Neo-Ateísmo, Um Delírio!
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Neo-Ateísmo, Um Delírio!
Um texto de Luiz Felipe Pondé.
http://neoateismodelirio.wordpress.com/2009/10/31/luiz-felipe-ponde-ateismo-militante-e-auto-ajuda-para-ateus-inseguros/Há mais gente que concorda com a visão de que o neo ateísmo (ou ateísmo militante) não passa de auto-ajuda.
Em uma entrevista publicada neste link (fonte: Usininos) o filósofo ateu judeu Luiz Felipe Pondé fala sobre a ilusão dessa patuléia seguidora de Dawkins e turminha.
Leiam a seguir:
IHU On-Line – Poderia explicar com detalhes sua idéia de que o livro de Dawkins não passa de um libelo político? O que quer dizer com isso?
Luiz Felipe Pondé – Não há idéias novas no sentido da biologia darwinista ou sua concepção cosmológica; sua intenção é convencer a neo-esquerda (mistura de iluminismo anti-clerical + foucaultismo das minorias oprimidas) de que o darwinismo não tem a política “de direita” do darwinismo social, mas sim é uma teoria que liberta do medo da opressão metafísica de uma autoridade louca como Deus. O ateu pode sair do armário, como ele diz, e será feliz. Essa idéia é melhor apresentada por gente como Nietzsche, Rosset , Gracian , e todos os trágicos, sem a tentativa de cooptar os pequenos desejos de felicidade banal da gente contemporânea. Seu iluminismo é aquele que pensa que a confessionalidade atéia nos deixa mais felizes. Por definição, não levo a sério ninguém que associa suas idéias e venda de alegria, mesmo que supostamente dolorida.
IHU On-Line – Vivemos numa época na qual se corre o risco de abandonarmos a crença em Deus para abraçarmos uma crença antropocêntrica? O que isso demonstra a respeito de nossa sociedade?
Luiz Felipe Pondé – Nada além da tendência do pecado (falando teologicamente). Do ponto de vista judaico, pecar é errar o alvo: queremos acertar o alvo de sermos o centro do mundo e independentes de Deus, mas acertamos o alvo da coisficação (em hebraico clássico, ‘morte = o ques’… coisa, objeto…). Historicamente, o antropocentrismo é figura de nosso banal desespero em termos de um cérebro que pensa mais do que agüenta e, por isso, acaba buscando formas que o acalmem. Teologicamente, é idolatria. Filosoficamente, o antropocentrismo é simples empobrecimento epistêmico, Deus é o melhor de todos os conceitos, e o contato com Ele nos torna mais inteligentes. A prova é que o antropocentrismo foi obrigado a cair no Dawkins político e as variadas formas de auto-ajuda. Pessoalmente, só respeito a filosofia trágica, além, é claro, aquela que dialoga com Deus. Quanto à nossa socidedade, talvez uma coisa boa fosse pararmos de pensar em termos político-sociais. O futuro do antropocentrismo é a mania de políticas públicas + publicidade auto-ajuda. Isso é matemático.
IHU On-Line – A paixão pela razão pode ser um elemento explicativo para esse comportamento? Por quê?
Luiz Felipe Pondé – Só se pensarmos em “razão” no sentido reduzido de causa-efeito empiricamente perceptível e suas funções instrumentais.
IHU On-Line – O niilismo em suas diversas nuances é conseqüência dessa postura fundamentalista atéia que presenciamos?
Luiz Felipe Pondé – O niilismo ou é aquilo que Nietzsche critica (melancolia covarde de ressentidos sem fé) ou arrogância que vai do cinismo à mentira revolucionária do homem que se auto-funda (a neurose de Adão), niilismo russo descrito por Turgueniev e Dostoiévski. Acho que o niilismo pode ser um conceito essencial como experiência da transcendência para o nada, aquilo que a razão e a consciência encontram quando operam sua mecânica escatológica cética e percebem o não fundamento de si mesmas… a experiência do deserto: o olhar no olhos do vazio que nos habita. Nesse sentido, tanto psicológico quanto teológico, é terapêutico.
IHU On-Line – Como podemos compreender o “flerte” de Dawkins com alguns totalitarismos do presente?
Luiz Felipe Pondé – Nada além da repetição de tentarmos deduzir o mundo e suas múltiplas faces a partir de idéias que algumas pessoas têm em seus escritórios e acham que todo mundo deve se organizar a partir delas. Contra ele, Edmund Burke : temos os sofistas, calculadores da perfectibilidade humana e os economistas. Qualquer um que ache que exista uma lógica da felicidade passível de se formular em duas ideais é totalitário, principalmente quando oferece a ciência como fundamento: quando a ciência sai do laboratório, ela é sempre opressora.
