ao longo de milênios. Histórias e mais histórias. Talvez por isso sempre houveram pessoas a desacreditarem a história e a contarem novas histórias, que por sua vez seriam novamente declaradas como fraude.
(…)E a filosofia, finalmente, não se concentra apenas em fazer as perguntas certas (um primeiro e essencial passo) mas também em aprender a viver com a resposta à essas perguntas. Aqui as convicções políticas podem aprender alguma coisa(…).
E em conclusão faço minhas as palavras seguintes.
(…)Voltando à ideia de contar histórias, chegamos a uma conclusão que é ao mesmo tempo paradoxa e inevitável. Somos animais que contam histórias; não há outra escolha. O problema começa onde não se é mais possível diferenciar entre a situação e a história que nós mesmos nos contamos sobre o que aconteceu. A partir do momento que acreditamos nas nossas próprias histórias como a verdade literal, perdemos a ligação com o mundo(…).
Quero agradecer-te caro mjp por pensares em mim ao colocar este excelente texto. Creio ter percebido a lição e espero que alguma paixão se torne senhora da razão e consiga tirar-me deste atoleiro. Talvez ainda haja por aí alguma história credível ou então terei que inventar a minha própria história
Cumprimentos,
Hocosi
hocosi- Moderador
- Mensagens : 2893
Likes : 372
Data de inscrição : 28/12/2011
Idade : 68
Localização : Portugal
Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
mjp e hocosi,
Gosto muito de vos ler....
Vocês os dois, cada um à sua maneira, são : WOW !
Pronto, não digo mais nada, porque simplesmente não consigo...
Gosto muito de vos ler....
Vocês os dois, cada um à sua maneira, são : WOW !
Pronto, não digo mais nada, porque simplesmente não consigo...
Kristy123- Moderador
- Mensagens : 5226
Likes : 264
Data de inscrição : 15/10/2013
Idade : 105
Localização : Lisboa
Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
Meu caro hocosi, fiquei muito feliz por teres lido o texto.
Para variar... ando com alguns assuntos em mãos que me têm vindo a absorver toda a minha disponibilidade mental.
Se alguns do teus comentários a alguns excertos que citas do texto, não seriam exactamente os meus, garanto-te que me deixou muito feliz a tua conclusão; se a pensas e SENTES assim, mas que grande passo!
Eu, pelas razões que atrás deixei no ar, não estou agora com grande disponibilidade mental para comentar os tais aspectos que não são o meu ponto de vista sobre esses excertos.
Se calhar, também as minhas emoções decidiram tomar um "pouco conta" dos meus processos mentais... e, certos assuntos pessoais que ainda subsistem, têm-me ocupado quase toda a atenção.
Tempos foram, até há cerca de 3/4 anos, em que eu conseguia só olhar para o que tinha à frente e esquecer o resto do "mundo". Eu acho que estou a ficar velho... a minha psi diz-me que eu "decidi", finalmente, gostar um bocadinho mais de mim... - eu acho que ela não sabe - como será possível? - que não sou eu o fulcro das minhas preocupações... mas os psis também não sabem tudo...
Até breve.
mjp
Para variar... ando com alguns assuntos em mãos que me têm vindo a absorver toda a minha disponibilidade mental.
Se alguns do teus comentários a alguns excertos que citas do texto, não seriam exactamente os meus, garanto-te que me deixou muito feliz a tua conclusão; se a pensas e SENTES assim, mas que grande passo!
Eu, pelas razões que atrás deixei no ar, não estou agora com grande disponibilidade mental para comentar os tais aspectos que não são o meu ponto de vista sobre esses excertos.
Se calhar, também as minhas emoções decidiram tomar um "pouco conta" dos meus processos mentais... e, certos assuntos pessoais que ainda subsistem, têm-me ocupado quase toda a atenção.
Tempos foram, até há cerca de 3/4 anos, em que eu conseguia só olhar para o que tinha à frente e esquecer o resto do "mundo". Eu acho que estou a ficar velho... a minha psi diz-me que eu "decidi", finalmente, gostar um bocadinho mais de mim... - eu acho que ela não sabe - como será possível? - que não sou eu o fulcro das minhas preocupações... mas os psis também não sabem tudo...
Até breve.
mjp
mjp- Forista desativado
- Mensagens : 6491
Likes : 223
Data de inscrição : 26/09/2011
Idade : 64
Localização : Lisboa
Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
mjp escreveu:Eu acho que estou a ficar velho... a minha psi diz-me que eu "decidi", finalmente, gostar um bocadinho mais de mim... - eu acho que ela não sabe - como será possível? - que não sou eu o fulcro das minhas preocupações... mas os psis também não sabem tudo...
