Sabia que ser corrupto é como ter mau hálito? É o Papa que o diz
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Sabia que ser corrupto é como ter mau hálito? É o Papa que o diz
Num livro recém-chegado ao mercado português, o então Arcebispo de Buenos Aires fala de corrupção de uma forma que deve ser lida por todos. É o que diz o agnóstico Paulo Morais.
A corrupção não é um pecado, nem um acto, é um estado e como tal não pode ser perdoado, apenas curado. É o que defende Jorge Maria Bergoglio, actualmente Papa Francisco, no livro "Corrupção e Pecado" (2005), editado recentemente em Portugal pela Gradiva.
A obra do então Arcebispo de Buenos Aires explora o tema da corrupção a partir de uma perspectiva religiosa. Mas o agnóstico Paulo Morais, que escreveu o prefácio da edição portuguesa, acredita que se trata de uma obra que não se destina exclusivamente a um universo religioso.
"Este é um livro que deve ser lido por toda a gente, desde logo porque o Papa faz o contraste da relação entre a religião e o pecado e a religião e a corrupção", diz à Renascença Paulo Morais, que é vice-presidente da associação Transparência e Integridade e estudioso do fenómeno da corrupção.
"O que o Papa defende ao longo das páginas é que o pecado perdoa-se, mas a corrupção jamais se pode perdoar, a corrupção tem de ser curada, não pode ser perdoada", diz.
Porquê? "O Papa entende que a corrupção é a assimilação permanente do pecado. Portanto, a partir do momento em que o pecado é assimilado permanentemente pelo humano, não há perdão que resolva o problema, até porque também não há arrependimento."
Esta distinção entre pecado e corrupção é mesmo uma das linhas centrais do livro, levando Bergoglio a exemplificar com alguns casos bíblicos de pessoas que se converteram quando contactaram com Jesus: "Alguém pode ser grande pecador e, porém, não ter caído na corrupção: talvez seja o caso de Zaqueu, Mateus, a Samaritana, Nicodemos, o Bom Ladrão, que tinham algo no seu coração que os salvou da corrupção".
Triunfalismo e proselitismo
Ao longo de cerca de meia-centena de páginas, as acusações de Bergoglio acumulam-se, concluindo numa série de características que são comuns aos estados de corrupção: "O pecador espera o perdão; o corrupto, por seu turno, não, porque não se sente em pecado: triunfou".
A este triunfalismo soma-se o proselitismo. Por oposição ao pecado e à tentação, que são "contagiosos", o corrupto procura activamente ganhar cúmplices, diz, por seu lado, Paulo Morais.
"O corrupto tem sempre tendência a criar um grupo de apaniguados à sua volta. Aliás, uma das características da corrupção, em particular a corrupção na política, é que ela faz-se em grupo. Inclusivamente, e o Papa refere isso ao longo do livro. O corrupto nunca tem amigos e inimigos, tem é cúmplices, que são aqueles que o acompanham e tem aqueles que obstam à corrupção, que entende como inimigos, mas a amizade é algo que o corrupto não conhece, porque apenas conhece a cumplicidade."
Todos estes factos, conclui o agora Papa Francisco, conduzem a uma obrigação moral de se denunciar, sempre que possível, a corrupção. Até porque, segundo o mesmo: "O corrupto não se apercebe da sua corrupção. Acontece o mesmo com o mau hálito".
Paulo de Morais concorda: "O Papa diz isto, justamente, chamando atenção para este facto e dizendo que a corrupção tem de ser denunciada. É talvez até o aspecto mais surpreendente do livro, o Papa faz um apelo forte à denúncia da corrupção. Uma vez que a corrupção não tem perdão, não há nada como ser denunciada para poder ser eventualmente curada, desde logo no plano social e, eventualmente, no plano individual. Há sempre arrependidos, sendo que o arrependimento na corrupção, infelizmente, não é comum."
"Manhas"
O título deste livro é "Corrupção e pecado" e a análise do Papa entra por vezes por uma linguagem e uma densidade que não são fáceis de acompanhar. Mas pelo meio há alguns comentários claríssimos e actuais, como numa nota de rodapé em que Bergoglio fala de uma mulher cuja carteira é roubada e que se queixa às amigas do estado a que chegou o mundo".
