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Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos.

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Mensagem por Agnostic Dom Dez 08 2013, 20:17

Descobri esta frase um dia destes. Não sei porquê (ou se calhar... sei) bateu-me. Não me sai da mona. Pode ser que encaixe em mais alguem. Fica aqui:

Quanto mais esclarecidos nos tornamos, mais se torna impossível sermos correspondidos por qualquer outra pessoa em qualquer lugar.
Quanto mais aprendemos, mais devemos concluir que é melhor vivermos sozinhos.
Richard Bach - "A ponte para o sempre"

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Mensagem por Filino Rupro Ter Dez 10 2013, 12:44

Salomão também escreveu algo semelhante no Eclesiastes:
"Quem incrementa o conhecimento, incrementa a dor!"
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Mensagem por Sara Mel Ter Dez 10 2013, 16:52

TJ Curioso escreveu:Homenagem a Madiba
ROBERTO CARNEIRO

O mundo chora a morte de Nelson Mandela, Madiba, na designação afetiva sul-africana, o prisioneiro 46.664 de Robben Island, na nomenclatura fria do cativeiro que ele suportou estoicamente durante mais de 26 anos.

O Nobel da Paz em 1993, Presidente da República Sul-Africana entre 1994 e1999, Mandela representa aos olhos de todos nós o último dos grandes estadistas do século XX, o verdadeiro Homem de Estado portador de uma envergadura moral admirável.

De Madiba guardo recordações pessoais intensas.

Mas estas não vêm ao caso, num momento de dor intensa da humanidade, na hora de uma perda irreparável que se vinha adivinhando nos últimos meses, pela luta desigual que Madiba vinha conduzindo contra a doença que o fragilizava, dia após dia, e que inelutavelmente o vergaria....


acabei de ler com lágrimas....
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Mensagem por Agnostic Sex Dez 27 2013, 15:38

Lembrei-me que este post, escrito e publicado no tópico musical, encaixa melhor aqui neste tópico.




Às vezes é no meio do silêncio
Que descubro o amor em teu olhar
É uma pedra
É um grito
Que nasce em qualquer lugar

Às vezes é no meio de tanta gente
Que descubro afinal aquilo que sou
Sou um grito
Ou sou uma pedra
De um altar aonde não estou

Às vezes sou o tempo que tarda em passar
E aquilo em que ninguém quer acreditar

Às vezes sou também
Um sim alegre
Ou um triste não
E troco a minha vida por um dia de ilusão
E troco a minha vida por um dia de ilusão

Às vezes é no meio do silêncio
Que descubro as palavras por dizer
É uma pedra
Ou é um grito
De um amor por acontecer

Às vezes é no meio de tanta gente
Que descubro afinal p'ra onde vou
E esta pedra
E este grito
São a história d'aquilo que sou

Às vezes sou o tempo que tarda em passar
E aquilo em que ninguém quer acreditar

Às vezes sou também
Um sim alegre
Ou um triste não
E troco a minha vida por um dia de ilusão
E troco a minha vida por um dia de ilusão

Às vezes sou o tempo que tarda em passar
E aquilo em que ninguém quer acreditar

Às vezes sou também
Um sim alegre
Ou um triste não
E troco a minha vida por um dia de ilusão
E troco a minha vida por um dia de ilusão

Quando esta canção se deu a conhecer ao mundo, eu era demasiado jovem para compreender estas palavras. Há medida que fui amadurecendo, cada vez que a voltava ouvir mais profundamente as palavras me atingiam. É um poema simples na forma, complexo no conteúdo. Pode ter uma interpretação tão transversal que encaixará, em sentido literal ou figurado, na vida de muita gente. Essa transversalidade, aliada á interpretação sincera, despida de artificios da sua escritora, compositora e interprete, tornou-a umas das canções mais impactantes da minha singela existência.
Nele identificamos o encanto que existe em momentos de silêncio presos no olhar da pessoa certa, da solidão e a introspecção no meio da multidão, a crise de identificação com a normalidade do meio que nos rodeia, e a subsequente descoberta de que aquela normalidade não é nossa, não é o nosso caminho, e a dualidade emocional, a desilusão com a realidade e a busca da quimera da felicidade num dia, um unico dia de ilusão, por troca de tudo o que vivemos até então. Entre o tempo que tarda em passar, e aquilo em que ninguem quer acreditar, estou, e estive, algumas vezes eu, e tu, que lês estas palavras. Em particular, tu que estás ou vens a este fórum e que estás, ou estiveste, dentro de uma normalidade que não era a tua, em que te sentiste só no meio de uma multidão (na reunião, no congresso), eu que o tempo tardava em passar, em que não podias dizer do que te ia na alma porque ninguem te iria acreditar, tu que te sentiste, ou sentes, pedra ou grito de outro altar, que não aquele. Ás vezes, é no meio do silencio que irás encontrar as palavras por dizer. E ás vezes, é no meio de tanta gente que encontrarás o teu caminho, aquilo que és, e não aquilo que os outros querem que sejas.

Lê este poema, ouve esta canção várias vezes. Provavelmente, cada vez que a voltares a ouvir, descobrirás mais um pequeno nada, que acrescentará muito a quem tu és.

A minha canção preferida de todas as que ganharam o Festival da canção:



.

.
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Mensagem por mjp Ter Jan 07 2014, 20:24

Em tempos quis o mundo inteiro.
Era criança e havia amar.
Hoje sou lúcido e estrangeiro.
(Acabarei por não pensar.)