Olha que grande conclusão!
A tua psi? Eu acho que é mesmo a tua PDIA...
A propósito disso lembrei-me desta:
Um homem com 90 anos fez o seu check-up anual e o médico disse-lhe:
- Amigo, para a sua idade, está numa forma que eu nunca vi.
O paciente respondeu:
- Sim. Porque sei levar uma vida cuidadosa, simples e espiritual.
- Que quer dizer com isso?
- Se eu não levasse uma vida cuidadosa e simples, Deus não me acendia a luz do WC cada vez que me levanto a meio da noite.
O médico estranhou a resposta.
- Está a querer dizer que cada vez que se levanta a meio da noite para ir ao WC, o próprio Deus acende-lhe a luz?
- Sim! Cada vez que vou ao WC, Deus acende-me a luz!
O médico não adiantou mais nada, mas quando foi a vez da esposa do velhote ir à consulta para o seu check-up, sentiu a necessidade de lhe transmitir o que o marido lhe havia dito.
- Eu quero que saiba que, o seu marido está em óptima forma, mas estou preocupado com o seu estado mental. Ele disse-me que todas as noites, quando vai ao WC, Deus acende-lhe a luz.
- Ele lhe disse o quê?
- Ele disse-me que todas as noites quando se levanta para ir ao WC, Deus acende-lhe a luz...
- Ahhh!!! (exclamou a velhota). Então é ele que tem mijado dentro do frigorífico...
IT
Convidado- Convidado
Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
Investigando a Torre escreveu:mjp escreveu:Eu acho que estou a ficar velho... a minha psi diz-me que eu "decidi", finalmente, gostar um bocadinho mais de mim... - eu acho que ela não sabe - como será possível? - que não sou eu o fulcro das minhas preocupações... mas os psis também não sabem tudo...
Olha que grande conclusão!
A tua psi? Eu acho que é mesmo a tua PDIA...
A propósito disso lembrei-me desta:Um homem com 90 anos fez o seu check-up anual e o médico disse-lhe:
- Amigo, para a sua idade, está numa forma que eu nunca vi.
O paciente respondeu:
- Sim. Porque sei levar uma vida cuidadosa, simples e espiritual.
- Que quer dizer com isso?
- Se eu não levasse uma vida cuidadosa e simples, Deus não me acendia a luz do WC cada vez que me levanto a meio da noite.
O médico estranhou a resposta.
- Está a querer dizer que cada vez que se levanta a meio da noite para ir ao WC, o próprio Deus acende-lhe a luz?
- Sim! Cada vez que vou ao WC, Deus acende-me a luz!
O médico não adiantou mais nada, mas quando foi a vez da esposa do velhote ir à consulta para o seu check-up, sentiu a necessidade de lhe transmitir o que o marido lhe havia dito.
- Eu quero que saiba que, o seu marido está em óptima forma, mas estou preocupado com o seu estado mental. Ele disse-me que todas as noites, quando vai ao WC, Deus acende-lhe a luz.
- Ele lhe disse o quê?
- Ele disse-me que todas as noites quando se levanta para ir ao WC, Deus acende-lhe a luz...
- Ahhh!!! (exclamou a velhota). Então é ele que tem mijado dentro do frigorífico...
IT
AHAHAHAHAHAH...
Ó Pá! Ainda não cheguei a tanto...
PDI ( p*** da idade) (deixem lá passar esta... vá lá...). A não ser que PDIA... seja alguma abreviatura que eu não conheça... ou será que a minha "iluminação" se fundiu , e eu ainda não percebi...
mjp- Forista desativado
- Mensagens : 6491
Likes : 223
Data de inscrição : 26/09/2011
Idade : 64
Localização : Lisboa
Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
mjp escreveu:
AHAHAHAHAHAH...
Ó Pá! Ainda não cheguei a tanto...
PDI ( p*** da idade) (deixem lá passar esta... vá lá...). A não ser que PDIA... seja alguma abreviatura que eu não conheça... ou será que a minha "iluminação" se fundiu , e eu ainda não percebi...
PDIA normalmente só a malta do Norte (carago) é que utiliza...
Parece que tem algo que ver com o Pinto da Costa...
É o mesmo que PDI, mas na sua forma AVANÇADA... (Tenho a sensação que vais ter me mudar a lâmpada do frigorífico)
IT
Convidado- Convidado
Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
Eu com a malta do norte não me meto... quem tem "cuzinho" tem medo...Investigando a Torre escreveu:mjp escreveu:
AHAHAHAHAHAH...
Ó Pá! Ainda não cheguei a tanto...
PDI ( p*** da idade) (deixem lá passar esta... vá lá...). A não ser que PDIA... seja alguma abreviatura que eu não conheça... ou será que a minha "iluminação" se fundiu , e eu ainda não percebi...