Mas, escreve o Papa, "a senhora em questão não pensa no modo como o seu marido, nos negócios, burla o Estado não pagando os impostos, como despede funcionários de três em três meses para evitar passá-los a contrato sem termo. O marido, e talvez ela também, faz gala publicamente destas manhas empresariais e comerciais."
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=29&did=165925
A corrupção não é um pecado, nem um acto, é um estado e como tal não pode ser perdoado, apenas curado. É o que defende Jorge Maria Bergoglio, actualmente Papa Francisco, no livro "Corrupção e Pecado" (2005), editado recentemente em Portugal pela Gradiva.
A obra do então Arcebispo de Buenos Aires explora o tema da corrupção a partir de uma perspectiva religiosa. Mas o agnóstico Paulo Morais, que escreveu o prefácio da edição portuguesa, acredita que se trata de uma obra que não se destina exclusivamente a um universo religioso.
"Este é um livro que deve ser lido por toda a gente, desde logo porque o Papa faz o contraste da relação entre a religião e o pecado e a religião e a corrupção", diz à Renascença Paulo Morais, que é vice-presidente da associação Transparência e Integridade e estudioso do fenómeno da corrupção.
"O que o Papa defende ao longo das páginas é que o pecado perdoa-se, mas a corrupção jamais se pode perdoar, a corrupção tem de ser curada, não pode ser perdoada", diz.
Porquê? "O Papa entende que a corrupção é a assimilação permanente do pecado. Portanto, a partir do momento em que o pecado é assimilado permanentemente pelo humano, não há perdão que resolva o problema, até porque também não há arrependimento."
Esta distinção entre pecado e corrupção é mesmo uma das linhas centrais do livro, levando Bergoglio a exemplificar com alguns casos bíblicos de pessoas que se converteram quando contactaram com Jesus: "Alguém pode ser grande pecador e, porém, não ter caído na corrupção: talvez seja o caso de Zaqueu, Mateus, a Samaritana, Nicodemos, o Bom Ladrão, que tinham algo no seu coração que os salvou da corrupção".
Triunfalismo e proselitismo
Ao longo de cerca de meia-centena de páginas, as acusações de Bergoglio acumulam-se, concluindo numa série de características que são comuns aos estados de corrupção: "O pecador espera o perdão; o corrupto, por seu turno, não, porque não se sente em pecado: triunfou".
A este triunfalismo soma-se o proselitismo. Por oposição ao pecado e à tentação, que são "contagiosos", o corrupto procura activamente ganhar cúmplices, diz, por seu lado, Paulo Morais.
"O corrupto tem sempre tendência a criar um grupo de apaniguados à sua volta. Aliás, uma das características da corrupção, em particular a corrupção na política, é que ela faz-se em grupo. Inclusivamente, e o Papa refere isso ao longo do livro. O corrupto nunca tem amigos e inimigos, tem é cúmplices, que são aqueles que o acompanham e tem aqueles que obstam à corrupção, que entende como inimigos, mas a amizade é algo que o corrupto não conhece, porque apenas conhece a cumplicidade."
Todos estes factos, conclui o agora Papa Francisco, conduzem a uma obrigação moral de se denunciar, sempre que possível, a corrupção. Até porque, segundo o mesmo: "O corrupto não se apercebe da sua corrupção. Acontece o mesmo com o mau hálito".
Paulo de Morais concorda: "O Papa diz isto, justamente, chamando atenção para este facto e dizendo que a corrupção tem de ser denunciada. É talvez até o aspecto mais surpreendente do livro, o Papa faz um apelo forte à denúncia da corrupção. Uma vez que a corrupção não tem perdão, não há nada como ser denunciada para poder ser eventualmente curada, desde logo no plano social e, eventualmente, no plano individual. Há sempre arrependidos, sendo que o arrependimento na corrupção, infelizmente, não é comum."
"Manhas"
O título deste livro é "Corrupção e pecado" e a análise do Papa entra por vezes por uma linguagem e uma densidade que não são fáceis de acompanhar. Mas pelo meio há alguns comentários claríssimos e actuais, como numa nota de rodapé em que Bergoglio fala de uma mulher cuja carteira é roubada e que se queixa às amigas do estado a que chegou o mundo".