A quem o mundo não bastava.
(Porque depois não bastaria).
E a alma era um céu, e havia lava
Dos vulcões do que eu não sabia.

Basta hoje o dia não ser feio.
Haver brisa que em sombras flui,
Nem se perder de todo o enleio
De ter sido quem nunca fui.

Fernando Pessoa, 28-5-1930
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Mensagem por mjp Ter Jan 07 2014, 20:34

Filino Rupro escreveu:Salomão também escreveu algo semelhante no Eclesiastes:
"Quem incrementa o conhecimento, incrementa a dor!"

Era esperto, esse tal Salomão.

Mas com tanta mulher para se entreter, para que raio precisava ele de outros conhecimentos?... Que eu saiba, livros sobre sexo não estavam disponíveis nas livrarias da altura e, deixem-se de histórias... há matérias para as quais a prática é tudo! Ou será que achas que a revolução sexual só começou com a invenção da pílula? Bem, para as mulheres talvez... (mas não acredito muito nisso    Wink  )
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Mensagem por mjp Ter Jan 14 2014, 09:54

"Antes antipático do que falso. Afinal o que é ser simpático? Fingir que gosta de todo o mundo? Então meu caro, se eu não for com a sua cara não conte com a minha simpatia. Chega de confundir falsidade com educação. "

Dr. House - Frases do personagem protagonista da série House

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Mensagem por mjp Sex Jan 31 2014, 03:26

E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. Aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. E aprende que, não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam.

William Shakespeare
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Mensagem por mjp Seg Fev 10 2014, 12:27

A dor que a minha alma sente...
Não a saiba toda a gente...
Que estranho caso de amor...
Que desejado tormento...

Que venha a ser avarento,
Das dores da minha dor!

Por me não tratar pior,
Se sabe ou se sente, não a digo a toda a gente!

Minha dor e a causa dela.
A ninguém ouso falar.

Que seria aventurar,
A perder-me ou perde-la,
Pois só em padece-la a minha alma está contente.

Viva no peito escondida... Dentro da alma sepultada...
Ou me mate... Ou me dê vida...
Ou viva eu triste ou contente,
Não quero que saiba a gente!


Luiz Vaz de Camões

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São como o fogo que arde,
Os grilhões que a ti me atam…
Quando do teu beijo, sou escravo,
E são os teus, os braços que me enlaçam.

E nos teus lábios, que em mim saram,
Na alma, todas as feridas.
É no coração que afagam,
Dores profundas, não esquecidas.

E quando só a ti me entrego,
Num momento de loucura,
Sinto que me encontro e me perco…

É pecado sem redenção,
Em ti só, encontrar cura…
Muito para além de perdão…
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Mensagem por mjp Sex Fev 21 2014, 23:49

Peter Sloterdijk

Ensaio sobre a intoxicação voluntária.

Um diálogo com Carlos Oliveira, ed.
Fenda, Lisboa, 2001
NOTA PRÉVIA:
Os excertos que se seguem tiveram como objectivo a preparação de aulas e também a
redacção de um artigo. Reflectem, portanto, a minha leitura pessoal desta obra de
Sloterdijk. Os itálicos e negritos são igualmente da minha iniciativa e pretendem
destacar passagens (aos meus olhos) particularmente interessantes. Os itálicos do autor
encontram-se devidamente assinalados.

Pág. 11: “Indivíduos-designers (…), a experimentação sobre si mesmo é um conceito indispensável se quisermos explicar porque não esgotamos o individualismo moderno no único conceito fundamental de conservação de si (…). Vivemos como se quiséssemos exprimir a nossa fé nesta frase: o mundo é tudo aquilo com que experimentamos até à fractura” (itálicos nossos)

Pág. 12: “Repetimos hoje, num código não teológico, os elementos que já foram antes experimentados na
mística cristã – mais frequentemente na linguagem da experiência intensificada de si, do êxtase, ou seja,
da civilização do vivido. Pode resumir-se este fenómeno numa formula: conservação de si mais
experimentação sobre si é igual a intensificação de si mesmo (…), este culto da velocidade sem limites,
esta tendência absoluta para a intensificação em todas as coisas”. (itálicos nossos)
Pág. 12: “O processo do mundo, nos seu conjunto, tem muitos mais pontos comuns com uma ‘party ‘ de
suicidários de grande escala do que com uma organização de seres racionais que visem a sua autoconservação”.
(itálicos nossos)

Pág. 13: “O indivíduo típico das classes médias ocidentais e modernas é um experimentador. O mito
analítico sobre o qual se fundam globalmente os tempos modernos apropria-se, a partir do século XX, de
toda a sociedade burguesa até nas suas formas de vida quotidiana, a começar pelas comunas e da futura
boémia, onde se fazem experiências sobre as relações e os estilos de expressão (…). Assim se inicia uma
experimentação existencial total que não pára de arranhar os homens dos tempos modernos porque nos
encontramos, de repente, face à dramática ausência de todo um património de convicções, opiniões e
dogmas utilizáveis (…). A análise faz do desconforto um princípio; de aqui para a frente é necessário
dirigirmo-nos para a inovação permanente. É nestes carris experimentais que se movem, cada vez a
maior velocidade, as pessoas dos séculos XIX e XX”. (itálicos nossos)