PDIA normalmente só a malta do Norte (carago) é que utiliza...
Parece que tem algo que ver com o Pinto da Costa...
É o mesmo que PDI, mas na sua forma AVANÇADA... (Tenho a sensação que vais ter me mudar a lâmpada do frigorífico)
IT
Não posso mudar lâmpadas cá em casa! Tomara eu que elas durem.. durem... durem... com esta crise... por favor... só mesmo o indispensável!
mjp- Forista desativado
- Mensagens : 6491
Likes : 223
Data de inscrição : 26/09/2011
Idade : 64
Localização : Lisboa
Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
Nietzche pela sua enorme lucidez em perceber o mundo, morreu louco.
Filino Rupro- Membros
- Mensagens : 1300
Likes : 96
Data de inscrição : 06/12/2012
Idade : 53
Localização : Aveiro
Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
Filino Rupro escreveu:Nietzche pela sua enorme lucidez em perceber o mundo, morreu louco.
"Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura."
Fonte - Assim falava Zaratustra
De um gajo destes, estava-se à espera de quê?
mjp- Forista desativado
- Mensagens : 6491
Likes : 223
Data de inscrição : 26/09/2011
Idade : 64
Localização : Lisboa
Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
Texto de Elie Wiesel, a propósito da tradição hassídica:
«Quando o grande rabi Israel Baal Shem-Tov via que uma desgraça se tramava contra o povo judeu, tinha por costume ir-se recolher num certo lugar da floresta; aí acendia uma fogueira, recitava uma certa oração e o milagre realizava-se, afastando a desgraça.
Mais tarde, quando o seu discípulo, o célebre Maguid de Mezeritsch tinha de intervir junto do céu pelas mesmas razões, dirigia-se ao mesmo lugar na floresta e dizia: Senhor do universo, presta atenção. Não sei como acender a fogueira, mas sou ainda capaz de recitar a oração. E o milagre realizava-se.
Mais tarde, o rabi Moshe-Leib de Sassov, para salvar o seu povo, ia também para a floresta e dizia: Não sei como acender a fogueira, não conheço a oração, mas consigo localizar o lugar e isso devia ser suficiente. E era suficiente e o milagre realizava-se.
Depois chegou a vez do rabi Israel de Rizsin afastar a ameaça. Sentado na sua cadeira, segurava a cabeça entre as mãos e falava assim a Deus: Sou incapaz de acender a fogueira, não conheço a oração, não posso sequer encontrar o lugar na floresta. Tudo o que sei fazer é contar esta história. Isso devia bastar. E bastava.»
(Comentário de Elie Wiesel: «Deus criou o homem porque gosta muito de histórias».)
«Quando o grande rabi Israel Baal Shem-Tov via que uma desgraça se tramava contra o povo judeu, tinha por costume ir-se recolher num certo lugar da floresta; aí acendia uma fogueira, recitava uma certa oração e o milagre realizava-se, afastando a desgraça.
Mais tarde, quando o seu discípulo, o célebre Maguid de Mezeritsch tinha de intervir junto do céu pelas mesmas razões, dirigia-se ao mesmo lugar na floresta e dizia: Senhor do universo, presta atenção. Não sei como acender a fogueira, mas sou ainda capaz de recitar a oração. E o milagre realizava-se.
Mais tarde, o rabi Moshe-Leib de Sassov, para salvar o seu povo, ia também para a floresta e dizia: Não sei como acender a fogueira, não conheço a oração, mas consigo localizar o lugar e isso devia ser suficiente. E era suficiente e o milagre realizava-se.
Depois chegou a vez do rabi Israel de Rizsin afastar a ameaça. Sentado na sua cadeira, segurava a cabeça entre as mãos e falava assim a Deus: Sou incapaz de acender a fogueira, não conheço a oração, não posso sequer encontrar o lugar na floresta. Tudo o que sei fazer é contar esta história. Isso devia bastar. E bastava.»
(Comentário de Elie Wiesel: «Deus criou o homem porque gosta muito de histórias».)
Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
Recomeça... se puderes, sem angústia e sem pressa e os passos que deres, nesse caminho duro do futuro, dá-os em liberdade, enquanto não alcances não descanses, de nenhum fruto queiras só metade.
Miguel Torga
Miguel Torga
hocosi- Moderador
- Mensagens : 2893
Likes : 372
Data de inscrição : 28/12/2011
Idade : 68
Localização : Portugal
Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
TJ Curioso escreveu:(Comentário de Elie Wiesel: «Deus criou o homem porque gosta muito de histórias».)