Mas, escreve o Papa, "a senhora em questão não pensa no modo como o seu marido, nos negócios, burla o Estado não pagando os impostos, como despede funcionários de três em três meses para evitar passá-los a contrato sem termo. O marido, e talvez ela também, faz gala publicamente destas manhas empresariais e comerciais."
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=29&did=165925
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Re: Sabia que ser corrupto é como ter mau hálito? É o Papa que o diz
Acho muito interessante estas reflexões, mas acho que acabam por perder a sua força vindas de uma instituição que ao longo dos séculos mais praticou a corrupção.
É como um banqueiro escrever um livro sobre os males que grassam na humanidade: desde os juros praticados pelos bancos, à expropriação de casas de pessoas que perdem seu emprego e que deixam de pagar suas dívidas, etc.
Quanto a mim não passa de um falso moralismo, porque para se criticar algo temos de estar à parte daquilo que criticamos e não fazer parte do sistema que o promove.
É como um banqueiro escrever um livro sobre os males que grassam na humanidade: desde os juros praticados pelos bancos, à expropriação de casas de pessoas que perdem seu emprego e que deixam de pagar suas dívidas, etc.
Quanto a mim não passa de um falso moralismo, porque para se criticar algo temos de estar à parte daquilo que criticamos e não fazer parte do sistema que o promove.
Re: Sabia que ser corrupto é como ter mau hálito? É o Papa que o diz
TJ Curioso escreveu:Acho muito interessante estas reflexões, mas acho que acabam por perder a sua força vindas de uma instituição que ao longo dos séculos mais praticou a corrupção.
É como um banqueiro escrever um livro sobre os males que grassam na humanidade: desde os juros praticados pelos bancos, à expropriação de casas de pessoas que perdem seu emprego e que deixam de pagar suas dívidas, etc.
Quanto a mim não passa de um falso moralismo, porque para se criticar algo temos de estar à parte daquilo que criticamos e não fazer parte do sistema que o promove.
Faz aquilo que digo e não aquilo que faço (Pode ser o homem mais correto ao cimo da terra, mas a organização que representa... sem comentários).
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Re: Sabia que ser corrupto é como ter mau hálito? É o Papa que o diz
tanto é corrupto quem corrompe com quem se deixa corromper
ou não é ?!
por isso é que sempre afirmei que a Inquisição é culpa repartida entre reis e padres, entre monarquias e clero. Já para não falar das histerias do povo com pavor da peste e etc...etc...
ou não é ?!
por isso é que sempre afirmei que a Inquisição é culpa repartida entre reis e padres, entre monarquias e clero. Já para não falar das histerias do povo com pavor da peste e etc...etc...
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Re: Sabia que ser corrupto é como ter mau hálito? É o Papa que o diz
Altar escreveu:tanto é corrupto quem corrompe com quem se deixa corromper
ou não é ?!
por isso é que sempre afirmei que a Inquisição é culpa repartida entre reis e padres, entre monarquias e clero. Já para não falar das histerias do povo com pavor da peste e etc...etc...
Altar, nem estava a pensar na Inquisição que quanto a mim foi mais um meio de repressão religiosa e controlo das massas pelo medo do que propriamente corrupção.
Com respeito a este assunto da corrupção, aconselhava-te a leitura deste livro. Posso emprestar-to.
Sinopse
O Vaticano Contra Cristo foi escrito por um conjunto de monsenhores ao serviço da Igreja na Cúria Romana, que assinam com o pseudónimo I Millenari. Se só o nome de mons.Luigi Marinelli veio a público, é porque, já jubilado, mais facilmente poderia resistir às sanções eclesiásticas. A sua intenção não é panfletária. Pelo contrário, se ousam, em nome do Evangelho, denunciar o carreirismo, o tráfico de influências, os jogos e concluios de poder, os comportamentos dúbios e escandalosos, as mentiras, a promoção de incompetentes servis, os privilégios da casta clerical no topo da hierarquia eclesiástica, é para que a igreja entre no novo milénio mais próxima do projecto de Jesus.
O Vaticano Conta Cristo vendeu mais de 100 mil exemplares em Itália, estando já traduzido em várias línguas.