Pág. 17: “Por detrás de todas as figuras está o vazio – ele anula as formas e as ficções (…). Do ponto de
vista da história da arte, isto lembra o famigerado “Quadrado Preto” que Malevitch destilou como última
forma de redução do mundo das imagens (…). Malevitch também mostrou que pode ser quadrado,
triangular (…) ou ser completamente informe: o único ponto decisivo é que este monócromo interno
mostre nada, que seja um ecrã vazio. É um Negro vazio, Redondo ou quadrado, e sou eu, ou melhor, o eu
frente ao eu, um simples fundo sem figura, ecrã sem texto. Esta é a minha tese: a cultura experimental
não pode produzir senão esta posição final quase budista – toda a profundidade é superficial, todo o
conteúdo é forma”. (itálico do autor)
Pág. 22: “O ‘último homem’ é o consumidor místico, o integral utilizador do mundo – é portanto um
indivíduo que não se reproduz mas que, pelo contrário, goza de si mesmo como um estado final de
evolução (…). Na perspectiva da história das religiões, poderíamos considerar os cultos actuais do eu
como um eco da devotio moderna (itálico do autor) dos séculos XIV e XV – era uma espécie de mística
burguesa pré-protestante nas cidades mercantis do noroeste da Europa. Tanto num caso como noutro tratase
de egoístas sofisticados que sentem um arrebatamento religioso com a ideia da sua própria existência
(…). Observa-se assim toda a espécie de vocações numa população laica, vocações para uma vida
panteísta isolada. Vocações para levar uma existência quase monacal, extática, gozando de si própria, na
qual o indivíduo, consumidor final da sua sorte existencial, vadia pelas avenidas, acocora-se no seu
apartamento com água mineral e Ecstasy e faz passear os olhos num Carnaval permanente de imagens.
Este é o tipo de ‘single’. Parece-me que aqui entra em cena um tipo humano de figura secular que
conhecemos muito bem da história das religiões”. (itálicos nossos)

Pág. 24: “O contemporâneo típico é o ‘último homem’ que parodia o monasticismo”.

Pág. 35/6: “A teoria moderna significa o trabalho do conceito, enquanto a teoria antiga significava a
visão (…), grande panorama, voo livre das almas (…), a felicidade das grandes visões (…). O essencial
da filosofia clássica era a iniciação à jovialidade (…) . O que significa então a jovialidade? Como o nome
indica refere-se a uma qualidade do pai dos deuses, Zeus , ou Jovis (…) Descrevo uma coisa
inelutavelmente perdida, uma alma inacessível aos modernos (…). Se continuarmos hoje em dia a
querer apresentar a filosofia como uma coisa que diverte e eleva – dito de outra maneira: se tivermos a
leveza de espírito de querer renovar as promessas edificantes da tradição clássica – só poderíamos fazê-lo
invocando o factor jovialidade (…). Pensar no século XX não é observar uma totalidade do cosmos mas
pensar uma explosão. Por isso é impossível aos intelectuais que filosofam serem joviais. Não existe uma
teoria das explosões. Podemos procurar os índices, podemos inspeccionar o local do acidente – o século
XX - podemos rever a cadeia de índices do passado, fazer suposições sobre o modo como vai prosseguir a
catástrofe, sondar as expectativas de vida. Mas todo o trabalho de diagnóstico da época consiste
exclusivamente neste tipo de operações. Podem ser fascinantes, mas não têm nada a ver com teoria
jovial”. (itálicos nossos)

Pág. 46: “ Muitos factores indicam que deixámos o espaço das revoluções políticas para entrarmos no
tempo das revoluções técnicas e mentais (…). O revolucionário de hoje é o designer ou o consultor de
tendências (…), no lugar da ‘Revolução’ existem as ‘trends’, correntes múltiplas com as suas inversões e
ramificações – é preciso lançá-las, canalizá-las e interpretá-las, o que constitui um trabalho completamente
diferente do da hermenêutica clássica da revolução de esquerda”. (itálicos nossos)

Pág. 48: “De um só golpe, surgem os intelectuais diabólicos e param: a revolução já aconteceu, tudo
acabou, mas era noutros lugares, e vocês não o perceberam, de tal modo estavam a celebrar o Advento.
Além disso, confundiram o sujeito da revolução, não é o proletariado, é a técnica – e em todo o mercado,
a grande finança mostra-se mais revolucionária que todos os que acreditavam deter a chave da sua crítica.
E agora? O ar escapa-se, a bolha da espera inflada pela mística esvazia-se. Depois da revolução, ah, já não
importam os decénios, é indiferente o tempo em que se vive quando se vive depois da revolução. Podemos
experimentar o gosto insípido do depois em qualquer altura”. (itálicos nossos)

Pág. 50/51: “A neurose do calendário (…). Os calendários têm uma importância gigantesca porque
modelam o tempo do mundo (…). Quem leia os Evangelhos pensa, ainda que contra si, que este homem
estava bem apressado para subir aos céus. O nosso calendário é o traço formal deste evangelho da
impaciência com o mundo. Por sua culpa, temos todos predisposições apocalípticas, ele pressiona-nos a
trabalharmos em direcção a um fim. O calendário post Christum natum (itálico do autor) é o mais
poderoso anacronismo no mundo moderno. Ele participa indirectamente neste apocalipcismo latente e no
gosto pela catástrofe que se observa no seio das elites ocidentais”. (itálicos nossos)

Pág. 53: “Hiper-política [ou como tu lhe chamas, uma política das profundezas]”. (itálicos nossos)