Por isso o nosso amigo mjp colocou aqui o artigo de Philipp Blom (página 18 deste tópico):
DEUS E O MERCADO, NO PENSAMENTO ILUMINISTA DE ENTÃO E DE AGORA.
hocosi- Moderador
- Mensagens : 2893
Likes : 372
Data de inscrição : 28/12/2011
Idade : 68
Localização : Portugal
Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
Não discuto com crentes. Saber que eles são enganados e roubados todos os dias já é o suficiente para mim.
hocosi- Moderador
- Mensagens : 2893
Likes : 372
Data de inscrição : 28/12/2011
Idade : 68
Localização : Portugal
Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
TJ Curioso escreveu:Texto de Elie Wiesel, a propósito da tradição hassídica:
«Quando o grande rabi Israel Baal Shem-Tov via que uma desgraça se tramava contra o povo judeu, tinha por costume ir-se recolher num certo lugar da floresta; aí acendia uma fogueira, recitava uma certa oração e o milagre realizava-se, afastando a desgraça.
Mais tarde, quando o seu discípulo, o célebre Maguid de Mezeritsch tinha de intervir junto do céu pelas mesmas razões, dirigia-se ao mesmo lugar na floresta e dizia: Senhor do universo, presta atenção. Não sei como acender a fogueira, mas sou ainda capaz de recitar a oração. E o milagre realizava-se.
Mais tarde, o rabi Moshe-Leib de Sassov, para salvar o seu povo, ia também para a floresta e dizia: Não sei como acender a fogueira, não conheço a oração, mas consigo localizar o lugar e isso devia ser suficiente. E era suficiente e o milagre realizava-se.
Depois chegou a vez do rabi Israel de Rizsin afastar a ameaça. Sentado na sua cadeira, segurava a cabeça entre as mãos e falava assim a Deus: Sou incapaz de acender a fogueira, não conheço a oração, não posso sequer encontrar o lugar na floresta. Tudo o que sei fazer é contar esta história. Isso devia bastar. E bastava.»
(Comentário de Elie Wiesel: «Deus criou o homem porque gosta muito de histórias».)
Só agora li a história.
Lindíssima!
E basta, mesmo.
E basta, mesmo, porque o que o homem não vê, vê Deus! E o que o homem não vê... entre muitas outras coisas, é o coração. Mas Deus vê. E isso basta.
E Deus gosta de histórias. Com toda a certeza que sim.
Porque histórias são percursos de homens. De homens que não O procuram, mas também de homens que O procuram, mesmo que se tenham esquecido da história ou ainda que jamais a tenham escutado.
Por isso Deus gosta de histórias, porque é imparcial e, em cada nação, aquele que procede segundo a Sua vontade revela ter a lei do amor de Deus e a Deus, escrita no seu coração.
Salva-se o homem que nunca ouviu falar da história que os homens da história contam? Ou que a ouviu, mas que a sua cultura e formação não lhe permite alcançar todo o sentido?
Sim. Porque foi por esses sem histórias e pelos que a contam mal ou que já dela se esqueceram, que Cristo morreu. Como está escrito: "por todos". Por todos os que têm no seu coração o amor de Deus e a Deus.
E porque a Bíblia não é o final da história, mas sim o seu verdadeiro grandioso começo... este é o pensamento a este respeito, desde grande pateta.
mjp- Forista desativado
- Mensagens : 6491
Likes : 223
Data de inscrição : 26/09/2011
Idade : 64
Localização : Lisboa
Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
hocosi escreveu:TJ Curioso escreveu:(Comentário de Elie Wiesel: «Deus criou o homem porque gosta muito de histórias».)
Por isso o nosso amigo mjp colocou aqui o artigo de Philipp Blom (página 18 deste tópico):
DEUS E O MERCADO, NO PENSAMENTO ILUMINISTA DE ENTÃO E DE AGORA.
O mjp colocou aqui o artigo, não para "desmascarar" nada, mas para tentar ajudar a "compreender".
Agora já não sei, e nisto sou mesmo muito sincero, é o que é que cada um "compreende"; se só o que consegue, se só aquilo que quer.
E se muitas leituras se podem fazer de um texto como esse, desde a objectiva exposição de como evoluiu a manipulação do pensamento e da maneira de ser e de viver das massas em função de objectivos menos nobres, até à forma como uma determinada matriz do ser e pensar se enraizou em nós até ao próprio ADN social e pessoal, uma outra me saltou à atenção: a LIBERDADE que cada um tem de DESCOBRIR em SI uma OUTRA forma de contar a HISTÓRIA e de a VIVER.
Em síntese, foi isso o que o mjp quis transmitir.