«Mosenhor Marinelli é o prelado que a Santa Sé quer processar pelo escândalo: "A obra é da autoria de muitos religiosos. (...) O livro sobre o Vaticano? É tudo verdade. (...) Omitimos os factos mais chocantes.»
Corriere della Sera
Re: Sabia que ser corrupto é como ter mau hálito? É o Papa que o diz
Existe alguma versão em pdf que me possas enviar?
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Re: Sabia que ser corrupto é como ter mau hálito? É o Papa que o diz
É como dizes esse livro é de muitos autores, inclusive cardeais
http://en.wikipedia.org/wiki/Gone_with_the_Wind_in_the_Vatican
não é bom isso ?!
que dentro da própria Igreja existem movimentos que tentem limpá-la por dentro ?!
o próprio papa é disso exemplo
http://en.wikipedia.org/wiki/Gone_with_the_Wind_in_the_Vatican
não é bom isso ?!
que dentro da própria Igreja existem movimentos que tentem limpá-la por dentro ?!
o próprio papa é disso exemplo
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Re: Sabia que ser corrupto é como ter mau hálito? É o Papa que o diz
Altar escreveu:É como dizes esse livro é de muitos autores, inclusive cardeais
http://en.wikipedia.org/wiki/Gone_with_the_Wind_in_the_Vatican
não é bom isso ?!
que dentro da própria Igreja existem movimentos que tentem limpá-la por dentro ?!
o próprio papa é disso exemplo
Dizes bem. "Limpá-la por dentro". Uma fruta podre, por muito que se limpe! "Tentem", também dizes bem. O que vale são as intenções, não é?
A corrupção não é um pecado
Esta é boa.
“Ai dos que decretam leis injustas, e dos escrivães que escrevem perversidades, para privar da justiça os pobres, e para arrebatar o direito dos aflitos do meu povo, despojando as viúvas, e roubando os órfãos! Mas que fareis no dia da visitação, e da assolação, que há de vir de longe? A quem recorrereis para obter socorro, e onde deixareis a vossa glória, sem que cada um se abata entre os presos, e caia entre os mortos?” Isaías 10:1-4
Última edição por hocosi em Qua Out 22 2014, 13:17, editado 1 vez(es)
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Re: Sabia que ser corrupto é como ter mau hálito? É o Papa que o diz
Qual é a base da corrupção?
Existem várias razões. Mas quanto a mim são: ganância, desejo de poder ou favoritismo, obtenção de coisas materiais mesmo não tendo trabalhado honestamente para as obter, amor ao dinheiro, etc.
Se isto não é pecado, então não sei o que mais possa ser.
A corrupção é um ato que tem duas vias: corromper e deixar-se corromper. As razões acima alistadas são "pecados" que conduzem à corrupção.
Existem várias razões. Mas quanto a mim são: ganância, desejo de poder ou favoritismo, obtenção de coisas materiais mesmo não tendo trabalhado honestamente para as obter, amor ao dinheiro, etc.
Se isto não é pecado, então não sei o que mais possa ser.
A corrupção é um ato que tem duas vias: corromper e deixar-se corromper. As razões acima alistadas são "pecados" que conduzem à corrupção.
Re: Sabia que ser corrupto é como ter mau hálito? É o Papa que o diz
hocosi escreveu:
Dizes bem. "Limpá-la por dentro". Uma fruta podre, por muito que se limpe! "Tentem", também dizes bem. O que vale são as intenções, não é?
digas o que disseres, se os membros de uma determinada instituição olham para ela mesma com sentido critico isso é extremamente positivo
e qualquer pessoa pode fazer isso mesmo olhando para as sua própria familia, analisando o que está mal. Se fizessem isso não haveria tantos divórcios e etc...
e se não forem casados, também podem olhar para dentro do seu próprio "templo" e ver se tem algo de mal, ou sujo
é um acto de louvar, um exemplo
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Re: Sabia que ser corrupto é como ter mau hálito? É o Papa que o diz
TJ Curioso escreveu:
Se isto não é pecado, então não sei o que mais possa ser.
o papa falou em modo figurado, claro que é pecado, mas é um pecado entranhado, é como se a própria pessoa fosse a personificação do pecado. Pode-se mudar a água em vinho ?! é tipo isso
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