Pág. 62: “Ao olharmo-nos a nós próprios é outra coisa que surge, uma terceira experiência. Não é a
sociologia, não é o vazio, mas um contexto esférico (…). A terceira experiência é a conversação, o
divertimento, dito de outra maneira, o que nos ocupa no momento e nos mantém em expectativa (…).
Divertimento, tudo o que nos conduz a tensões, a tomadas de posição que nos fazem sair do nosso próprio
vazio para nos levar a espaços que partilhamos com as coisas e com as pessoas. O trabalho, o combate, o
amor, o diálogo: estas são as formas principais do êxtase que diverte (…). O contrário de divertimento não
é tédio. O contrário de divertimento é a morte”. (itálicos nossos)

Pág. 64: “Os homens ditos atomizados não são autistas mas radicais livres que seleccionam os seus
parceiros átomos e as suas moléculas preferidas. O que há de magnífico nesta redução moderna ao átomo
individual livre é que, depois dela, já não resta nada das ligações e dos agregados funestos criados pelas
tradições e quimeras de ontem (…). Mas todas as energias sintéticas são por isso postas fora de
circuito? Já não é possível nenhuma coesão das partículas? Já não há mais poesia, mais instituições?
Tudo o que era composição, sintagmas, deve ser riscado? Na realidade estamos no ponto em que todas as
formas compostas parecem ser desconstrutíveis, decompomo-las até ao nível do neutrão. Isto é válido
para a matéria física, para as sociedades e para o tecido simbólico, os textos e os rituais. Mas o que é que
isso quer dizer? Reconstruímo-nos após a análise e gozamos de uma espécie de poesia, a poesia da
reorganização, uma poesia do projecto existencial conseguido de novo e repetido com um suplemento de
liberdade (…). Após a passagem pelo túnel analítico são de novo possíveis formas sintéticas mais livres,
formas de vida dotadas de um acréscimo de poesia e de liberdade de acção”. (itálicos nossos)

Pág. 94: “Os redentores não fizeram mais que preparar-nos de diferentes maneiras para a liberdade. Trata-se
de fazer acreditar que a esperámos. É o sentido de todas estas simulações. Lá, onde termina a história
das religiões, começa a história do design (…). Agora que todas as histórias de libertação chegaram ao
fim, (os novos nómadas) são apenas pessoas condenadas a simular a soberania – é esta a situação”.

Pág. 98/99 (Sobre Niklas Luhmann): “Os idealismos surgem quando os pensadores acreditam ter
encontrado qualquer coisa que lhes poupe a coexistência com os outros”.

Pág. 116/7: “Os novos maníacos da conexão (…). A revolução do aligeiramento passa pelo monitor. Em
consequência, todos os fazedores de tendências estariam hoje virados para a esquerda (…). A nova
esquerda são os chefes de empresa à procura de uma sociedade suficientemente moderna para os
produtos deles (…). Hoje em dia, o conjunto do mundo económico é percorrido por uma só
mensagem: temos de estar preparados para a transformação em todos os domínios e rapidamente. É
retórica revolucionária em estado puro saída agora da boca de managers, de conselheiros, de
designers. A guerra mundial que acontece a nível profundo entre o leve e o pesado sofre a sua escalada
numa nova fase e as frentes tradicionais invertem-se em numerosos pontos. A antiga direita segue sobre o
ligeiro e variável e algumas pessoas da esquerda antiga descobrem o campo do peso – é o que imprime a
rotação ao turbilhão actual”.

Pág. 117: “ À nossa frente está uma era em que a diferença entre vencedores e perdedores surge de novo
com uma dureza antiga e uma crueza pré-cristã (…). Estamos aqui no terreno dos factos morais e dos
sistemas. As duas questões decisivas: que nível de moral podem os grandes sistemas afixar? Que
quantidades de auto-contradições podem as sociedades modernas de consumo e de direitos do
homem absorver?”.
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Mensagem por mjp Dom Mar 02 2014, 12:51

Vida moderna
Mafalda
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Às vezes me pergunto se a vida moderna não tem mais de moderna do que de vida.


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Mensagem por mjp Sex Mar 07 2014, 23:43

É a medo que escrevo. A medo penso,
A medo sofro e empreendo e calo.
A medo peso os termos quando falo.
A medo me renego, me convenço.

A medo amo. A medo me pertenço.
A medo repouso no intervalo
De outros medos. A medo é que resvalo
O corpo escrutador, inquieto, tenso.

A medo durmo. A medo acordo. A medo
Invento. A medo passo, a medo fico.
A medo meço o pobre, meço o rico.

A medo guardo confissão, segredo,
Dúvida, fé. A medo. A medo tudo.
Que já me querem cego, surdo e mudo.

José Cutileiro, “Os medos” in Versos da mão esquerda, 1961.
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Mensagem por António Madaleno Sex Mar 14 2014, 10:34

«A morte é, do ponto de vista humano, a mais radical experiência de solidão, mesmo que os outros estejam à nossa volta. E só Ele, o Senhor, pode vencer essa solidão, anunciar a vitória definitiva sobre a solidão humana. É para nós um grande mistério, mas a experiência crente, ao longo dos séculos, deixa-nos clareiras de esperança para acreditarmos que esse momento é um momento de grande júbilo e, só podemos dizer: ai daqueles que nesse momento derradeiro, negam esse encontro com Deus!»

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Mensagem por mjp Qua Mar 19 2014, 16:55

Olá, Pai.