Mas como já li, também, meu caro hocosi, que não discutes com crentes e que te basta saber como eles são... ( não vou voltar atrás para ler) explorados e enganados, olha, eu por mim, já nem digo mais nada. Basta-me saber que os não crentes são todos, como também já li por aí, pessoas muito felizes.
Fico feliz por essa felicidade toda, mas não troco as minhas "complicações" por nenhuma felicidade do mundo. As minhas complicações e contradições e todas as dúvidas em cima de muito poucas certezas, entre muitas mais outras coisas, são o suficiente para eu ser o suficientemente feliz para me ir aguentando.
E como também já verifiquei ( mas só há muito pouquinho tempo ) que aqui as pessoas são, modo geral, radiosamente felizes... acho que devo continuar a pertencer em exclusividade ao clube a que pertencia antes de vos conhecer: "o dos que se vão aguentando".
mjp- Forista desativado
- Mensagens : 6491
Likes : 223
Data de inscrição : 26/09/2011
Idade : 64
Localização : Lisboa
Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
Dactlilografado directo do livro, para os meus "amigos" foristas.
Isto sim, é que é um "amigo" de não se deitar fora...
E aqui estou eu, disse-se o médico, a colaborar não colaborando com a continuação disto, com a pavorosa máquina doente da Saúde Mental trituradora no ovo dos germenzinhos de liberdade que em nós nascem sob a forma canhestra de um protesto inquieto, pactuando mediante o meu silêncio, o ordenado que recebo, a carreira que me oferecem: como resistir de dentro, quase sem ajuda, à inércia eficaz e mole da psiquiatria institucional, inventora da grande linha branca de separar a "normalidade" da "loucura" através de uma complexa e postiça rede de sintomas, da psiquiatria como grosseira alienação, como vingança dos castrados contra o pénis que não têm, como arma real da burguesia a que por nascença pertenço e que se torna tão difícil renegar, hesitando como hesito entre o imobilismo cómodo e a revolta penosa, cujo preço se paga caro porque se não tiver pais quem virá querer, à Roda, perfilhar-me? O Partido propõe-me a substituição de uma fé por outra, de uma mitologia por outra mitologia, e chegado a este ponto lembro-me sempre da frase da mãe de Blondin, "Não tenho a Fé mas tenho a Esperança", e guino no último instante para a esquerda na expectativa ansiosa de encontrar irmãos que me valham e a quem possa valer, por eles, por mim e pelo resto. E o resto, o que por pudor se não enumera, o importante, como uma espécie de aposta, de perde-ganha de uma probabilidade em trezentas, de acreditar na Branca de Neve e surgirem anõezinhos autênticos de sob os móveis a demonstrarem-nos que é possível ainda. Possível aqui e lá fora que os muros do hospital são concêntricos e abarcam o país inteiro até ao mar, ao Cais das Colunas, e às suas ondas domesticadas de rio à portuguesa, senhor de mansas fúrias reflectindo a cor do céu e enodoado da sombra gordurosa das nuvens, meu remorso chama-lhe o poeta, meu remorso de todos nós.
Memória de Elefante,
Lobo Antunes
Isto sim, é que é um "amigo" de não se deitar fora...
E aqui estou eu, disse-se o médico, a colaborar não colaborando com a continuação disto, com a pavorosa máquina doente da Saúde Mental trituradora no ovo dos germenzinhos de liberdade que em nós nascem sob a forma canhestra de um protesto inquieto, pactuando mediante o meu silêncio, o ordenado que recebo, a carreira que me oferecem: como resistir de dentro, quase sem ajuda, à inércia eficaz e mole da psiquiatria institucional, inventora da grande linha branca de separar a "normalidade" da "loucura" através de uma complexa e postiça rede de sintomas, da psiquiatria como grosseira alienação, como vingança dos castrados contra o pénis que não têm, como arma real da burguesia a que por nascença pertenço e que se torna tão difícil renegar, hesitando como hesito entre o imobilismo cómodo e a revolta penosa, cujo preço se paga caro porque se não tiver pais quem virá querer, à Roda, perfilhar-me? O Partido propõe-me a substituição de uma fé por outra, de uma mitologia por outra mitologia, e chegado a este ponto lembro-me sempre da frase da mãe de Blondin, "Não tenho a Fé mas tenho a Esperança", e guino no último instante para a esquerda na expectativa ansiosa de encontrar irmãos que me valham e a quem possa valer, por eles, por mim e pelo resto. E o resto, o que por pudor se não enumera, o importante, como uma espécie de aposta, de perde-ganha de uma probabilidade em trezentas, de acreditar na Branca de Neve e surgirem anõezinhos autênticos de sob os móveis a demonstrarem-nos que é possível ainda. Possível aqui e lá fora que os muros do hospital são concêntricos e abarcam o país inteiro até ao mar, ao Cais das Colunas, e às suas ondas domesticadas de rio à portuguesa, senhor de mansas fúrias reflectindo a cor do céu e enodoado da sombra gordurosa das nuvens, meu remorso chama-lhe o poeta, meu remorso de todos nós.