IHU On-Line – O ateísmo chique de Dawkins reedita o embate fé-razão. Por que é importante definir quais dos dois campos está correto na explicação da origem da vida?
Luiz Felipe Pondé – Não acho que seja necessário uma explicação que opere em uma das pontas. Não partilho da idéia de que exista tal oposição, pelo menos nos moldes de como é colocado (esclarecimento x escuridão, por exemplo, o que é pra iniciantes que acreditam na utopia racionalista moderna). Dawkins não é elegante em seu ateísmo. O darwinismo é elegante em sua tentativa de negar o argumento de Aristóteles ao design inteligente, e acho que devemos enfrentar essa elegância. Nietzsche é um “ateu elegante”, Freud também. Esse livro do Dawkins é uma auto-ajuda para ateus inseguros.
IHU On-Line – Como você, pessoalmente, entende a relação entre esses dois campos? Como complementaridade ou exclusão?
Luiz Felipe Pondé – Como disse acima, não reconheço essa oposição. Proponho a leitura de Raison et foi, de Alain de Libera : essa oposição é típica das más soluções que a teologia do século XIII em diante deu para a relação com Aristóteles e sua herança medieval dos “filósofos artisans e não teólogos”. Como sempre, como diria Heine sobre os teólogos de sua época, “só se é traído pelos seus, assim como hoje vemos a teologia orar aos pés da sociologia e das modas políticas foucaultianas. Não há oposição entre fé e razão. Há uma relação de trabalho entre elas, ainda mais porque são centros de atividade do mesmo animal, o ser humano. O fato que alguns homens e mulheres têm fé e outros não é um problema da psicologia e da teologia da personalidade. Quando fé e razão estão postas na mesma pessoa, e aí não falta repertório ou não abunda o medo, o diálogo é sempre rico, mas nem sempre fácil.
IHU On-Line – Qual seria seu contra-argumento à afirmação de Dawkins de que as religiões são nocivas ao bem-estar da humanidade?
Luiz Felipe Pondé – A filosofia do bem-estar é utilitarismo. A preocupação com o bem-estar leva o homem à burrice e a ontologia da vida como empresa e eficácia. Não há evidências empíricas de que a humanidade sem a fé seria mais feliz. A humanidade é infeliz e, como eu disse antes, não levo a sério filósofos preocupados com o bem-estar na humanidade: afinal o que é isso? Vivemos há algum tempo já numa filosofia do bem-estar: TV a cabo, liberdades sexuais, suposição democrática, antibióticos. Falta ao bem-estar de Dawkins a sutileza de quem pensa o ser humano como animal ferido que é. Como diria Chesterton , não há problema em não se acreditar em Deus; o problema é que se acaba sempre acreditando em alguma besteira, como, por exemplo, no bem-estar da humanidade.
Re: Neo-Ateísmo, Um Delírio!
Achei muito interessante essa entrevista, pois ultimamente estamos sendo invadidos por discursos fundamentalistas e extremistas seja religioso, seja neo-ateo.
O neo-ateísmo virou moda e se mostra tão equivocado quanto o fanatismo de determinados grupos religiosos.
Sou agnóstico e admirador de ateus com conteúdo e com obras que realmente levam a uma discussão séria, mas totalmente avesso ao "modismo" neo ateu a quem eu costumo classificar de ateus passionais ou ateus de wikipédia.
Então, vale sempre dizer que existem ateus e "ateus".
O neo-ateísmo virou moda e se mostra tão equivocado quanto o fanatismo de determinados grupos religiosos.
Sou agnóstico e admirador de ateus com conteúdo e com obras que realmente levam a uma discussão séria, mas totalmente avesso ao "modismo" neo ateu a quem eu costumo classificar de ateus passionais ou ateus de wikipédia.
Então, vale sempre dizer que existem ateus e "ateus".
Re: Neo-Ateísmo, Um Delírio!
O neo-ateísmo ou ateísmo de wikipédia (pouco profundidade) virou moda aqui no Brasil. O que tem de pessoas só postando contra a religião e Deus como forma de "eleger" o ateísmo como solução é algo alarmante. Alarmante não pela informação ou pelo questionamento, mas pelo fato de ser uma "pregação" tão radical e tacanha como o fundamentalismo religioso.
Que os ateus sérios e conscientes possam reverter essa situação.
Que os ateus sérios e conscientes possam reverter essa situação.
Re: Neo-Ateísmo, Um Delírio!
UP!
Este artigo merece comentários... e uma reflexão séria sobre ele.
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Re: Neo-Ateísmo, Um Delírio!
Como está esse movimento aí em Portugal?mjp escreveu:UP!
Este artigo merece comentários... e uma reflexão séria sobre ele.
Re: Neo-Ateísmo, Um Delírio!