Nem me lembrava que dia era hoje…

E, não fora ter-me sentado numa esplanada para tomar um café e fumar um cigarro a meio da manhã, lembrava-me lá eu do dia do Pai! Continuo o mesmo. Não tenho emenda…

Foi só quando um senhor, já com os seus quase sessenta anos, que se sentara na mesa à minha frente ligou ao pai dele para lhe perguntar o que era o almoço e para lhe enviar um beijo pelo dia do Pai que, confesso-te, senti uma tristeza muito grande a tocar-me no mais fundo da alma.

Sim, Pai, tive um acesso louco de saudades tuas…

Eu lembro-me de ti, sem exagero algum, quase todos os dias, e não passa um aniversário teu que eu não me recorde de ti, como sempre.

Quando te visitei, no hospital, na noite da véspera da tua morte, saí de perto de ti a pensar: “não! Ele vai resistir a mais esta crise. Tenho a certeza que ainda não é desta que se deixa vencer.” Mas, quando na manhã seguinte me telefonaram do hospital para me darem a notícia do teu falecimento, levei ainda alguns minutos a pensar: “não pode ser! Se ele morreu, quem é que me vai continuar a infernizar o juízo pró resto da minha vida? Não pode ser…”

Levantei-me da reunião da empresa e saí sem pedir autorização a ninguém.

- Tenho de fazer uns telefonemas urgentes, já volto.

Telefonei para a mãe que desatou a chorar como se ainda estvesse casada contigo, telefonei para a tua amiga “especial” e dei as minhas ordens, como sempre te vi fazer:  “nem se atrevam a ligar para o Algarve, para a minha avó! Ai de vocês se lhe dão a notícia por telefone! Eu vou já para lá e informo-a. Funeral? Eu tenho sempre tudo controlado! Quando tudo estiver em ordem eu telefono-vos. Atrevam-se a dar algum passo a este respeito sem que eu saiba!”

Como eu gostava de discutir contigo. Lembras-te? Nunca tinhas razão… mas eu sabia que no fundo tu tinha-la sempre toda.

- O quê? Perguntas-me um dia como quem vai fazer um interrogatório policial: "Testemunha de Jeová?  Mas tu enlouqueceste de vez, ó quê ? Estás parvo? Mas eu eduquei-te para seres um homem ou para seres um carneiro? Ovelhinha!... Tem mas é vergonha na cara!"

Fiquei a ferver, ia-te responder à letra, mas depois pensei: “tenho de respeitar o meu Pai! Tenho de lhe mostrar que agora sou outra pessoa… “

Oh, mas que grande imbecil que eu fui! Mas que grande cretino!

Estás satisfeito, agora? Já dei um pontapé no “sim senhor” daquela seita e, sabes que mais? Só não o havia feito há mais tempo para não te dar o braço a torcer!

Mas tu foste inexcedível naqueles dias antes do Marcos nascer e com a Rosa a penar por uma cesariana que médico algum se atrevia a fazer por causa da declaração médica de isenção de responsabilidade, em relação ao sangue.
O que tu não sabias é que eu já havia dito à Rosa que se estivesse nas tintas para o papel e que acontecesse o que acontecesse, eu assumia a responsabilidade na congregação se ela decidisse levar a transfusão. Mais: eu aconselhei-a o mais que pude para que ela informasse os médicos da sua mudança de posição.

Mas ela também era teimosinha… como tu tanto gostavas!

E sabes o que ela me disse quando nos divorciámos? Pois bem, disse: “se o meu sogro fosse vivo, tu não saías de casa.” Engraçado, Pai! Ela não disse: “se o teu Pai fosse vivo!” Ela disse: “se o meu sogro fosse vivo!” Talvez tivesse tido razão. Eras capaz de me ter mandado um daqueles berros que, das duas uma: ou ficávamos mais uns meses sem nos falarmos ou tinhas arranjado maneira de termos resolvido os assuntos que nos distanciavam na altura.
Satisfeito? Pois. Tinhas ali uma enorme amiga, como sabes, que te retribuía ao pormenor toda a admiração que tu tinhas por ela!

Ainda me lembro da tua cara de gozo quando apareceu no hospital aquele palhaço da comissão hospitalar, com um casaco de tweed  castanho aos quadrados, calças de bombazina grená e uma gravata às riscas!

- É este o palhaço que vem falar com os médicos?... perguntaste , fazendo questão que o palhaço  ouvisse, embora fazendo de conta que não era para ele ouvir.

- Pois parece que sim… respondi, já muitíssimo mais envergonhado que no dia em que me apanhaste a roubar rebuçados da loja da bisavó!

Maldita sina, praguejei para dentro! Estes senhores não têm mesmo a mínima ideia da figura ridícula que fazem. Raios! É que nem combinar umas calças com um casaco e uma gravata conseguem…
Percebi que o gajo não ia adiantar de nada. Nem pelas calças nem pelo cu, muito menos ainda pela forma como estava preparado para falar…

- Estava a ver que não o despachavas! Mas ouve lá! Tu não andas a fazer figuras destas, pois não?

- Não, Pai. Está descansado! Ainda não me esqueci de como se combinam algumas peças de vestuário!

Passei-me da cabeça! Mas quis sossegar-te o espírito!

- Vais ver que vai correr tudo bem! Eu sei que vai correr tudo bem! Só pode correr tudo bem! Podes ter a certeza que vai mesmo correr tudo bem!

Puseste-me o braço sobre o ombro e disseste a coisa mais fantástica que alguma vez me disseste em toda a minha vida: “ se tu dizes que vai correr tudo bem, é porque sabes que vai!”