Memória de Elefante,
Lobo Antunes
mjp- Forista desativado
- Mensagens : 6491
Likes : 223
Data de inscrição : 26/09/2011
Idade : 64
Localização : Lisboa
Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!
(Isto talvez é ridículo aos ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as cousas,
Não compreende que fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)
Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e o sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda hora.
E a minha vida é toda uma oração e uma missa.
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.
E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?),
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora.
Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-las e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
Sinto todo meu corpo deitado na realidade
Sei a verdade e sou feliz.
(Alberto Caeiro)
hocosi- Moderador
- Mensagens : 2893
Likes : 372
Data de inscrição : 28/12/2011
Idade : 68
Localização : Portugal
Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
Citar Pessoa ou seus heterónimos para fazer vencer uma tese a respeito de Deus/Não Deus, é como comer uma deliciosa fruta naquela altura do ano em que uma forte gripe não nos deixa distinguir o sabor de uma banana de uma pera.
Fernando Pessoa, o órfão de Deus
A poesia de Pessoa é um diagnóstico espiritual que cartografa com exactidão não só as aspirações, mas também o profundo sentimento de perda que atravessa a Modernidade. A marca da cultura moderna não reside, ao contrário do que se diz, na ausência do sentimento religioso, da ética ou da estética. O que caracteriza a Modernidade, mais do que o vazio, é um extravagante excesso, mas sob um regime novo: o da radical autonomização que confere à cultura e ao homem um perfil estilhaçado. A partir de agora flutuamos como fragmentos de uma unidade perdida e inalcançável, e como sujeitos organizamo-nos entre orfandade e ficção.
No início do “Livro do Desassossego”, essa espécie de diário da nossa alma moderna, Fernando Pessoa (perdão, Bernardo Soares) avança as coordenadas epocais em que se situa, em que nos situamos:
“Nasci em um tempo em que a maioria dos jovens haviam perdido a crença em Deus, pela mesma razão que os seus maiores a haviam tido - sem saber porquê. E então, por que o espírito humano tende naturalmente para criticar por que sente, e não por que pensa, a maioria desses jovens escolheu a Humanidade para sucedâneo de Deus. Pertenço, porém, àquela espécie de homens que estão sempre na margem daquilo a que pertencem... Por isso nem abandonei Deus tão amplamente como eles, nem aceitei nunca a Humanidade… Não sabendo o que é a vida religiosa, nem podendo sabê-lo, por que se não tem fé com a razão; não podendo ter fé na abstracção do homem, nem sabendo mesmo que fazer dela perante nós, ficava-nos, como motivo de ter alma, a contemplação estética da vida”.
Porém, a “contemplação estética da vida”, só por si, é insuficiente como motor e sentido de uma existência. Esta entra demasiado depressa, como o poeta reconhece, num inverno inclemente e gelado. Por isso escreve: “Quando acabará isto tudo, estas ruas onde arrasto a minha miséria, e estes degraus onde encolho o meu frio e sinto as mãos da noite por entre os meus farrapos?”. E é aqui, no profundo drama da condição humana, na sua radical exposição, que se insinua a nostalgia de um Deus verdadeiro, em inesquecível diálogo com a parábola do filho pródigo (Lucas 15, 11-32): “Se um dia Deus me viesse buscar e me levasse para sua casa e me desse calor e afeição… Às vezes penso isto e choro com alegria a pensar que o posso pensar…”.
http://www.snpcultura.org/vol_fernando_pessoa_orfao_de_Deus.html
Fernando Pessoa, o órfão de Deus
A poesia de Pessoa é um diagnóstico espiritual que cartografa com exactidão não só as aspirações, mas também o profundo sentimento de perda que atravessa a Modernidade. A marca da cultura moderna não reside, ao contrário do que se diz, na ausência do sentimento religioso, da ética ou da estética. O que caracteriza a Modernidade, mais do que o vazio, é um extravagante excesso, mas sob um regime novo: o da radical autonomização que confere à cultura e ao homem um perfil estilhaçado. A partir de agora flutuamos como fragmentos de uma unidade perdida e inalcançável, e como sujeitos organizamo-nos entre orfandade e ficção.