Olá Pascoal
Já fiz a cópia e a colagem para os meus arquivos pessoais de pesquisa na internet, dos artigos que nos ofereceste. Da minha parte, muito obrigado!
Aqui, em Portugal, não temos um povo muito dado à reflexão crítica de assuntos mais intrincados e que obriguem a uma análise fria e desapaixonada dos fenómenos do pensamento e dos seus reflexos na vida do dia a dia, de todos nós, pelo que não se dá por movimentos estruturantes em corrente de pensamento sobre a matéria. Um ou outro colunista, nalgum artigo de jornal, vai alertando mais para os resultados dessas novas formas de pensar o ser e o estar que para as suas fontes.
Livros a respeito do assunto não procuro pois, hoje, quem escreve, é ele próprio resultado desta já muito arreigada ideia de que nada é fundamental, e uma sociedade sem fundamentos...
O portugues é um niilista com ar de pateta alegre, sem perceber a contradição entre o ser-se niilista e o sentir-se niilista, daí o adjectivo qualificativo pateta e, conclusivamente, sem extrair, e muito menos reflectir, sobre as consequencias a que a reflexão de Dostoievsky sobre o niilismo obriga.
Mas em Portugal todos citam esses grandes monstros da literatura, da filosofia e das outras humanidades, como pagaios palrantes, sem retirarem deles as consequencias pessoais e sociais a que tais linhas condutoras do pensamento, necessariamente, chegam. Portanto, temos por cá e em barda, aglomerando-se quais macacos para receberem amendoins, todo o género de patetas alegres, de todas as formações e escolas e estractos sociais, à espera dos novos amendoins desta nova vaga que está muito bem caracterizada na entrevista, como os novos fundamentalismos anti-fundamentalistas.
Não me alargo mais neste comentário, ou eu próprio me fundamentalizo como um anti-fundamentalista fundamental...
Já fiz a cópia e a colagem para os meus arquivos pessoais de pesquisa na internet, dos artigos que nos ofereceste. Da minha parte, muito obrigado!
Aqui, em Portugal, não temos um povo muito dado à reflexão crítica de assuntos mais intrincados e que obriguem a uma análise fria e desapaixonada dos fenómenos do pensamento e dos seus reflexos na vida do dia a dia, de todos nós, pelo que não se dá por movimentos estruturantes em corrente de pensamento sobre a matéria. Um ou outro colunista, nalgum artigo de jornal, vai alertando mais para os resultados dessas novas formas de pensar o ser e o estar que para as suas fontes.
Livros a respeito do assunto não procuro pois, hoje, quem escreve, é ele próprio resultado desta já muito arreigada ideia de que nada é fundamental, e uma sociedade sem fundamentos...
O portugues é um niilista com ar de pateta alegre, sem perceber a contradição entre o ser-se niilista e o sentir-se niilista, daí o adjectivo qualificativo pateta e, conclusivamente, sem extrair, e muito menos reflectir, sobre as consequencias a que a reflexão de Dostoievsky sobre o niilismo obriga.
Mas em Portugal todos citam esses grandes monstros da literatura, da filosofia e das outras humanidades, como pagaios palrantes, sem retirarem deles as consequencias pessoais e sociais a que tais linhas condutoras do pensamento, necessariamente, chegam. Portanto, temos por cá e em barda, aglomerando-se quais macacos para receberem amendoins, todo o género de patetas alegres, de todas as formações e escolas e estractos sociais, à espera dos novos amendoins desta nova vaga que está muito bem caracterizada na entrevista, como os novos fundamentalismos anti-fundamentalistas.
Não me alargo mais neste comentário, ou eu próprio me fundamentalizo como um anti-fundamentalista fundamental...
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Re: Neo-Ateísmo, Um Delírio!
Há um ditado : " De tanto pensar , morreu um burro"
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Re: Neo-Ateísmo, Um Delírio!
O escritor inglês G.K. Chesterton costumava dizer que "quando os homens deixam de acreditar em Deus, não significa que eles passam a acreditar em nada; eles passam a acreditar em qualquer coisa". Uma notícia absurda sobre a cidade italiana de Veneza confirma o pensamento do escritor. Segundo os jornais locais, crianças de 2 à 8 anos teriam sido proibidas de brincar num parque da região de Villa Groggia, após uma madame ter reclamado às autoridades que o seu cão estava sendo perturbado.
Fonte aqui:
http://padrepauloricardo.org/blog/o-neopaganismo-e-os-animais-de-estimacao
Assim é que eu gosto! Que lhes vão caindo as máscaras!
A total inversão de valores... a questão não são os animais, claro! A questão é a estupidez humana que alastra, alastra, alastra...
Fonte aqui:
http://padrepauloricardo.org/blog/o-neopaganismo-e-os-animais-de-estimacao
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