Foste extraordinário: nem uma crítica, nem uma recriminação, nem uma alusão ao facto de eu andar metido na seita dos imbecis… nem, sequer, ovelhinha! Nada! Nem uma única palavra condenatória ou  uma simples provocação.
Terminado o pesadelo de dois dias e três noites… olhaste para mim e disseste-me: “telefonei à tua Avó a pedir que rezasse uma novena que ela conhece para ajudar em partos difíceis!”

- Fizeste bem! Acho que no teu lugar tinha feito exactamente a mesma coisa!

- Caramba! Já tive o navio debaixo de cachaporra da grossa, no Mar do Norte, com a proa a afocinhar antes da vaga seguinte, com a água a passar por cima da ponte sem deixar ver um palmo à frente do nariz a quem estava na cabine de comando, e nunca me lembrei de pedir para que rezassem…

- É porque estavas habituado…

- Nem tu imaginas!... tiveste sorte, das duas vezes que foste comigo…

- Três! Mas só uma fomos a Liverpool. As outras foram no Mediterrâneo. Bem, vamos telefonar à Avó, e dizer-lhe que está tudo bem. Ela também deve estar aflita.

Tenho saudades tuas Pai.

Saudades de jogarmos à bola, de me ensinares a nadar, a andar de bicicleta, de armar esparrelas, de irmos à pesca e… irra! Que saudades, quando após aquelas nossas discussões de fazer ferver o oceano, íamos tomar um café, como se nada tive acontecido e ficávamos horas esquecidas, simplesmente a conversar sobre a vida…

O Marcos manda-te um beijo.

Eu, não!

Dia do Pai! Tretas.

Que mania esta de se arranjar um dia para dar valor a quem o tem todos os dias, mesmo após a morte!
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Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos. - Página 10 Empty Cansaço

Mensagem por Lady Nikita Sáb Mar 22 2014, 23:24

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Mensagem por António Madaleno Qua Mar 26 2014, 08:50

"Eu ainda não desisti"




Excertos de literatura, Poesias e Pensamentos. - Página 10 WWP 

                                                                                                                                         © Sara Lewkowicz


O texto seguinte é da autoria de Cláudia Coimbra que o disponibilizou para publicação n'A Farmácia de Serviço. Não é comum publicar textos que não sejam assinados por mim ou por um dosfarmacêuticos convidados (aliás, isso ocorreu apenas duas vezes, com este texto da Inês J. Leitão e este texto do Luís Lima), mas a qualidade destas palavras e a pertinênca do tema (além da generosidade da Cláudia) levam-me a fazê-lo. No final deste texto, escrito na primeira pessoa por uma questão de estilo da autora, há um outro texto de explicação da situação que se descreve.

Paulo Farinha
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Hoje soube da sentença. Tive uma espécie de desmaio. Chorei, que é o que sempre acontece quando aqueles minutos se aproximam de mim. Isto parece não passar. A consciência do medo foi algo que se colou à pele para sempre, como se eu não fosse capaz de criar a distância que de preciso - daqueles dias, para a minha vida de agora. Sou obrigada a saltos tremendos ao passado, que me parecem uma condenação. É uma espécie de pagamento pela busca de justiça, de algo que prove que é alcançável o que eu disse na altura aos meus filhos, quando os sentei no jardim e lhes expliquei que teríamos de sair, porque o que se tinha passado não era normal, não poderia nunca ser considerado normal, e que uma janela se tinha aberto e nós teríamos mesmo, mesmo, de saltar por ela e procurar a felicidade. O que eu procuro, na verdade, é uma borracha. Uma borracha que apague tudo, mas sem deixar marcas, porque nós nem as marcas queremos.
Eu sabia que, quando voltasse a encontrá-lo depois do que se passara no dia anterior, haveria uma discussão. Eu estava zangada, que é o que acontece quando as pessoas são manipuladas à exaustão e as deixam à mercê de alternativa nenhuma. Entrei em casa correndo esse risco, de ter de me cruzar com ele e dar-se uma discussão. Mas esperava controlar-me, se ele não acendesse o rastilho. Se na minha ponderação tivesse aparecido a possibilidade de agressão, eu teria entrado sem fazer barulho, vestido as crianças e saído com elas de imediato. Ou talvez nem tivesse entrado em casa. Se eu tive a coragem, foi porque eu não calculei o que se passaria a seguir.

Quando os dois rapazes taparam os ouvidos com as mãos e viraram as caras para a parede, eu já tinha sido mandada contra a parede, as minhas mãos presas pelas dele e as pernas imobilizadas pelo joelho e pela pressão do corpo. Nessa altura eu ainda não tinha feito os cálculos certos e achei só que tinha de o chamar à razão, para desdramatizar o cenário perante os miúdos. Mas ele parecia ter qualquer coisa a provar, qualquer coisa a ver com domínio e poder. Só depois das joelhadas, quando fui arrastada pelos ombros e depois lançada contra a porta que dava para o jardim, é que entendi levemente, ainda muito levemente, a dimensão do que estava para acontecer. É claro que, durante aquela porção de tempo, que eu de facto não consigo precisar, por muito que a juíza me pressione no sentido de conseguir uma avaliação do tempo decorrido, como se essa fosse a prova irrefutável de eu não estar a mentir nos meus depoimentos, houve alturas em que tentei defender-me. 