No início do “Livro do Desassossego”, essa espécie de diário da nossa alma moderna, Fernando Pessoa (perdão, Bernardo Soares) avança as coordenadas epocais em que se situa, em que nos situamos:
“Nasci em um tempo em que a maioria dos jovens haviam perdido a crença em Deus, pela mesma razão que os seus maiores a haviam tido - sem saber porquê. E então, por que o espírito humano tende naturalmente para criticar por que sente, e não por que pensa, a maioria desses jovens escolheu a Humanidade para sucedâneo de Deus. Pertenço, porém, àquela espécie de homens que estão sempre na margem daquilo a que pertencem... Por isso nem abandonei Deus tão amplamente como eles, nem aceitei nunca a Humanidade… Não sabendo o que é a vida religiosa, nem podendo sabê-lo, por que se não tem fé com a razão; não podendo ter fé na abstracção do homem, nem sabendo mesmo que fazer dela perante nós, ficava-nos, como motivo de ter alma, a contemplação estética da vida”.
Porém, a “contemplação estética da vida”, só por si, é insuficiente como motor e sentido de uma existência. Esta entra demasiado depressa, como o poeta reconhece, num inverno inclemente e gelado. Por isso escreve: “Quando acabará isto tudo, estas ruas onde arrasto a minha miséria, e estes degraus onde encolho o meu frio e sinto as mãos da noite por entre os meus farrapos?”. E é aqui, no profundo drama da condição humana, na sua radical exposição, que se insinua a nostalgia de um Deus verdadeiro, em inesquecível diálogo com a parábola do filho pródigo (Lucas 15, 11-32): “Se um dia Deus me viesse buscar e me levasse para sua casa e me desse calor e afeição… Às vezes penso isto e choro com alegria a pensar que o posso pensar…”.
http://www.snpcultura.org/vol_fernando_pessoa_orfao_de_Deus.html
mjp- Forista desativado
- Mensagens : 6491
Likes : 223
Data de inscrição : 26/09/2011
Idade : 64
Localização : Lisboa
Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
Então? Ó vós, os iluminados, de tudo e de todos conhecedores! Ó vós que citais tudo e mais alguma coisa em função de um qualquer espelho que vos reflicta a face, nada dizeis a respeito de Pessoa, agora, que ele desnuda a alma na contemplação dessa possibilidade, ansiada até pelos mais reconhecidos génios da humanidade?
Citais o que pensais que vos é útil e nem isso conheceis!
Ah, humanidade, humanidade, quis Ele um dia reunir-nos debaixo das Suas Gloriosas Asas... mas vós e eu não o compreendemos...
mjp
Citais o que pensais que vos é útil e nem isso conheceis!
Ah, humanidade, humanidade, quis Ele um dia reunir-nos debaixo das Suas Gloriosas Asas... mas vós e eu não o compreendemos...
mjp
mjp- Forista desativado
- Mensagens : 6491
Likes : 223
Data de inscrição : 26/09/2011
Idade : 64
Localização : Lisboa
Texto de William Shakespeare
Gostei de ler isto:
Texto de William Shakespeare
"Depois de algum tempo você aprende a diferença, a subtil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes, não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.
E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobre que leva-se anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida.
Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem da vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.
Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa - por isso, sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a ultima vez que as vejamos.
Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser. Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.
Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve.
Aprende que, ou você controla seus actos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.
Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as consequências.
Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes, a pessoa que você espera que o chute quando você cai, é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.
Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas, do que com quantos aniversários você celebrou.
Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.
Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo.
Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.
Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte.
Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás. Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores.
E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!"
Texto de William Shakespeare
"Depois de algum tempo você aprende a diferença, a subtil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes, não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.
E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobre que leva-se anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida.
Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem da vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.
Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa - por isso, sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a ultima vez que as vejamos.
Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser. Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.
Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve.
Aprende que, ou você controla seus actos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.
Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as consequências.
Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes, a pessoa que você espera que o chute quando você cai, é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.
Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas, do que com quantos aniversários você celebrou.
Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.
Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo.
Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.
Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte.
Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás. Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores.
E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!"
Kristy123- Moderador
- Mensagens : 5226
Likes : 264
Data de inscrição : 15/10/2013
Idade : 105
Localização : Lisboa
Re: Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.
Encosta-te.
Ouve o som do mundo, na palma da tua mão. Ouve os pássaros que partem, ouve os gritos que calam.
Ouve a minha voz em ti. Vê as brisas que te cantam ao ouvido, músicas que nunca ouviste, cores que nunca sentiste. Cores que te queimam a pele de amores nunca vividos. Luzes nunca antes acesas pelo teu medo de fechar os olhos e ouvir. Ouve.
Observa o canto que não te diz as palavras que esqueceste. Deixa-as estar, porque tu estás onde precisas de estar. Ouve com os olhos abertos para o desconhecido – lá não vês nada sem antes veres dentro de ti.