Mas eu estava a defender-me de um homem que tinha a capacidade para mandar um animal de 150 quilos ao chão. Quantos quilos teria eu na altura? A minha filha tinha cerca de 8 meses, o meu corpo, quase recomposto, poderia pesar cerca de 55 quilos. Que hipótese teria eu? Mesmo que eu pudesse juntar aí toda aquela força que nos vem de dentro, quando precisamos de sobreviver, que hipótese teria eu? E depois há também isto: aquele não era um intruso desconhecido, aquele não era um assaltante. Aquele era o homem com quem eu vivia. Era o pai dos meus filhos também. Talvez tenha sido essa incredulidade que não me permitiu salvar-me melhor. Tentei acalmá-lo novamente. Mas nessa altura ele já estava em cima de mim, no chão, as chapadas na cabeça sucediam-se, a pressão no corpo era esgotante. Foi quando alguém entrou no quarto e levou as crianças. Para longe dali. Mas não voltou para me levar a mim. E eu fiquei. Ninguém se envolve. 

A questão do peso que eu tinha tornou-se importante, como naquele título, A Insustentável Leveza do Ser. Porque eu ponderei a morte. Houve um momento, quase absurdo, em que lembrei das palavras de um médico a olhar para uma radiografia minha e a dizer ‘nunca tinha visto umas costelas tão frágeis’. Hoje pergunto se ele só não teria mais nada a dizer dos meus exames clínicos, porque eu sobrevivi. Nenhuma costela partiu. Não houve órgãos perfurados. Não morri fisicamente. Mas afastei-me da única forma que me foi possível. Desliguei a consciência da dor e aceitei o que pudesse acontecer. Eu ter-me tornado imaterial, contudo, enfureceu-o mais. Para além da pressão física, recordo os gritos dele a chamarem-me ‘fiteira’.

Tudo o que aparece após este espaço de tempo, ocorrido naquela manhã, está enevoado. Tenho flashes de memória, como se tivesse levado uma máquina fotográfica e, de tempos a tempos, me lembrasse de carregar no botão. Havia uma confusão mental entre o que eu tinha de fazer e a necessidade de me recolher a um qualquer local. Algumas ideias pareciam muito claras: as crianças teriam de ser retiradas daquele cenário rapidamente, uma queixa na polícia local iria expor os meus sogros a uma humilhação pública.

As crianças foram retiradas. A queixa foi feita duas semanas depois, numa outra terra. Mas nunca consegui justiça.

Os recursos sucedem-se. E eu ainda não desisti.

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------


Naquele dia, de manhã muito cedo, a Sara tinha levado a filha Marta, de 8 meses, porque ainda a amamentava. Mas precisava de preparar umas coisas numa casa que tinham a cerca de 200 metros daquela onde viviam. Os dois filhos mais velhos, Miguel e Vasco, de 6 e 7 anos, tinham ficado em casa a dormir, com o pai e a sobrinha deste. Quando voltou a meio da manhã para acordar as duas crianças e as preparar para saírem, a bebé ficou com uma empregada na outra casa. Foi a sobrinha, com 20 anos na altura, que entrou no quarto muito provavelmente porque ouviu os gritos e levou as crianças para o jardim.

A Sara foi vista logo após o acto de violência pela empregada que ficou com a pequena Marta. Foi ainda vista pela mãe, por uma amiga da família e uma ex-cunhada. A Sara conseguiu que o marido e a sobrinha dele fossem dormir em casa da sogra durante duas semanas, para não sair de casa abruptamente com as crianças, e para que estas pudessem acabar o ano lectivo. 

A queixa foi feita duas semanas depois, já em casa da mãe, em Lisboa, porque o marido voltou para a casa onde moravam e ela não se sentia segura para continuar a coabitar com ele.

Todas as pessoas que estiveram com a Sara após a cena de violência prestaram depoimentos na polícia. O filho mais velho depôs como testemunha em audiência de tribunal. A sobrinha do marido nunca foi chamada a testemunhar. 

Em tribunal não se provou, apesar das testemunhas, que tivesse ocorrido crime. O juiz teve em consideração depoimentos de pessoas que nem estiveram no local nesse dia. Foi necessário pedir dois recursos para que se desse novo julgamento. 

O marido de Sara voltou a ser ilibado. 

A Sara, que, com o divórcio perdeu a morada de família , apesar dos menores a seu cargo, ficou também desempregada. Debate-se em tribunal há cinco anos com questões patrimoniais e com o acto de violência doméstica de que foi vítima. O seu advogado apresentou novamente alegações para pedir o terceiro recurso à decisão tomada. O caso deu-se em Junho de 2009.

Cláudia Coimbra
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Formada em Psicologia, Cláudia Coimbra trabalhou durante vários anos na área de desenvolvimento infantil, acompanhando também problemáticas ligadas à adolescência, em contexto escolar. Escreveu, enquanto colaboradora, artigos para as revistas 'Evasões' e 'Elle'.

NOTA: A fotografia no topo faz parte da reportagem sobre violência doméstica, publicada na revista 'Time', com que a fotógrafa norte-americana Sara Lewkowicz venceu a categoria 'Temas Contemporâneos' da edição 2013 do World Press Photo. 


http://afarmaciadeservico.clix.pt/2014/03/eu-ainda-nao-desisti.html
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Mensagem por mjp Qua Abr 02 2014, 12:17

Do disparate e seus direitos

"Não concordo com nada do que você diz, mas lutarei até à morte pelo seu direito a dizê-lo" (Atribuído a Voltaire, mas certamente, e como quase sempre acontece nestas citações, apócrifo).

Já não há pachorra para ouvir dizer que "Saramago tem todo o direito de dizer o que quiser." Bolas, já toda a gente ouviu isso, e toda a gente sabe isso.

Vamos lá a ver: quando eu digo que o sr. Saramago, ou quem quer que seja, diz imensos disparates, não estou a negar o seu direito a dizê-los. Estou apenas a fazer uso desse mesmo direito - o direito de dizer que o sr. Saramago, ou quem quer que seja, diz imensos disparates. É o meu direito de opinião, é a minha liberdade de expressão.

Manifestar o desejo de que Saramago se cale não é o mesmo que manifestar o desejo de que Saramago seja calado. Pedir a alguém que se cale não é o mesmo que calá-lo. Eu tenho o direito de pedir a alguém que não diga disparates. Não tenho o direito de pedir que esse alguém seja impedido de dizer disparates.

É uma pequena diferença que faz toda a diferença.

Mas que é geralmente ignorada nos debates deste género, em que se faz uso e abuso desse irritante artifício dialético de confundir a contestação dos disparates com a negação do direito a dizê-los - acabando assim por negar o direito de expressão a quem os contesta.

É um jogo de espelhos que tem sido muito evidente nos últimos dias, com toda a gente a acusar o outro de "reflexos persecutórios", "tendências inquisitoriais" e coisas do género. Toda a gente adora fazer-se de vítima. Mas toda a gente acaba por ceder ao impulso do carrasco.
http://janela48.blogspot.pt/2009/10/do-disparate-e-seus-direitos.html

Tenho dito

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Mensagem por mjp Dom Abr 06 2014, 00:56

Quando apoiada, a coragem nasce até mesmo naqueles que são muito covardes.
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Mensagem por hocosi Dom Abr 06 2014, 11:40

Você nunca vê animais fazendo as absurdas, e às vezes horríveis, enganações da mágica e da religião. Apenas o homem se comporta com tal enganação gratuita. Esse é o preço que ele tem que pagar por ser inteligente, mas não, porém, inteligente o suficiente.

Aldous Huxley
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Mensagem por António Madaleno Dom Abr 06 2014, 23:46

Não te apaixones

Não te apaixones por uma mulher que lê, por uma mulher que tem sentimentos, por uma mulher que escreve. Não te apaixones por uma mulher culta, delirante, louca.

Não te apaixones por uma mulher que pensa, que sabe o que sabe e também sabe voar, uma mulher confiante em si mesma. Não te apaixones por uma mulher que ri ou chora quando faz amor, que sabe transformar a carne em espírito; e muito menos te apaixones por uma mulher que ama poesia (estas são as mais perigosas), ou que fica meia hora contemplando uma pintura e não é capaz de viver sem música.

Não te apaixones por uma mulher que está interessada em política, que é rebelde e sente um enorme horror pelas injustiças. Não te apaixones por uma mulher que não gosta de assistir televisão. Nem de uma mulher que é bonita, mas, que não se importa com as características de seu rosto e de seu corpo.

Não te apaixones por uma mulher intensa, brincalhona, lúcida e irreverente. Não queiras te apaixonar por uma mulher assim. Porque quando te apaixonares por uma mulher como esta, se ela vai ficar contigo ou não, se ela te ama ou não, de uma mulher assim, jamais conseguirás ficar livre.

(Martha Rivera Garrido – Poeta Dominicana)
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Mensagem por Kristy123 Seg Abr 07 2014, 11:18

pois é, bébé
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Mensagem por Sara Mel Seg Abr 07 2014, 21:10

TJ Curioso escreveu:Não te apaixones

Não te apaixones por uma mulher que lê, por uma mulher que tem sentimentos, por uma mulher que escreve. Não te apaixones por uma mulher culta, delirante, louca.

Não te apaixones por uma mulher que pensa, que sabe o que sabe e também sabe voar, uma mulher confiante em si mesma. Não te apaixones por uma mulher que ri ou chora quando faz amor, que sabe transformar a carne em espírito; e muito menos te apaixones por uma mulher que ama poesia (estas são as mais perigosas), ou que fica meia hora contemplando uma pintura e não é capaz de viver sem música.

Não te apaixones por uma mulher que está interessada em política, que é rebelde e sente um enorme horror pelas injustiças. Não te apaixones por uma mulher que não gosta de assistir televisão. Nem de uma mulher que é bonita, mas, que não se importa com as características de seu rosto e de seu corpo.

Não te apaixones por uma mulher intensa, brincalhona, lúcida e irreverente. Não queiras te apaixonar por uma mulher assim. Porque quando te apaixonares por uma mulher como esta, se ela vai ficar contigo ou não, se ela te ama ou não, de uma mulher assim, jamais conseguirás ficar livre.

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vá não se apaixonem por mim, ok? quem avisa..... Morrer a rir Morrer a rir Morrer a rir Morrer a rir Morrer a rir 
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Mensagem por António Madaleno Seg Abr 07 2014, 21:35

Convencida...  Morrer a rir 
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Mensagem por Sara Mel Seg Abr 07 2014, 22:04

TJ Curioso escreveu:Convencida...  Morrer a rir 

absolutamente nada! apenas e só realista!  Morrer a rir Morrer a rir  há que conhecer a nossa alma Smile Laughing 
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Mensagem por mjp Ter Abr 08 2014, 10:47

Not about anyone in particular...  Morrer a rir  Morrer a rir  Morrer a rir 

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