O desconhecido reside em tudo o que viste, guardaste e esqueceste. Se o teu desejo é lembrar, encosta-te.
Ouve com os meus olhos, as cores do teu passado. Eu resido em tudo o que foi, porque é, sempre será. Não sou bola, não sou quadrado. Não sou linha, vertical ou horizontal. Sou o floco que cai, sou a flor que murcha. Sou uma explosão de estrelas, sou o tempo que não começa.
Tempo. Queres saber o que é? É uma perspectiva limitada e interpretada pela lógica. É um fluxo que corre pelas veias do material. Material esse, que reside nos cantos do teu mundo universal. Não há palavras que completem esse entendimento, porque foram as palavras que criaram a definição de entender.
Sai do que te define, sai do que entendes. Porque a verdade reside na mais simples descodificação de sentidos. Sentir é a verdade, não há palavras, não há razões. Sentir é entender. Entender é afirmar. Afirmar é ser. Sente-me, entende-me, afirma-me e sê-me. Tu és o brilho de todas as estrelas. És a parte do floco, és a parte da flor. E se eu sou o floco, e se eu sou a flor, quem és tu? Sou um espelho e vocês são as partículas que formam esse espelho. Vocês formam-me, e Eu sou, cada partícula a reflectir diferentes imagens de mim. Vocês movem-me individualmente para onde querem ir, e eu vou. Sempre ao pé. Os teus pés andam, e tu percorres o tempo á procura do meu espaço. Mas o espelho está parado, e vocês, partículas, procuram-me a falar do tempo que não existe.
Eu sei quem és, e tu… Sabes quem sou?
(texto escrito por uma jovem de 18 anos)
Ouve o som do mundo, na palma da tua mão. Ouve os pássaros que partem, ouve os gritos que calam.
Ouve a minha voz em ti. Vê as brisas que te cantam ao ouvido, músicas que nunca ouviste, cores que nunca sentiste. Cores que te queimam a pele de amores nunca vividos. Luzes nunca antes acesas pelo teu medo de fechar os olhos e ouvir. Ouve.
Observa o canto que não te diz as palavras que esqueceste. Deixa-as estar, porque tu estás onde precisas de estar. Ouve com os olhos abertos para o desconhecido – lá não vês nada sem antes veres dentro de ti.
O desconhecido reside em tudo o que viste, guardaste e esqueceste. Se o teu desejo é lembrar, encosta-te.
Ouve com os meus olhos, as cores do teu passado. Eu resido em tudo o que foi, porque é, sempre será. Não sou bola, não sou quadrado. Não sou linha, vertical ou horizontal. Sou o floco que cai, sou a flor que murcha. Sou uma explosão de estrelas, sou o tempo que não começa.
Tempo. Queres saber o que é? É uma perspectiva limitada e interpretada pela lógica. É um fluxo que corre pelas veias do material. Material esse, que reside nos cantos do teu mundo universal. Não há palavras que completem esse entendimento, porque foram as palavras que criaram a definição de entender.
Sai do que te define, sai do que entendes. Porque a verdade reside na mais simples descodificação de sentidos. Sentir é a verdade, não há palavras, não há razões. Sentir é entender. Entender é afirmar. Afirmar é ser. Sente-me, entende-me, afirma-me e sê-me. Tu és o brilho de todas as estrelas. És a parte do floco, és a parte da flor. E se eu sou o floco, e se eu sou a flor, quem és tu? Sou um espelho e vocês são as partículas que formam esse espelho. Vocês formam-me, e Eu sou, cada partícula a reflectir diferentes imagens de mim. Vocês movem-me individualmente para onde querem ir, e eu vou. Sempre ao pé. Os teus pés andam, e tu percorres o tempo á procura do meu espaço. Mas o espelho está parado, e vocês, partículas, procuram-me a falar do tempo que não existe.
Eu sei quem és, e tu… Sabes quem sou?
(texto escrito por uma jovem de 18 anos)
Kristy123- Moderador
- Mensagens : 5226
Likes : 264
Data de inscrição : 15/10/2013
Idade : 105
Localização : Lisboa
Página 12 de 14 • 1 ... 7 ... 11, 12, 13, 14
Tópicos semelhantes
» Superintendente de Zona - William Malefant - Visita Portugal
» Literatura, o Veneno Social
» Postos de literatura JW iluminados toda a noite
» Onde encontrar literatura das tj anterior a 1970?
» A História do Racismo na Literatura da Torre de Vigia
» Literatura, o Veneno Social
» Postos de literatura JW iluminados toda a noite
» Onde encontrar literatura das tj anterior a 1970?
» A História do Racismo na Literatura da Torre de Vigia
Página 12 de 14
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos